segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Como consegue um homem desviar 50 mil milhões de dólares…..

Bernard Madoff, 70 anos, norte americano, antigo presidente do mercado de valores Nasdaq era um respeitável homem de negócios. Começou com a sua empresa Bernard L. Madoff Investment Securities LLC em 1960 dirigindo-a até 11 de Desembro de 2008. Madoff é acusado de estar por trás de um esquema multimilionário e fraudulento que causou perdas a bancos e privados de todo o mundo no valor de 50 mil milhões de dólares.
A credibilidade de Bernard Madoff, como gestor de fundos, pelas posições que havia ocupado e pelo círculo social em que se movimentava, atraía grandes nomes que por si só atraiam novos investidores, arrastando assim a sua influência a bancos, hedge founds e mesmo organizações beneficentes o que lhe permitiu implementar um esquema em pirâmide baseado no desenvolvido por Ponzi. Assim, as empresas eram atraídas a investir com rendibilidade garantida e taxas de remuneração muito elevadas que rondavam os 10% ao ano. Madoff usava o dinheiro dos novos investidores para pagar a clientes antigos que pretendiam resgatar os fundos investidos uma vez que os rendimentos não eram entregues aos investidores, ou seja, estes apenas acreditavam que o capital investido e os lucros estava lá e acompanhavam o seu crescimento. O dinheiro era apenas manuseado de uns clientes para outros não havendo criação de riqueza efectiva com investimentos financeiros, obrigacionistas ou quaisquer outros.
Ora, num contexto de crise financeira, económica e sobretudo de confiança, e tendo em conta a retracção dos mercados de crédito e a falta de liquidez dos bancos, o número de resgates dos fundos investidos na Madoff Investments Securities aumentou levando-a ao colapso.
Devemos então pôr em questão por que motivo não agiu a SEC (Security Exchange Commission) quando esta empresa oferecia aos seus associados lucros muito elevados e anunciando segurança nos seus investimentos. Ora desconhecendo-se a sua proveniência (dos lucros), a situação que já havia sido posta em causa há dez anos devia ter sido averiguada e leva-nos a colocar em questão todo um sistema financeiro baseado em “estratégias de negócio” pouco claras que conduziram à falência grandes bancos e seguradoras mundiais. Esta situação em conjunto com tantas outras anunciadas nos últimos tempos leva-me a pôr em causa até que ponto é robusto o sistema financeiro mundial e até que ponto estão as nossas poupanças em segurança.
Ainda não está claro quantas pessoas estarão envolvidas no esquema fraudulento e exactamente qual os valores em causa, no entanto são muitos os bancos, privados e instituições lesados. Até ao momento os portugueses Millenium, BCP, Banif, BPI e Banco Popular anunciam estar afastados directa ou indirectamente da situação fraudulenta, no entanto, segundo o Banco de Portugal existe por parte dos clientes do Santander Totta uma exposição directa de 16 milhões de euros relativos aos produtos vendidos pelas empresas Madoff. Este valor está longe dos 50 mil milhões de dólares anunciado, no entanto pode colocar em risco os pequenos investidores deste cantinho à beira mar plantado.

Carlos Cerqueira
(artigo de opinião)

Professores Vs Ministra

Nos últimos meses, o país tem assistido a um diferendo entre os professores do ensino obrigatório, representados pelos respectivos sindicatos, do qual se destaca Mário Nogueira, líder sindical da FENPROF, e o governo, cuja face mais visível desta batalha é a actual Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
Estas posições antagónicas resultam da tentativa de implementação de um modelo de avaliação dos professores por parte do executivo, com o qual aqueles não estão de acordo.
As tentativas de diálogo têm se revelado infrutíferas. Porque nenhuma das partes tem tido a capacidade de ceder um milímetro que seja. Se por um lado temos a Ministra, que parece fazer ouvidos moucos às críticas, a defender este modelo como sendo o único possível de executar, já os sindicatos só aceitam como base de negociação uma suspensão imediata do mesmo. Argumentando mesmo que ou a Ministra tem a capacidade de suspender o modelo, ou deve demitir-se.
Sem colocar em causa a eficácia ou não do plano, esta luta parece tornar-se cada vez mais uma questão de teimosia de ambas as facções. Isto porque, após o anúncio da simplificação e algumas alterações ao modelo por parte da Ministra, dos quais faziam parte algumas reivindicações dos professores, como seja o facto de avaliados e avaliadores serem da mesma área, coisa que não acontecia até então, a diminuição da carga horária dos professores com preenchimento de fichas de registo de avaliação, bem como uma significativa diminuição da carga burocrática inerente ao modelo. Estes mantiveram a paralisação marcada para o dia seguinte, que se estima ter atingido uma adesão acima dos 90 por cento, e portanto, uma das maiores de sempre no País.
As opiniões dividem-se, e as que por ventura mais interessariam, como a do Presidente da Republica, não se fazem ouvir. Apelando este apenas ao diálogo entre as partes.
É indiscutível que estamos perante uma questão melindrosa e cuja resolução não se adivinha nada fácil. No entanto, acredito que o executivo não esteja na disposição de prolongar muito mais este diferendo, porque as eleições estão já aí, e esta situação pode custar muitos votos.

Daniel Luis Veiga Gomes
a35010@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)

Piratas do século XXI

Nos últimos meses têm vindo a tornar-se cada vez mais frequentes notícias que dão conta de actos de pirataria nas águas do Golfo do Áden, ao largo da costa da Somália.
Foram já contabilizados mais de 80 sequestros, dos quais se destacam um cargueiro ucraniano carregado com material bélico, o petroleiro saudita, Sirus Star, carregado com 100 milhões de dólares de petróleo bruto, e que se acreditava que os piratas não teriam capacidade para o fazer, e pelo qual pedem um resgate no valor de 25 milhões de dólares.
Recentemente, foi libertado um petroleiro com bandeira liberiana pertencente a uma companhia grega, mediante o pagamento de um resgate, cujo valor não foi anunciado.
Estes factos, levam qualquer cidadão ocidental a questionar-se sobre as razões de tais acções, assim como da possibilidade das mesmas acontecerem em pleno século XXI.
Para tal, devemos olhar para a realidade vivida actualmente na Somália. O país está um caos, a fome e as doenças alastram a cada dia que passa, e as pessoas matam-se por uma porção de comida. É a pobreza levada ao extremo, que faz com que não hajam leis e prosperem actividades corruptas. Das quais se destaca a pirataria, que se estima, este ano tenha um lucro superior a 50 milhões de dólares.
O governo Somali, pela voz do seu primeiro-ministro, Ali Mohammed Ghedi, afirmou já não ter capacidade para controlar estas actividades, pedindo mesmo a intervenção da ONU, através da colocação de capacetes azuis na zona de conflito.
Coloca-se então a questão sobre quem serão os países e/ou organizações que deverão ajudar as autoridades somalis.
A Rússia foi o primeiro país a enviar forças para o local, comprometendo-se a patrulhar o Chifre da África e o Golfo de Aden. Mais recentemente, foi a União Europeia a anunciar o envio de ajuda para o patrulhamento das águas, sem que se conheça ainda a forma que irá tomar a ajuda.
Coloca-se assim a questão sobre de quem deve ser a responsabilidade em situações destas, em que o país que teoricamente devia ter a responsabilidade pelo restabelecimento da normalidade, assume que não tem capacidade para tal.

Daniel Luis Veiga Gomes
a35010@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)

domingo, 21 de dezembro de 2008

CORRIDA CONTRA O “TEMPO”

No período entre 1 e 12 de Dezembro deste ano teve lugar uma conferência em que participam 9000 delegados de 185 países – A Cimeira de Poznan. Este encontro (XIV Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas), na Polónia, tem como objectivo retomar as negociações internacionais para a era pós-Protocolo de Quioto, a partir de 2012. É importante notar, que um ano após o último encontro, a Cimeira de Bali, na Indonésia, quase nenhuns progressos foram feitos e, os que efectivamente se realizaram, decorreram ”a passo de caracol”. Apenas se concretizou um acordo sobre o arranque de um processo negocial, de dois anos, que terminará na Cimeira de Copenhaga, portanto, em 2009.
Após um ano, os progressos decorreram de forma demasiado morosa, não havendo ainda objectivo claros a atingir. De qualquer forma, em Poznan, lançou-se um apelo bastante ambicioso, para estar concluído no final de 2009: um acordo global com o propósito de travar as alterações climáticas.
É pois ambicioso, já que, não existe consenso entre os países, muito menos entre a própria União Europeia a 27, para além do já sabido desleixe dos maiores poluidores, a China e os EUA, que são os exemplos mais gritantes. De qualquer forma, talvez seja desta que a posição dos EUA mude radicalmente (lembremo-nos que fazem parte do lote de países que não ratificaram o Protocolo de Quioto), com agora Barack Obama na presidência.
Com a influência que deve ter, a UE-27 deve tomar e definir uma posição de liderança nas negociações e, como começo, discutiu no mesmo momento da cimeira, um Pacote Energia-Clima. Não obstante, ainda existem arestas para limar. Para a necessária postura comum, não deve haver blocos de países com posições diferentes, refiro-me por exemplo, à Polónia, Alemanha e Itália, os mais críticos. Mas sim uma discussão madura que leve a metas comuns, que acabe por dar frutos e que compila os restantes países para resultados positivos.
Mesmo assim, política é política, e em princípio, nenhum país quererá assumir uma posição definitiva, que será, na sua perspectiva, algo castradora em relação ao seu espaço negocial.
Tudo isto não se resume a uma mera discussão entre países vizinhos ou não. É algo mais importante, e sério. Trata-se de tentar alterar o rumo da história, salvar aquilo que é a base de tudo o que conhecemos. O nosso Planeta.
Sem alterações de comportamento poderão surgir ameaças graves, que arrastarão, tudo, e todos, para um provável cataclismo. Secas de uma intensidade enorme, que afectarão as grandes bacias fluviais e consequentemente a maior parte da população Mundial. Subida do nível das águas que afundarão cidades inteiras. Pandemias de doenças tropicais. E mesmo conflitos armados provocados pela escassez de recursos.
É necessário não dar azo a interesses privados e lutar, mesmo com a agravante da actual crise financeira global. O tempo urge, e deve-se agir no mais curto espaço de tempo. Os alertas estão dados.
Portugal encontra-se neste momento, no top-5 dos países europeus quanto à produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, e tem a 4ª maior empresa do mundo, made in Portugal, neste campo – a EDP Renováveis. Num futuro próximo consolidará essa posição e, esperemos, escalará mais alguns lugares, tanto a nível europeu como mundial.
Vamos dar o exemplo?

João Manuel Nunes Silva
joaonunessilva@netcabo.pt
(artigo de opinião)

(DES)CONFIANÇA

Como ainda não bastava a actual crise financeira, somos brindados com a descoberta de uma mega-fraude, a um nível não menos espectacular.
No final da semana passada um dos mais influentes financeiros de Wall Street, Bernard L. Madoff, que geria fundos há mais de 40 anos, foi detido pelas autoridades federais norte-americanas por alegada fraude, que provocará perdas a inúmeros investidores, a rondar uns exuberantes 38 mil milhões de euros. Dessa extensa lista fazem parte por exemplo o Banco Santander, com cerca de 2.330 milhões de euros nos fundos de Madoff em nome dos seus clientes, a norte-americana Fairfield Greenwich Group que tinha colocado 7.500 milhões de dólares, correspondente a metade dos seus activos, e também a Union Bancaire Priveé (UBP) com perdas que ascenderam aos 851 milhões de dólares, entre muitos outros. Já em Portugal, o impacto é mais “modesto”, com apenas o BES e o Santander Totta a serem afectados indirectamente, somando perdas de 15 e 16 milhões de euros respectivamente.
Madoff, era visto como um homem que subiu na vida por mérito próprio, através da realização de objectivos cada vez maiores e ambiciosos, e que se notabilizou pela sua actividade no mercado financeiro, chegando um dia, a presidente do NASDAQ. A sua reputação bem como a confiança que lhe depositavam os seus clientes, era essencial, e factor-chave, para o sucesso do seu negócio, a Bernard L. Madoff Investment Securities, que operava desde 1960. Cai agora em desgraça depois de conhecido o esquema fraudulento da sua conceituada instituição, um sistema em pirâmide, que consiste em pagar rendimentos elevados, com o dinheiro de novos investidores que vão entrando e não com ganhos efectivos, gerados em aplicações financeiras. Sendo assim, os novos investidores que entram na base alimentam quem está no topo ou nos níveis superiores. O que falhou então? O facto de determinadas instituições, em contexto actual de crise, pedirem o resgate de quantias avultadas, que não estavam disponíveis, mas que serviram para pagar a investidores mais antigos e de grau hierárquico superior na pirâmide, para além, da não menos “nobre” denúncia de um dos filhos de Madoff.
Uma questão que se coloca, é como uma situação destas consegue passar despercebida por todos e por tanto tempo (40 anos), e também, supostamente, pela SEC (Securities and Exchange Comission) que é a entidade responsável pela regulação do mercado norte-americano. Houve uma clara falha desta, mesmo depois de existirem denúncias credíveis há quase uma década. Ou será que a “rede fraudulenta” conspurcava também esta instituição através de influências?
Põe-se então em causa a qualidade da supervisão financeira das autoridades norte-americanas, que é reincidente (colapso do Bear Stearnse do Lehman Brothers), e consequentemente poderá duvidar-se da capacidade reguladora de outras instituições criadas para o mesmo fim, noutros países. Para além de se começar a analisar mais atentamente onde se investe, com efectiva segurança.
É um problema sério, este da confiança. Se não podemos sossegar, e damos azo à dúvida, pensando que os nossos investimentos que estão afinal nas mãos de alguma instituição, supostamente credível, e de grande reputação, podem de um dia para o outro desaparecer, e que não temos uma entidade reguladora que faça o seu trabalho decentemente, pergunto, e num tom quase pessimista mas a roçar o real: Em quem podemos confiar? No que podemos acreditar? O remédio será confiar, desconfiando.
Maddof aguarda julgamento a 19 de Dezembro e enfrenta uma pena de 20 anos de prisão.
Em Terra de cegos, quem tem um olho é rei”.

João Manuel Nunes Silva
joaonunessilva@netcabo.pt
(artigo de opinião)

Regulação um mito em Portugal

Muitos psicólogos dizem que o ser humano apenas cresce após a superação dos bloqueios que vai encontrando ao longo da sua vida, é com a superação dos erros e bloqueios que avançamos para a próxima fase da nossa vida com as lições apreendidas dessa mudança e assim consecutivamente até ao estagio final da nossa vida, transpondo isso para a economia e Portugal, podemos dizer que é em tempos de crise que muitas lições se aprendem e é após ultrapassar essa crise que vêm o tempo de bonança, de pujança económica, pensemos por exemplo na grande depressão de 1929 a sua superação levou os EUA a alcançarem o topo da economia mundial.
Mas olhando para Portugal seria mos talvez a excepção que confirma a regra, crescemos rapidamente, talvez até rápido demais no passado, infelizmente agora continuamos a cometer erros atrás de erros e a comprometer o nosso futuro que em vez de céu limpo, parece uma tempestade contínua. As politicas económicas proclíticas que o governo continuam a tomar não parecem ajudar, há nove anos que somos enganados com a sub avaliação da inflação nos orçamentos de estado, há nove anos que o nosso crescimento não e digno de registo, e os cidadãos parecem continuar a apoiar estas medidas, inertes a viver da saudade. Na minha opinião não é preciso mais qualidade no capital humano, talvez seja sim preciso mais cultura geral, mais gosto pelo saber, pelo querer fazer e realizar como diriam os americanos a procura do sonho, se assim não for continuaremos numa sociedade onde ''O discurso politico é orientado a compreensão de uma criança de dez anos'' fazendo nos continuar no mesmo caminho.
Numa altura onde muito se fala de avaliação e formas de avaliação, talvez nos devêssemos perguntar onde está essa avaliação, essa regulação do poder político e económico, será justo pedir aos professores que avaliem colegas em matérias que não se encontram qualificados? Será justo pedir avaliação aos órgãos governativos? Quem regula ou avalia os contínuos erros do Banco de Portugal e do seu presidente, como é possível permitir um caso BPN, BPP entre outros e não haver repercussões, quando se faz um trabalho de fraca qualidade numa empresa o normal e ser dispensado do serviço, porque é que não acontece isso regularmente no governo, no sector empresarial publico onde as dividas da TAP, CP, CARRIS, Sistema de Saúde são esquecidas e aumentam a bom ritmo, quando é que será necessário pensar na divida externa portuguesa. Como é possível concordar com este mega plano de salvação do crédito em Portugal que quase imperceptível a nível de fornecimento de moeda por parte dos bancos as pessoas e as empresas antes pelo contrario tornou mais difícil o acesso ao credito. É preciso aumentar a confiança fomentar o investimento mas para isso acontecer é preciso regulação, acima de tudo acção por parte do Banco de Portugal que se faça sentir pois já sabemos que a sedentariedade faz mal a saúde, a saúde de nossa economia.

José Ferraz
jotahh@gmail.com
(artigo de opinião)

Investimento Publico - será esse o caminho a seguir?

O Primeiro-ministro, José Sócrates acha que o investimento público, as grandes obras vão ajudar na crise mas muitos economistas não partilham da mesma opinião, eles pensam que esses investimentos deviam alguns cancelados, outros atrasados pois não irão ajudar a atenuar a crise que se vai começar a fazer sentir cada vez mais, estes investimentos correm o risco de potenciar ainda mais o sentimento com que se vive hoje dia, a maioria desse investimento não seria investir em Portugal, mas sim investir no estrangeiro isto é iria acontecer um aumento das importações pois iriam afectar empresas importadores e não exportadoras, a grande maioria dessas empresas corre sérios riscos com a falta de credito e pouco investimento nos seus negócios, é necessário fomentar as empresas que exportam que criam mais-valias para Portugal e o seu crescimento. Este investimento público é também um perigo a nível da nossa divida, cada ano que passa e maior brevemente ninguém nos empresta dinheiro e não interessando em nada o motivo principal que levou a salvação do BPP e BPN. A grande sorte de Portugal é estar incluído numa zona económica, a UE, que lhe da um certo grau de manobra pois não ajuda deixar cair um pais, como não ajudava ao governo deixar cair o BPN. É necessário combater o proteccionismo do emprego, é necessário investir nas nossas vantagens comparativas, aumentar a nossa competitividade e exportar mais, agora que não temos a politica monetária ao nosso dispor temos que seguir pela politica orçamental investir em ID, educação de forma a mudar o rumo da economia portuguesa, é o caminho indicado, não temos as vantagens que as novas economias emergentes possuem, somos um pais pequeno mas um pais capaz temos que aproveitar e capitalizar o ''Império Português'' de oportunidades, que cada dia que passa vê o seu leque reduzido, o Mundo está cheio de bons exemplos, não precisamos de os copiar ou recriar, somos aventureiros desde a nossa criação, por isso inventemos as nossas oportunidades não podemos e cair nos mesmos erros do passado.

José Ferraz
jotahh@gmail.com
(artigo de opinião)

Portugal, a relação entre a economia e a sua sociedade

Palmas para a falsificação das estatísticas da Educação;
Palmas para o Investimento Publico;
Palmas para o Magalhães;
É este o som que normalmente se houve em Portugal após cada anúncio de medidas por parte do Governo Português. Vamos parar com o cinismo dos programas políticos, vangloriar-se porque 600 mil Portugueses de um momento para o outro deixaram de ser "iletrados" para serem leigos em várias matérias através do projecto Novas Oportunidades, de um momento para o outro são capazes de desenvolver projectos e passam a ter uma certificação académica como de nada se trata-se e assim de um momento para o outro se volta a "falsificar" as estatísticas da educação em Portugal, temos que ter noção que apesar de termos 7% de analfabetismo ainda, já não somos assim tão atrasados a nível educativo, é necessário políticas serias para aumentar o nosso capital humano. Vamos parar com o cinismo do investimento publico, deixar de esbanjar dinheiro a sorte em projectos que na sua maioria não são dignos sequer de ser intitulados de tal, vamos preocupar com as diferenças que são visíveis quando se olha para os números das NUTS que mostram o Portugal real, vamos olhar para ideias e empresas de qualidade, não precisamos de continuar atirar dinheiro na tentativa de resolver o problema criado por essa mesma oferta desmedida de moeda e facilitação de fundos.
Em Portugal existe capital humano de qualidade, sempre houve e sempre haverá. Do meu ponto de vista o problema de não estarmos hoje em dia numa melhor posição no "ranking" de países a nível mundial está apenas relacionado com algo intrínseco a nossa sociedade que persiste de há vários séculos para cá, onde o poder, o facilitismo e a corrupção são bem vistos pela generalidade dos portugueses, uma percentagem enorme da população a assumir que se deixava corromper ou corrompia se necessário, isto cria um grave problema, principalmente a nível politico onde o Governo já não é visto como uma entidade benevolente que actua no melhor interesse da sociedade e dos seus cidadãos, preocupado com a maximização do bem-estar social, mas é sim uma entidade com interesses e objectivos próprios que procura alcançar como por exemplo a sua manutenção no poder por mais tempo submetendo assim o país à politicas económicas sem eficiência, como algumas das apresentadas no ultimo orçamento de estado, tentando afectar hoje a economia sabendo que qualquer das suas politicas e investimentos não irão ter efeitos imediatos, a inconsistência temporal esta presente principalmente em termos de crise.
No entanto penso que é em tempos de crise que é necessário tomar decisões sólidas a nível macroeconómico, ajudar os visionários, melhorar a educação pois e em tempos de crise que fornece a uma economia a possibilidade de ressurgir numa posição bem melhor que a anterior como aconteceu no Brasil com gravíssimos problemas no passado e hoje uma das maiores e principais economias a nível mundial.
Vamos aproveitar os recursos, as nossas vantagens comparativas, não fazer como no passado e gastar os 53 mil milhões vindos dos fundos europeus em mais obras publicas e projectos empresariais de carácter duvidoso, é necessário continuar a investir em ID, aumentar o nosso capital humano, a nossa sociedade não se pode mais refugiar no velho lema "ignorância e uma bênção", existe muito que podemos fazer aqui ficam alguns pontos dignos de nota, vamos aproveitar a nossa posição geográfica, desde do inicio do nosso pais que fomos empreendedores e descobridores, como e possível não possuirmos um grande porto de qualidade mundial, pensar novamente nos grandes investimentos públicos, o nosso défice já se torna incomportável, será mais divida a solução?
Muitos desses investimentos não irão para mãos portuguesas, vão fugir da nossa economia para fora piorando mais a nossa situação, temos q ser responsáveis ao contrário dos nossos pais, pois somos nos que pagamos os erros dos passado e estamos a fazer o mesmo aos nossos filhos deixando Portugal ainda numa situação mais degrada que se encontra hoje.

José Ferraz
jotahh@gmail.com
(artigo de opinião)

Uma catástrofe maior do que a que vivemos

O departamento de Oceanografia da NASA (agência espacial dos Estados Unidos) traçou recentemente um cenário preocupante para os oceanos. Foi descoberto que o nível de águas está a aumentar mais rapidamente do que era previsto em 2002. Quais serão as consequências de tal aumento? Qual será o futuro das cidades costeiras? Qual será o impacto económico desta subida dos oceanos? São algumas das questões que muitos economistas e cientistas colocam cada vez mais.

Em apenas uma década os cientistas mudaram muito a sua maneira de ver o mundo, pois começaram a olhar com receito a subida do nível médio dos oceanos. Esta subida tem repercussões enormes na economia global, pois tal subida representa um aumento do risco das cidades costeiras e dos países que se situam abaixo do nível médio dos oceanos (países baixos por exemplo) de sofrerem graves catástrofes naturais, pois embora a subida de um centímetro possa parecer pouco, tal subida representa em termos reais uma diminuição em todo o mundo de um metro da zona costeira. Ora se as melhores previsões indicam que o nível médio dos oceanos subirá entre onze centímetros e setenta e sete, então já se tem a ideia de quanto a superfície terrestre mudará. Tal mudança significa vários problemas, nomeadamente nas zonas costeiras que vivem essencialmente da pesca, do comércio, da agricultura e do turismo. Mesmo as zonas interiores também sofrerão com esta subida, visto que dependem em muito das zonas costeiras para importar e exportar.
Recentes estudos da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico) indicam que a subida do nível médio dos oceanos trará para todo o mundo um custo financeiro na ordem dos 35.000 mil milhões de dólares por ano, sendo que actualmente já representa um custo de aproximadamente de 400 mil milhões de dólares por ano. Este estudo, que se baseia na subida dos oceanos em metro e meio em 2070, só vem alertar mais uma vez para o problema financeiro que a humanidade terá que enfrentar, e que cada dia se agrava mais.
O que aconteceu em Nova Orleães em 2005 não é um acaso dos tempos, é um exemplo do que está para acontecer num futuro próximo a muitas outras cidades em risco de inundação se persistir esta inércia socioeconómica sobre a implementação de medidas de arrefecimento global.
Dentro deste estudo, também está referido que Lisboa e Porto não sofrerão tanto como outras cidades europeias, pois numa escala de zero a cem, Lisboa é classificada com risco “zero” e o Porto com risco dois sendo que Viena destaca-se pela negativa na classificação do relatório. A concentração de riscos nas grandes cidades Europeias indica a urgência de criar regras de planeamento e de defesa contra esta nova realidade mundial.
Em suma, Portugal e a Europa correm grandes riscos com esta subida do nível dos oceanos, devem por isso implementar leis e regras de planeamento urbanístico de maneira a precaver futuras transformações costeiras. O que está em jogo não é só a economia, mas também a sobrevivência de muitas vidas.

Classificação JEL: Q51
Palavras-chave: nível dos oceanos, efeitos socioeconómicos, desastres naturais.

Jorge Mariz
(artigo de opinião)

O desespero da escravidão

Parece que finalmente algo fez abrandar a corrida galopante do crescimento chinês. Nem a grande indústria de brinquedos vai salvar o Natal asiático. As exportações estão a cair a pique e os stocks vão-se acumulando. As fábricas começam a fechar, e o receio da falta de trabalho que antes era apenas mito, começa a tornar-se realidade. As altíssimas taxas de êxodo rural chinês estão agora a tornar-se um problema. A oferta de mão-de-obra ultrapassa a procura, e a falta de protecção social, tais como subsídio de desemprego, nada tem ajudado a esta situação.
O governo já anunciou, entre várias medidas, a desvalorização do Yuan, mas não se cura uma pneumonia com uma aspirina. Actualmente, o aumento da competitividade via taxa de câmbio é questionável. Isto porque, se a China é o maior importador Mundial de matérias-primas, e a sua dependência energética é elevada, uma desvalorização da moeda vai levar ao aumento do preço dos inputs e esta consequência vai-se reflectir no preço dos outputs finais. Por isso o trade-off entre os benéficos e malefícios desta acção pode ser questionável. Por outro lado, a principal causa da queda das exportações chinesas é a crise financeira mundial (o excesso de endividamento), e não o surgimento de um rival directo que pratique preços mais baixos.
Outras economias emergentes estão a sentir na pele os efeitos da actual crise (ex. Brasil). Quando o crescimento está maioritariamente dependente do exterior, e ocorre sem ser planeado, catástrofes podem acontecer. Assim, é de temer o bem-estar das pessoas destes países que, quando vêm a sua situação económica a melhorar, têm a tendência de se endividarem. O problema é que quando a conjuntura se inverte, a distorção do consumo de bens futuros sente-se na pele, e os rendimentos não crescem tanto como se esperava.
O futuro que se aproxima é quase invisível. Como é a primeira vez que surgiu uma crise deste género, as previsões económicas são, de certo modo, incertas. No entanto, o que não é incerto, são as dificuldades que as pessoas com menos rendimentos sofrem no dia-a-dia. Estes indivíduos estão menos protegidos a este abrandamento global, e assim, os governos de cada país deviam preocupar-se mais em criar métodos que as protejam melhor das garras afiadas do sistema financeiro.

Liliana Soraia Ferreira Vieira
liliana_sfv@hotmail.com
(artigo de opinião)

sábado, 20 de dezembro de 2008

Is Latvia in the same situation of Portugal?

Risk to stack in the recession for many years enlarge enforced externals and delay by reforms, however in contradistinction to Portugal Latvia’s plus is higher educated labour.
Economic rate is increasing after joining European Union (EU) after what follow inadequate wage increase for labour productivity. As a result exporters suffer and country loses their positions against Asian producers. Government in place to apply for structural economic reform, increases expenditures: budget deficit, National debt and inflation increase. That is facts about Portugal however for Latvia that is like warning, because now when the growth of gross domestic product (GDP) is almost in the same level and it will be smaller then in Portugal in future. That is risk also for Latvia to stack in the recession for a long time.
[...]
Portugal by their self basically creates Portuguese fundamental economic problems. Those problems are: huge current account deficit, large governmental, household and enterprise debt amount as well as competitiveness disadvantage. In 2007 Portuguese budget deficit was 3% from GDP. This year that could decline till 2,4%. Concerning the growth rates, they are the lowest in EU and even in all Europe – in period from 2004- 2008 the real growth of Portugal GDP has been only 1.4%. By the side Portugal is in better position than Latvia because Portuguese economic problems have internal character and Portugal more or less can control those problems but Latvian economic problems have external character and those are impossible to control.
The main reason for Portuguese sluggish problem is that government did not realize exhaustive and deep structural reforms in time. Has Latvia already have realized them? Certainly NO. Still labour productivity is low, number of employees in state administration does not decrease and there is no mechanism for export support.
Portuguese economical history is similar to Latvia: low credit level, crediting boom, soaring wages, inflation and competitiveness disadvantage. But there is one difference between Portugal and Latvia. Latvia has a greater education rate, which could help country to get out of stagnation faster (if Latvia will decline till that).

Martins Freidenfelds
martking@inbox.lv
(artigo de opinião)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Construção em Portugal: uma indústria importante para todos

A indústria da construção de Portugal tal como acontece noutros países tem grande importância no equilíbrio da economia nacional A construção é uma actividade económica com especificidades próprias sendo a sua principal característica a diversidade. O sector da Construção Civil e Obras Públicas é muito diferenciado de outros não só ao nível de produção como ao nível de mercado de trabalho.
Trata-se de um sector que apresenta uma cadeia de valor muito extensa porque recorre a uma ampla rede de inputs, proporciona o aparecimento de externalidades positivas às restantes actividades e gera efeitos multiplicadores significativos a montante e a jusante nas empresas de materiais, de equipamentos de construção e de serviços. A diferenciação deste sector passa por uma grande diversidade de clientes, operações produtivas e tecnologias, de projectos, produtos, e de unidades produtivas.
Assim, a actividade da construção tem um importante impacto sobre o Emprego, ao ponto de se estimar que cada emprego directo criado pelo Sector da Construção gera 3 postos de trabalho no conjunto da economia.
A procura dirigida a este sector depende directamente do grau de desenvolvimento da economia, da conjuntura económica e do montante das despesas públicas, ou seja, mais do que, em qualquer outro sector de actividade, a sua evolução depende do montante e das fases de investimentos noutros sectores e sendo uma actividade pro-cíclica, ou seja, expansões mais marcadas que a economia global em fases positivas do ciclo e recessões mais profundas em períodos negativos, a sua dinâmica é considerada como indicador de uma economia.
Durante as últimas décadas o sector apresentou um forte dinamismo especialmente impulsionado pelos fundos estruturais de desenvolvimento da UE que promoviam grandes obras como auto-estradas, pontes, metro e ferrovias e a própria Expo 98 isto até finais de 2002 ano em que se iniciam quebras persistentes de produção. Não obstante, continua a tratar-se de um sector com forte peso na economia portuguesa, representando, de acordo com dados fornecidos pelo INE 10,8% do emprego.
Face ao decréscimo da actividade registado nos últimos anos e à forte concorrência a que se assiste no mercado interno, as empresas têm apostado no mercado externo ao mesmo tempo que procuram tornar-se mais competitivas não só através do controlo de custos, mas também aumentando a sua capacidade adaptativa.
Relativamente à estagnação do desenvolvimento do sector importa combater as suas condicionantes: a sobrelotação do tecido empresarial e a forte concorrência. Para além destes factores, ressaltam ainda a muita burocracia e fiscalidade, como também a fraca qualificação da mão-de-obra. Uma das mais importantes estratégias, para um desenvolvimento sustentável do sector, seria contratar mão-de-obra mais especializada, ou facilitar a formação dos trabalhadores uma vez que uma parte significativa dos trabalhadores afectos a este sector não tem a escolaridade obrigatória, e também adoptar uma estratégia de downsizing tentando construir uma organização o mais eficiente e capaz possível racionalizando ao máximo os investimentos pois num contexto de crise de financeira e, sobretudo de confiança, só os mais ávidos e racionais conseguem progredir.
Portugal foi em Novembro um dos principais responsáveis pelo recuo na produção da construção civil no âmbito da União Europeia. De acordo com o Eurostat, o país registou um retrocesso de 2,8%. Uma desaceleração significativa, ainda mais quando em Outubro tinha sido o país onde se verificou o maior crescimento 5,1%, bem acima dos 0,3% na UE.
Apesar do cenário negativo, as associações sectoriais portuguesas que acreditam ser possível durante 2009 inverter a situação do sector da construção graças aos investimentos previstos no QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) 2007-2013.

Carlos Cerqueira
(artigo de opinião)

Investigação e Desenvolvimento

O Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional, operação de periodicidade bienal desde 1982, constitui a base de informação estatística oficial sobre recursos humanos e financeiros afectos a actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em Portugal. Entendem-se por actividades de I&D os trabalhos criativos prosseguidos de forma sistemática, com vista a aumentar o conjunto dos conhecimentos, incluindo o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, bem como a utilização desse conjunto de conhecimentos em novas aplicações (definição constante no Inquérito referido, citando Frascati, 2002). Este estudo a nível nacional revela-se bastante pertinente, pois permite conhecer o desenvolvimento das políticas de investigação adoptadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, bem como comparar os resultados com os restantes Estados-membros da União Europeia.
O Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional 2007 apresenta resultados surpreendentes, ainda que provisórios. Pela primeira vez na história do nosso país a despesa das empresas portuguesas em I&D foi superior à do Estado, 0,61% do PIB contra 0,57%, respectivamente, correspondendo a 51% da despesa total. A despesa em I&D no sector da energia cresceu 80 vezes entre 2005 e 2007, nas comunicações a despesa foi 7 vezes maior, na indústria automóvel e nos serviços de informática 6 vezes e nos serviços financeiros e seguros 7 vezes. O número de investigadores, nas empresas, mais do que duplicou no mesmo período, as empresas com actividades de I&D passaram de 930 para 1500 e as publicações científicas nacionais referenciadas internacionalmente aumentaram 25%, sendo que destas, as da área de medicina cresceram 402%.
Portugal apresentou o melhor resultado entre os 27 Estados-membros, com uma taxa de crescimento total em I&D de 46%, muito acima da média da União Europeia dos 15 que foi apenas de 1%.
A tendência parece ser de convergência com a União Europeia. A despesa em I&D é, agora, superior à da Itália (1,1%), e quase igual à da Espanha (1,22%) e Irlanda (1,31%),
Tendo em conta que nos encontramos tão próximos da Espanha ao nível da investigação é inevitável que cooperações como o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia se repitam. Este género de cooperações parece ser uma adequada resposta à competição internacional que Portugal enfrentará, agora que se aproxima da tendência europeia.
Em tempos de crise os resultados apresentados são animadores, no entanto é possível fazer mais e melhor. Esta avaliação deverá fomentar a melhoria e o reforço das políticas de investigação, no sentido de tornar cada vez maior o peso das despesas das empresas em I&D, através, por exemplo, de incentivos fiscais.
Espera-se, pois, que a tendência apresentada se mantenha e que num futuro breve Portugal esteja entre os países de topo no que concerne à I&D.

Os resultados do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional 2007 estão disponíveis no site oficial do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Sónia Pires
a49283@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)

Pobreza em Portugal…

O Instituto Nacional de Estatística lançou na passada segunda feira um relatório sobre o rendimento e as condições de vida dos portugueses com dados referentes a 2007.
Deste relatório conclui-se que 18% da população está em risco de pobreza, indicador que se manteve face a 2006. A taxa de 18% corresponde à porção de habitantes com rendimento por adulto de cerca de 379 euros por mês. Os idosos são os mais afectados, sendo que as mulheres (idosas) verificam um maior risco de pobreza, embora a diferença entre ambos os sexos seja muito ténue. Os agregados com 1 adulto e crianças e os que são constituídos com 2 adultos e 3 ou mais crianças também apresentam um risco iminente de pobreza. Vemos ainda que o risco de pobreza antes das transferências sociais seria de 40% do total da população residente. Quanto á disparidade entre ricos e pobres, os que auferem salários superiores chegam a receber 6,5 vezes mais que os que recebem menos.
Portanto verifico que o país está com um problema grave “entre mãos”, ou seja, se as politicas a implementar não contribuírem para diminuir o nível de pobreza, poderemos pôr em risco não só vidas como também o desenvolvimento do país. Vejamos a pobreza afecta a evolução das qualificações e das competências dos cidadãos, pois se não existe rendimento suficiente para alimentar o agregado as crianças não irão á escola. No futuro teremos adultos com défice de conhecimentos o que comprometerá a taxa de produtividade e consequentemente o crescimento económico. Verifico, também, que os mais pobres além de já serem discriminados por o serem (pobres), serão discriminados no acesso a direitos sociais que deveriam ser iguais para todos. Por exemplo justiça, se um cidadão com menos rendimentos não poder acartar com as despesas não poderá usufruir desse direito.
Como tal é necessário rever o sistema de segurança social, mais precisamente a redistribuição dos rendimentos (pensões, abonos de família, etc.) para que o apoio monetário seja complementado com uma maior qualidade na provisão de bens e serviços que contribuem para o bem-estar das famílias. Isto terá efeitos positivos que se repercutirão na melhoria de condições de vida dos cidadãos, levando ao aumento do bem-estar e ao melhoramento de alguns indicadores económicos.

Raquel Catarina Vieira Ferreira
a49304@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)

Petróleo em Portugal, será?

A exploração do petróleo em Portugal foi sempre considerada uma miragem, pois os maiores “players”mundiais nunca se interessaram por um país que, à partida, nada tinha para oferecer em termos de hidrocarbonetos. No entanto, o que aconteceu foi que, num curto espaço de tempo, as petrolíferas começaram a procurar Portugal.
O consórcio luso-brasileiro, liderado pela empresa brasileira Petrobras, e onde participa as portuguesas Partex e Galp, foi assinado em Maio de 2007 com o estado português, com o intuito de pesquisar e exploração petróleo em 4blocos na bacia de Peniche. Os 4blocos estão situados a uma profundidade de água entre os 200 e os 300metros, numa área total de 12000km2.
Este contrato prevê um período de oito anos para a exploração, envolvendo a exploração sísmica e a perfuração de poços, com uma previsão para estes investimentos iniciais de 400milhões de euros.
O consórcio luso-brasileiro é o que tem a seu cargo o maior número de blocos até agora concessionados para a pesquisa e exploração de hidrocarbonetos na costa portuguesa em águas profundas, uma especialidade da Petrobrás, líder mundial em taxas de sucesso de pesquisa em águas profundas, cerca de 56%.
A sua participação neste contrato é importante porque inaugura uma nova fronteira exploratória para a companhia e releva a valorização da expectativa de bons resultados.
O potencial da costa Alentejana, mais precisamente, da bacia do Alentejo, também está a ser investigado. Os contratos de concessão foram signatados em Fevereiro de 2007, com a empresa australiana Hardman e as portuguesas Partex e a Galp, com a intenção de iniciarem os estudos sísmicos para prospecção petrolífera nos três blocos que compõem a bacia do Alentejo.
O interesse em explorar petróleo e gás natural na costa algarvia, também é conhecido, estando duas empresas interessadas na sua concessão, a espanhola Repsol e a alemã RWE, sendo a concessão para os dois blocos existentes na bacia do Algarve.
Um grupo norte-americano Mohave oil está a finalizar a montagem de uma plataforma de perfuração do solo na bacia de Peniche, que foi transportada da China para Portugal com um custo de US$1milhão e que vai perfurar a 2500metros de profundidade, na expectativa de reservas rentáveis de petróleo. Após a perfuração, esta seguirá até próximo de Aljubarrota, com o intuito de encontrar gás natural.
Generalizando, estes acordos são fundamentais para a economia, dado que como são acordos que juntam empresas nacionais com grandes empresas estrangeiras, o que vêm a reforçar os laços económicos entre países, laços esses especialmente importantes numa área tão estratégica como os combustíveis e energia.
No entanto, este investimento na prospecção e uma possível exploração de petróleo, vem pôr em causa, uma alternativa mais sustentável e ambiental, a aposta em energias renováveis, numa altura em que tanto se fala das mudanças climáticas ou de aumento do consumo de energia pelas novas potências emergentes.
Os investimentos na exploração petrolífera são elevados, muitas vezes levam a tentativas frustradas pois o objectivo de encontrar petróleo não é alcançado ou, então, a reserva não é rentável, não existindo interesse comercial.
A actualidade mostra uma queda acentuada do preço do petróleo, devido aos receios de uma recessão económica mundial, situação esta, que ameaça a viabilidade comercial deste tipo de explorações.

Pedro Jorge Oliveira
pedj_oliveira@hotmail.com
(artigo de opinião)

A importância do Estado

Como tanto se tem falado e escrito, sabemos que a conjuntura económica actual é bastante negra, sendo que as perspectivas para o futuro são também bastante incertas. Assistimos a uma contracção no consumo, a um decréscimo do PIB e a um aumento do desemprego nas maiores economias, e também em Portugal.
Numa situação de crise do sistema capitalista, o Estado apresenta uma importância absolutamente fulcral, e cujas decisões terão implicações directas no modo conseguiremos superar essa mesma crise.
Deste modo, o Governo português apresentou este fim-de-semana um pacote de medidas anti-crise que pretende funcionar como um estímulo à economia.
Este pacote está estruturado em três pilares: o primeiro assenta no reforço do investimento público, o segundo no apoio directo à economia com medidas fiscais e incentivos à exportação, e, por fim, o terceiro pilar baseia-se no apoio ao emprego, onde se inclui um reforço do subsídio social de desemprego.
No que respeita ao reforço do investimento público, cujo montante rondará os 2180 milhões de euros totais, (dos quais 1300 milhões correspondem a financiamentos directos do Orçamento do Estado - representando cerca se 0,8% do PIB – correspondendo o resto a financiamento comunitário), vemos que esta medida se enquadra na teoria económica clássica, que prevê o aumento do investimento público em épocas de recessão de modo a estimular a procura. Daqui se vê a importância crucial do papel do Estado, uma vez que é o único agente a poder tomar decisões desta envergadura, em recessão, com vista à obtenção de maior bem-estar social.
Quanto à segunda medida (que diz respeito a um apoio directo à economia através de incentivos fiscais e às exportações), devo referir que incide sobretudo na inserção de seguros de crédito à exportação, no valor de de 4000 milhões de euros, metade dos quais para países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Esta medida tem como senão o facto de Portugal ter como moeda o Euro, que se apresenta como uma moeda bastante forte relativamente a outras, o que faz com que a nossa competitividade seja inferior (aliás, este é um dos problemas decorrentes da adopção do euro).
Por fim, a medida que implica a melhoria do sistema de apoio ao mercado de trabalho. Esta medida tem como principal efeito o aumento do período de recebimento do subsídio de desemprego, por mais seis meses, embora esta só vigore em 2009. Uma outra dimensão deste pilar é a criação de 12 mil estágios remunerados, também para recém-licenciados.
Este pacote só é possível uma vez que a UE (União Europeia) permite que o défice aumente, sem aplicar as coações habituais neste tipo de situações (o que é uma lufada de ar fresco dentro das decisões que se têm tomado a nível europeu, pois já se começa a sentir uma certa desilusão em relação a pertencer à zona euro, uma vez que certas medidas poderiam ser tomadas não o são, e aquilo que poderiam ser vantagens tornam-se em inconvenientes para todos).
De um modo geral, apesar de podermos afirmar que o Estado está preocupado com as consequências que esta crise pode trazer para a população, vemos que as propostas acima descritas vão sofrer implicações devido a factores exógenos, que passam não só pelo facto do euro ser uma moeda forte (tal como referi atrás), mas também por razões como a situação da conjuntura económica internacional. É, portanto, aconselhável que se invista em infra-estruturas de carácter duradouro, e que venham a acrescentar algum tipo de riqueza à população e à economia (no longo prazo), de modo a que, no futuro, as gerações que terão de suportar os custos desta crise possam usufruir, de um modo qualquer, dos investimentos realizados.

Cristina Lobo
cristina-lobo@hotmail.com
(artigo de opinião)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Oportunidades e Riscos do Modelo de Parceria Público-privada: o Caso de Portugal

A Parceria Público-privada (ou apenas PPP) é um modelo de financiamento e gestão de grandes projetos econômicos, sobretudo de infra-estrutura. Neste tipo de modelo, as responsabilidades, os riscos e os eventuais lucros (mais-valias) da execução do projeto são divididos entre os setores público e privado. Para os especialistas, o modelo alia a competência gerencial do setor privado à busca do interesse público do setor público. Nesse sentido, o modelo favoreceria tanto o desenvolvimento econômico como o desenvolvimento social.
O ponto mais relevante para os defensores desse modelo é que o Estado reduz suas despesas orçamentais e, com isso, consegue alocar mais recursos em setores estratégicos. Suponha, por exemplo, que o Estado sozinho (sem parcerias) gastaria 100 milhões de euros com a construção de uma estrada. Alternativamente, através de um modelo de PPP (Estado + iniciativa privada), ele gastaria apenas 50 milhões. É notório observar que entre estas duas alternativas, a segunda é mais eficiente, pois o mesmo projeto foi realizado com um volume menor de despesa. Neste exemplo, o Estado gastaria através da PPP metade do que gastaria se realizasse o projeto sozinho.
O modelo permite, portanto, que o Estado realoque seus recursos para a realização de outros projetos, aumentando a eficiência do gasto público e o bem-estar da população.
Na perspectiva internacional, o modelo tem sido direcionado para grandes projetos de infra-estrutura, tais como estradas, aeroportos e ferrovias. Em boa parte dos países que o adotaram, o modelo foi uma alternativa à dificuldade de financiamento do Estado e não é difícil entender porque a maior parte dos empreendimentos realizados através de PPP compõe o que classicamente era oferecido pelo Estado.
Em Portugal, o modelo também segue esta tendência no plano central. No entanto, há inovação no que toca à dimensão local. De fato, o governo central tem concentrado sua carteira de PPP em projetos de infra-estrutura e suporte ao crescimento econômico.
No que se refere à dimensão local, há duas peculiaridades. Em primeiro lugar, há uma grande participação de subdivisões administrativas. Sabe-se que o modelo tem custos relativamente altos com técnicos, especialistas e consultores, pois exige muitos estudos e análises complexas. Em Portugal, esses custos foram superados com o intercâmbio de experiências entre os Concelhos e a transferência de tecnologia do governo central para os governos locais. Houve, claramente, uma economia de escala e seus ganhos foram aproveitados pelos agentes públicos.
O segundo ponto peculiar do modelo português de PPP está ligado ao fato de que os projetos não se limitam à provisão de infra-estrutura. Há exemplos na habitação social, hospitais, escolas, equipamentos esportivos e recreativos, centros de pesquisa, entre outros.
De fato, Portugal tem sido um exemplo da construção de um marco regulatório estável, em que a parceria com o Mercado não se dá na lógica da “privatização dos lucros e da socialização dos prejuízos”. Vale lembrar que muitas empresas portuguesas que atualmente se projetam no cenário internacional começaram seus empreendimentos através de uma associação bem-sucedida com o setor público.
Como se pode perceber, o modelo é promissor. No entanto, é necessário considerar as críticas referentes à dimensão da transparência democrática. Muitas vezes, há revisões que acabam por elevar o valor do projeto e o setor público não tem alternativa a não ser aceitar esse aumento de encargos. Além disso, é difícil promover uma apreciação pública ampla dos projetos, pois estes têm cálculos financeiros complexos e multi-variáveis, o que contribui para a diminuição da participação social na gestão pública e pode comprometer a legitimidade desse tipo de modelo de relacionamento entre Mercado e Estado.

Thiago A. S. Noce
thiagonoce@yahoo.com.br
(artigo de opinião)

Se calhar, é Euro-pá!

“Mestre não é quem sempre ensina; mas, quem, de repente, aprende”, Guimarães Rosa.

“Aprender com a experiência dos outros é menos penoso do que aprender com a própria”, Sousa Saramago
.

A crise financeira internacional que se estendeu ao longo de 2008 levantou uma questão central para a economia européia: o dólar ainda é capaz de servir como referência internacional? E em decorrência disso, haverá uma transição para o Euro no curto prazo? Quais as conseqüências dessa mudança e quais os novos desafios para a Europa?
As respostas não parecem simples, como tudo o que diz respeito a esta crise. Aliás, advirto aos leitores deste artigo que não encontrarão aqui propriamente respostas. Proponho-me a descortinar e salientar alguns pontos. Se houver críticas, tanto melhor. Como dizia o escritor brasileiro citado, o processo de ensino é também um processo de aprendizado.
Alguns economistas discutiam um fenômeno conhecido como “Descolamento” (do inglês, Decoupling). Segundo eles, a economia mundial (inclusive a dos países em desenvolvimento) estaria “descolada” da economia dos Estados Unidos e não seria afetada por uma crise naquele país. As evidências, ao contrário, mostram que há uma significativa dependência. À exceção da China e Índia, que devem crescer entre 7% a 9% no próximo ano, as economias nacionais terão crescimento baixo ou negativo, afetadas claramente pela crise na economia estadunidense.
Lá está um fato curioso nesta crise: a busca de ativos em dólares americanos, a despeito de ser a moeda do país em que a crise surgiu. De fato, ocorreu uma tendência de desvalorização das principais moedas frente ao dólar, numa clara fuga de capitais.
No curto prazo, portanto, não há uma tendência de o euro (ou outra moeda) substituir por completo o dólar como moeda de referência internacional. No entanto, os fatores que favorecem a preferência pelo dólar podem se alterar. Alguns bancos centrais já têm reservas internacionais tanto em dólares como em euros, como é o caso da Rússia, da Coréia do Sul e de alguns países do Oriente Médio.
Se acontecesse de imediato, a substituição do Dólar pelo Euro tornaria este último extremamente valorizado, o que faria com que fosse muito difícil para os países da Zona Euro exportar para fora dessa área. Ao contrário, as importações seriam atrativas e acabariam por desestimular a produção interna. Assim, a adoção do Euro como moeda de referência internacional provocaria um choque muito forte na economia européia e provocaria desequilíbrios macroeconômicos sérios.
Evidentemente, esse cenário parece ser pouco real. No lugar disso, a substituição do Dólar pelo Euro será gradual. Um lapso temporal mais prolongado permite que o Banco Central Europeu avalie com mais cautela e acuidade as variáveis determinantes da poupança, do investimento, da taxa de juros e da inflação, fundamentais para entender o crescimento econômico.
As causas da atual crise, baseadas no discurso “quase-anarquista” do Livre Mercado, deixam uma lição para as instituições do sistema financeiro internacional e, sobretudo, para a Europa: não se pode colocar o “interesse próprio” (o self-interest, de Smith) a vigiar o “interesse público”, como o lobo a vigiar o cordeiro.
Nesse sentido, o ensinamento acima do escritor português parece oportuno. A Europa tem, portanto, a responsabilidade de estabelecer uma nova forma de conduzir a regulação do sistema financeiro internacional. Através do Euro, seu braço financeiro, outras instituições seguirão. O trocadilho no título sugere que não há (ou melhor, não deveria haver) um Euro sem Europa, isto é, sem instituições que dêem mais segurança e probidade ao sistema global.

Thiago A. S. Noce
thiagonoce@yahoo.com.br

(artigo de opinião)

Novo plano contra a crise

Como vem acontecendo na maioria das economias europeias e mundiais, o governo português, reunido em Conselho de Ministros extraordinário, apresentou e aprovou este sábado o seu plano contra a crise financeira internacional. Este plano anti-crise assenta essencialmente em três pilares: Famílias, Empresas e Investimento.
No “pilar” investimento o governo pretende, para 2009, apostar em força nas obras públicas. Assim, o governo prevê criar um grande número de postos de trabalho com o lançamento de múltiplas obras públicas em vários sectores, tentando inverter uma tendência cada vez mais negativa que é o aumento do desemprego. Nos “pilares” família e empresas este plano visa sobretudo a protecção social com a criação de linhas de crédito para empresas e a diminuição da carga fiscal para as famílias e para as empresas, estimulando assim a protecção do emprego.
Este plano foi avaliado em 2180 milhões de euros, o que corresponde a 1,25% do Pib sendo 1300 milhões de euros provenientes do orçamento de estado (0,8% do Pib) e o restante será proveniente dos cofres de Bruxelas. A meta prevista pelo governo para o défice público de 2009 será assim posta em causa passando dos 2,2% para os 3%, isto segundo as previsões do governo. Parece-me muito difícil manter o défice nos 3% até porque, se pegarmos no rácio despesa pública/PIB verificamos que as despesas do estado irão aumentar e as previsões vão para uma contracção do produto e iremos outra vez desequilibrar as contas públicas que foram e são uma das grandes bandeiras de campanha do actual governo.
Questiono-me. Será este plano capaz de evitar uma recessão da economia portuguesa ou apenas conseguirá minorar os efeitos na nossa economia de uma recessão que se prevê mundial?
As recentes previsões dizem-nos que as grandes economias europeias irão entrar em recessão profunda no ano de 2009 e como Portugal depende, e muito, dessas economias penso que este plano só irá minorar as graves consequências que uma recessão económica provoca nos agentes económicos. Ou seja, para que a nossa economia recupere é necessário que as economias dos nossos clientes recupere também e as perspectivas não são animadoras. Num mundo cada vez mais global e interdependente, não dependemos apenas de nós e este plano não depende apenas de si. Logo, se o plano espanhol, alemão, inglês, francês der certo, a possibilidade do plano nacional anti-crise dar certo e bem mais elevada.

Daniel Ricardo Guimarães Soares
o_mail_do_daniel@hotmail.com
(artigo de opinião)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Alterações Climáticas: Um Problema tão (ou mais) Económico quanto Ecológico

Que as alterações climáticas resultam de causas naturais mas principalmente de causas humanas e que o clima está realmente a mudar não passa despercebido a ninguém. Contudo parece haver um esquecimento em actuar e, portanto, nunca é demais relembrar.
O inconsequente comportamento humano visando apenas crescimento económico e bem-estar a curto prazo pode traduzir-se em alterações climáticas irreversíveis que, inevitavelmente, trazem graves problemas a longo prazo. As economias poderão mesmo entrar em crise com os elevados custos de adaptação a um clima diferente já que os fenómenos meteorológicos extremos, com avultados prejuízos materiais e económicos, serão mais comuns. A melhor solução a adoptar será mesmo a prevenção pois “mais vale prevenir que remediar”.
A preocupação da União Europeia com as mudanças climáticas não é de agora, há muito que adopta medidas para as combater. Uma política energética que vise o aprovisionamento energético competitivo, sustentável e seguro, articulado com boas práticas ambientais que estabeleçam limites para as emissões das fábricas e dos veículos automóveis e incentive a poupança de energia é sem dúvida uma boa medida a adoptar.
Cerca de 80% da energia que a UE consome provem de combustíveis fósseis, principais emissores de CO2 que provocam o aquecimento global: a principal causa das alterações climáticas, logo é a este nível que se deve actuar. Não obstante, como estes combustíveis são um recurso finito, reduzir a sua utilização contribui também para melhorar o aprovisionamento energético.
Por outro lado, a exaustão dos recursos fósseis próprios da UE tem-se processado a um ritmo superior ao do mundo no seu conjunto. Neste contexto, a UE está cada vez mais dependente das importações e consequentemente mais vulnerável a choques de preços e de aprovisionamento, sendo que em 2005, o nível global de dependência das importações de energia na UE era de 52,3%. Exemplos de acções eficazes para diminuir esta crescente dependência são: diversificar as fontes de energia, nomeadamente através da promoção das energias renováveis ou simplesmente poupar energia através do consumo.
Quanto às energias renováveis deve ser desenvolvida e promovida a sua utilização, muito proveitosa na medida em que substitui o consumo de combustíveis fósseis, diversifica a utilização de fontes de energia (energia eólica, biomassa), contribui para a segurança do aprovisionamento energético e ainda para o desenvolvimento de novas indústrias e tecnologias.
A maneira mais simples, ao alcance de todos, que beneficia o clima e aumenta a segurança do aprovisionamento, é o comportamento energético inteligente: diminuir a procura e consumo de energia ou, por outras palavras, utilizar a energia de forma mais eficiente. Poupar energia faz todo o sentido do ponto de vista económico: o objectivo da UE de diminuir em 20% a utilização de energia permite diminuir as despesas com a energia em 100 mil milhões de euros por ano, dinheiro que pode ser utilizado tanto na própria política energética como noutras: Política Regional ou Política Agrícola Comum.
Portugal como muitos outros países não é indiferente ao tema: num total de 57 países mais industrializados, ocupa o 15.º lugar na protecção do ambiente e combate às alterações climáticas, de acordo com o Climate Performance Index. Sem recursos fósseis e tão dependente da sua importação (90% em petróleo e carvão) reduzir o seu consumo ou utilizar outras energias como as renováveis, que pode produzir, é fundamental, também, para o aprovisionamento energético do país.
Cada vez mais há consenso de que, a não ser que sejam adoptadas medidas rapidamente, o planeta sofrerá alterações climáticas irreversíveis. É inevitável certas medidas modificarem o nosso estilo de vida, porém não têm, necessariamente, de mudar o nosso nível de vida ou das gerações futuras.

Susana Martins
(artigo de opinião)

O Pacote anti-crise

Também denominado “A iniciativa para o investimento e o emprego”, o pacote anticrise anunciado pelo governo no dia 13 de Dezembro é composto por 30 medidas que representam 1,25 por cento do PIB ou 2180 milhões de euros, dos quais 1300 milhões serão recursos nacionais do Orçamento de Estado de 2009 (0,8 por cento do PIB) e os restantes 880 milhões serão pagos por recursos comunitários.
As medidas abrangem a modernização e recuperação de escolas (500 milhões), investimento energético (250 milhões), apoio ao emprego (580 milhões), investimentos nas redes de banda larga de nova geração (50 milhões) e, ainda, incentivo à economia (800 milhões).
O investimento na recuperação e equipamento da rede escolar parece não levantar dúvidas e poderá vir a ser muito mais útil que a promoção, um tanto quanto, “circense” do Magalhães. Os milhões dedicados ao sector energético reflectem nobres preocupações porém a concretização das propostas (instalação de painéis solares, p.e.) depende em larga medida do sector privado, que no actual contexto de crise poderá não responder como o Governo Sócrates prevê. A fatia do bolo que toca à modernização da infra-estrutura tecnológica é pequena e poderá revelar-se irrelevante, pois os benefícios fiscais em que se traduz poderão não influenciar de forma decisiva o investimento das empresas em redes de banda larga de nova geração.
O pacote anticrise incide fortemente em medidas de apoio ao emprego e de incentivo à economia. No domínio do emprego estão previstas medidas como por exemplo o aumento em 6 meses do período de subsídio social durante 2009; isenção de pagamento, durante dois anos, de contribuições para a Segurança Social na contratação de jovens; redução em 3 pontos percentuais das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador, em micro e pequenas empresas, para trabalhadores com mais de 45 anos; e “reconversão” através de acções de formação de jovens licenciados em áreas de baixa empregabilidade (falta ao executivo definir “reconversão” e áreas de baixa empregabilidade). Estas são medidas em contexto de crise que no curto prazo deverão ter efeitos positivos (redução do desemprego entre os mais velhos e os mais jovens e maior protecção dos desempregados), porém não resolvem problemas estruturais. É de esperar que esgotados os incentivos ao emprego dos jovens, estes sejam dispensados pelas empresas; espera-se, ainda, que o apoio ao emprego entre os mais velhos, que, em geral, possuem baixos níveis de qualificação, não vá reforçar a esperada competitividade das empresas.
No domínio dos incentivos à economia destaca-se o apoio às exportações e às Pequenas e Médias Empresas (PME): linha de crédito de 2000 milhões de euros para PME, apoio aos mecanismos de seguro de crédito à exportação, crédito fiscal até um máximo de 20 por cento do montante investido e autoliquidação do IVA na prestação de serviços à Administração Pública. Os apoios à exportação vão ao encontro das necessidades das empresas exportadoras que se defrontam com a possibilidade, cada vez maior, de incumprimento por parte dos países aos quais se destinam as nossas exportações; a autoliquidação do IVA das empresas que trabalham para o Estado penaliza e discrimina negativamente as empresas que não o fazem; a linha de crédito para PME tem de ultrapassar a barreira da burocracia pública. É necessário que Sócrates e o seu executivo clarifiquem que empresas devem aceder a esta linha para que este plano não se limite a adiar a morte de empresas sem futuro.
O Primeiro-Ministro deverá ir à Assembleia da República explicar estas e outras medidas que compõem o plano anticrise, talvez aí clarifique algumas limitações aqui apontadas.

Sónia Pires
a49283@alunos.uminho.pt

(artigo de opinião)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Labour market in Portugal

The labour market performance is worrisome. Although participation rates are relatively high in international comparison – including for women and the low-skilled – employment trends have deteriorated since the beginning of the 2000s. The unemployment rate has doubled over the past five years, reaching 8% in 2007, with a growing share of long-term unemployment, as the labour market was not able to get job-seekers back into work as effectively as in the past. Employment protection legislation, overall, remains restrictive in comparison with other OECD countries. To facilitate the adjustment of the economy to the forces of globalisation and reduce the social costs of the adjustment process, policies have to focus on easing labour market regulations that hinder workers' mobility, while reinforcing the support to job losers.
The government has launched a comprehensive review of labour relations, with the stated objective of fostering job creation, reducing the segmentation of the labour market and enhancing mobility, while improving the protection of displaced workers. The conclusions, presented in the “White Book on Labour Relations” at the end of 2007, address several of the problems that are impeding the adjustment of the labour market. They have been under discussion with the social partners in the first half of 2008, with a view to presenting a reform proposal to the parliament. The changes envisaged include revisions to the labour code as well as specific measures to facilitate the application of the law. There are also suggestions for reviewing bargaining procedures to give more room to agreements at the enterprise level and for increasing the adaptability of working time. The White Book proposals go in the right direction and, if enacted, would represent a step forward.
Increasing human capital is essential to improve the adaptability of the workforce to the on-going structural transformation and to foster stronger productivity growth. Portugal suffers from a large education gap the rest of the OECD and action is required not only to raise the education attainment of the population, but also to review the type of education provided and its quality. Measures are being implemented to address supply bottlenecks, especially in technical education and vocational training, and to enhance teachers’ performance. The focus given to diversifying training supply for adult workers and developing skills certification has a strong potential to attract a wider public in lifelong learning.
The government’s strategy to upgrade competences and provide the skills that are needed in the labour market is centred on the Novas Oportunidades initiative. The initiative includes two main pillars:
1. Providing new opportunities to young people at risk of dropping out of school;
2. Offering learning opportunities to adults with low educational attainment, based on the recognition and certification of acquired skills.
Key steps have already been achieved in implementing this initiative, for instance the development of the network of Novas Oportunidades centres, the diversification in the supply of courses for the young people still in education, and the recognition and certification of skills for adults.
More should be done to develop the information base, to undertake systematic field monitoring and conduct rigorous evaluations of the results. But, the most difficult task is to ensure the quality of the services provided. It is also a sine for the success of the government’s strategy to enhance human capital.

Martins Freidenfelds
mfreidenfelds@inbox.lv
(artigo de opinião)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Medidas para a Crise

Da crise financeira à crise económica que afecta a economia Mundial e que teve maior incidência na Europa e EUA foi inicialmente intitulada de subprime e obrigou, numa primeira fase, estes governos a tomarem um conjunto de medidas para a estabilização do sector financeiro, reforçando o capital e as garantias das instituições financeiras e a aquisição de activos ilíquidos.
Estas medidas atingem já cerca de 20% do PIB da Zona Euro e 15% do PIB dos EUA e terão em grande parte o seu reflexo no aumento na divida publica. O impacto no défice será inicialmente indirecto por via do aumento dos encargos com os juros da nova divida, mas esta perca pode ser compensada se mais tarde, os activos ilíquidos forem vendidos a um preço superior. No entanto, as garantias que correspondem à maior parcela deste envolvimento apenas terão impacto nas contas públicas no caso de não serem pagas pelos tomadores e terem de ser accionadas.
Na verdade, a insuficiência destas medidas tem obrigado o BCE e a FED a fortes injecções de liquidez que correspondem já a 8% do PIB da UE e 13% do PIB Americano. O mérito destas centrou-se no facto de estabilizarem os mercados monetários e de crédito, levando à descida dos juros de mercado de curto prazo e à correcção dos spreads de crédito que atingiram níveis anormalmente elevados desde inicio de Outubro.
Apesar de os mercados monetários estarem ainda longe da normalidade e a cedência de crédito ser ainda muito reduzida, podemos adiantar que o pior já terá passado no que respeita aos riscos de colapso do sistema financeiro internacional. No entanto, os sinais dados são cada vez mais claros de que as ondas de choque da crise estão ainda por se fazer sentir na sua plenitude sobre a economia real, o que implica que 2009 será um ano muito difícil ao nível do crescimento e do desemprego, devendo resultar num aumento do desemprego em geral podendo mesmo ocorrer um eventual risco de deflação. Tudo isto justifica neste momento um papel ainda mais activo no sentido expansionista – das políticas monetárias e orçamentais.
As restrições de crédito verificadas no último trimestre de 2008 levam a concluir que o crédito em 2009 será ainda mais restritivo no financiamento da actividade económica real. Os inquéritos ao mercado de crédito levados a cabo pelo BCE revelam que 65% dos bancos da Zona Euro restringirão os créditos às empresas e 36% reportaram a adopção de critérios de concessão mais restritivos em relação ao crédito ao consumo, ou seja, verifica-se uma maior aversão ao risco, o que deverá determinar uma liquidez menos fluida.
Assim a ausência de procura privada e a secagem de liquidez poderão, em conjunto com a descida dos preços médios anuais das matérias-primas, alimentar uma expectativa deflacionista entre os agentes económicos, reforçando os riscos para a procura. A deflação implica o adiamento das decisões de consumo e investimento e reflecte-se também num aumento do valor real das dívidas, podendo provocar assim uma descida agressiva dos juros de referência pelos principais Bancos Centrais (o que será uma ajuda para as empresas e famílias com dividas).
Esta crise tem parte da sua natureza na má qualidade verificada nos últimos anos pelos governantes europeus. Posso exemplificar com o seguidismo verificado na guerra do Iraque pois ao apoiar a agressão a um estado soberano com base em sucessivas mentiras, os governantes europeus delapidaram recursos dos orçamentos que se tivessem sido aplicados no desenvolvimento não teríamos certamente de passar pela actual crise.
Muitos erros foram cometidos, muitas lições do passado ficaram por aprender e muita coisa mudará. No entanto, uma coisa parece certa o mundo é feito de aprendizagens e erros de humildade e de arrogância, de tempos bons e maus, mas a economia de mercado espelha a vida tal como ela é feita: de políticos melhores e piores, mas temos de enfrentar agora a crua realidade pois a imperfeição do mundo faz parte da sua beleza.

Bruna Isabel Dias da Silva
brunisah@hotmail.com
(artigo de opinião)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Agricultura: Parada ou Esquecida?

No inicio dos anos 80, Portugal posicionava-se na frente dos seus parceiros da U. E., no respeitante ao crescimento de actividade agrícola. Embora passados poucos anos essa situação fosse revertida, e até agora não tenha sido alterada. Mas a que se deve o facto de o Governo deixar de acreditar no sector agrícola?
Poderiam existir diversas explicações para este facto como a aposta em outros sectores mais rentáveis e com menos despesas para o Governo, mas a inexistência de medidas e estratégias para o melhoramento do sector agrícola em Portugal, parece-me estar na base do esquecimento do mesmo.
Considerando alguns factos/evidências que me levam a crer que contribuíram para o estado em que se encontra a agricultura. Embora a Politica Agrícola Comum (PAC) tenha sido implementada, a ausência de estratégia para a desenvolver, fez com que muitas das ajudas europeias não fossem devidamente aplicadas. Como tal a modernização da agricultura, através da mudança de técnicas e culturas e da introdução de maquinaria mais avançada, não se verificou em Portugal. Conjuntamente com a não modernização da agricultura, o facto de os investimentos no sector escassearem, as estruturas serem rudimentares e os consecutivos atrasos na preparação de terrenos e culturas (como referem as previsões do INE em Outubro do presente ano) faz com que o sector agrícola esteja (quase) parado e as perspectivas para se desenvolver sejam nulas. O Relatório de Contas do Banco de Portugal refere que o peso da agricultura no total do VAB (Valor Acrescentado Bruto) nacional em 2007 é praticamente inexistente. A justificação de tal resultado deve-se às condições meteorológicas desfavoráveis.
Portanto o mau estado do sector agrícola não é justificado por falta de investimentos, nem pelas técnicas rudimentares, e muito menos pelo facto dos incentivos à exploração agrícola serem reduzidos, mas sim pelas condições climatéricas.
A economia portuguesa está a atravessar uma crise que é justificada em grande parte pelo que está acontecer no exterior (Crise Financeira), mas se o melhoramento dos sectores de actividade, neste caso o agrícola, não for impulsionado e incentivado, daqui a poucos anos deixaremos de ter agricultura em Portugal. Como tal teremos que exportar mais, a nossa balança comercial terá um défice excessivo.
Para o sector agrícola “dar o salto” o Governo terá que apoiar os agricultores e a modernização do sector. Estes gastos não serão um custo afundado, pois para além de reduzirmos as importações; teremos menos terrenos abandonados, logo o risco de incêndios é menor; desenvolvemos as zonas rurais o que poderá levar ao aumento do turismo rural e à continuação da produção de produtos regionais (doces, cestarias, etc). Com o avanço do sector agrícola o PIB será mais elevado, o que contribuirá, em conjunto com o progresso dos outros sectores, para o melhor desempenho da economia.

Raquel Ferreira
a49304@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)

Pequenas e Médias Empresas: os verdadeiros gigantes da Economia Europeia

Uma pequena ou média empresa (PME), segundo a definição da União Europeia, tem menos de 250 trabalhadores e um volume de negócios anual que não excede os 50 milhões de euros. É importante esta definição para se determinar quais as empresas a beneficiar dos programas da UE destinados às PME bem como de certas políticas aplicáveis a este tipo de empresas.
Na União Europeia, segundo dados do EUROSTAT, 99% da totalidade das empresas são PME (23 milhões) responsáveis por uma parte bastante significativa da actividade económica e profissional na Europa. Segundo Günter Verheugen, Vice-Presidente da Comissão Europeia, as pequenas e médias empresas são a espinha dorsal da economia europeia e a maior fonte potencial de emprego e crescimento. Representam 67% da totalidade dos postos de trabalho (75 milhões) do sector privado europeu, o que leva a concluir que são as PME os grandes produtores da economia europeia, representando 56,9% do volume de negócios europeu. Dentro das PME europeias 91% dessas empresas são micro-empresas, isto é, com 1 a 9 trabalhadores o que significa, ironicamente, que os verdadeiros gigantes da economia europeia são na verdade as micro-empresas.
São as empresas, não os políticos, que geram crescimento sustentável e emprego, contudo, para que tal aconteça, devem existir políticas adequadas, com um contexto empresarial que permita às PME se manterem activas e prosperar bem como incentivar a criação de novas.
A União Europeia revela-se de extrema importância para este tipo de empresas devendo definir e implementar iniciativas eficazes para melhorar o contexto em que as PME operam. Dentro das várias iniciativas as principais e primordiais são: criação de programas destinados a facilitar as condições de financiamento para as PME; reduzir a burocracia e incentivar os governos nacionais para o mesmo; adoptar uma abordagem legislativa nova e favorável a estas empresas: menos e melhor regulamentação; criar uma mentalidade mais empreendedora uma vez que a generalidade dos europeus não a tem, devendo ser combatido o medo de insucesso; facilitar a internacionalização das PME tornando o mercado único uma realidade, já que a maioria destas empresas (63%) ainda operam exclusivamente no seu próprio país e por último mas não menos importante incentivar a investigação e a inovação. O crescimento sustentável da economia europeia depende significativamente das PME. Então devem estas empresas integrar as prioridades da ordem de trabalhos, e como sugere António Barroso, Presidente da CE, deve-se-lhes “facilitar a vida” e não aumentar a burocracia.
Em Portugal, de acordo com dados do INE, as PME representam 99,6% do tecido empresarial (300 mil), gerando 75,2% dos postos de trabalho (2 milhões) e realizando 56,4% do volume de negócios nacional (170 mil milhões euros). O país segue então a estrutura empresarial da UE, também ao nível da percentagem de micro e pequenas empresas que representam grande parte das PME: 97,3%. Neste contexto, contribuindo as PME para mais de metade do volume de negócios do país, devem beneficiar das políticas incentivadoras europeias para que prosperem e contribuam para o crescimento do país e consequentemente da UE.
Em suma, são as PME, mais especificamente as micro-empresas, as grandes impulsionadoras da economia de alguns dos estados-membros da UE como Portugal e também da própria UE. Dependendo as economias de Portugal e, mais ainda, da Europa destas empresas é essencial que seja uma prioridade ao nível nacional e europeu manter e promover o seu “bom estado de saúde” para que apresentem um crescimento sustentável que se traduzirá no mesmo para o País ou União.
(artigo de opinião)

Roménia: um mercado estratégico

Há uns dias atrás, por questões profissionais, tive de viajar até Bucareste. Devo reconhecer que até esse momento, apenas associava a Roménia a um regime liderado de modo ditatorial até 1989, por Nicolau Ceausescu, ao Conde Drácula e ao país que, em 2007 aderiu à União Europeia (UE). Quando me apercebi da presença de algumas empresas portuguesas neste mercado, compreendi que o país tinha de ser muito mais do que isso e questionei-me sobre o que estaria a atrair o capital português à Roménia.
Em 2007, o Millennium Bank Romania abriu 39 agências em nove cidades romenas investindo cerca de 40 milhões de euros e a Martifer anunciou a construção de uma unidade de produção de extracção de óleos alimentares e armazenamento de cereais num investimento de 30 milhões de euros. Estes são exemplos de investimentos recentes de empresas portuguesas naquele mercado. A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), confirma que o Investimento Directo Português na Roménia tem vindo a crescer de forma muito significativa nos últimos anos.
Com assinaláveis taxas de crescimento do PIB (6% em média nos últimos 5 anos), o nível de consumo a aumentar, a taxa de desemprego inferior à média Europeia, a inflação e a dívida pública a descer a Roménia - pese embora os ainda existentes problemas de corrupção, instabilidade política e fraca competitividade económica – é, na minha opinião, um dos mercados europeus que maiores potencialidades apresenta para exportadores e investidores portugueses. Um mercado de dimensões significativas (21,6 milhões de habitantes), existência de recursos naturais consideráveis (petróleo e carvão), mão-de-obra de baixo custo, know-how, elevadas qualificações e localização central são atributos importantes para a atracção de fluxos de investimento estrangeiro elevados que contribuem activamente para a modernização da economia. De facto, a par da adesão da Roménia à UE e dos benefícios que daí decorre, estes são alguns dos elementos que justificam o interesse crescente manifestado pelas empresas portuguesas por este mercado.
Apesar de bons indicadores macroeconómicos, a Roménia apresenta algumas fragilidades que convém referir. Ao nível das infra-estruturas rodoviárias, aéreas e ferroviárias o país carece de investimentos avultados na sua expansão e modernização. O parque habitacional está degradado e, devido ao crescimento populacional nos centros urbanos, existe um défice assinalável entre a oferta e a procura facto que tem provocado alguma especulação imobiliária. Ao nível ambiental o investimento nos sectores da água e saneamento é urgente. Deste modo, creio que as fragilidades são também oportunidades de negócio para as empresas portuguesas, nomeadamente no sector da construção civil e obras públicas.
Tomando como exemplo o mercado polaco, onde Portugal conseguiu consolidar a sua posição como investidor externo, o tecido empresarial português reconhece a importância estratégica, económica e geográfica do mercado romeno no qual espera estabelecer uma rede de serviços e de investimentos mais alargada que, provavelmente, fará deste país um destino ainda mais importante dos investimentos portugueses a nível mundial. A Roménia está a desempenhar o papel que lhe compete, abrindo a economia ao exterior e captando investimento directo estrangeiro de forma invejável. Portugal e os seus empresários têm de fazer o seu, estabelecendo pontes de entendimento políticas, comerciais e culturais que nos permitam tomar o leme e assim ficar na liderança. Será que vamos conseguir? O tempo o dirá.
(artigo de opinião)

A Globalização Financeira

A globalização tem que ser vista como uma característica irreversível das sociedades contemporâneas. Temida por uns, admirada por outros e incompreendida por alguns, poucos são aqueles que não sentiram o seu impacto.
Naturalmente, o sector financeiro não escapou a este fenómeno, o que implica que actualmente se possa afirmar que a globalização financeira é uma realidade.
Como globalização financeira entende-se o processo de integração dos mercados financeiros locais aos mercados internacionais. Numa situação extremista, os mercados nacionais operariam apenas como uma expressão local de um grande mercado financeiro global.
A globalização financeira, aliada ao neoliberalismo (que defende a resolução dos problemas económicos mundiais pela extensão da “mão invisível” do mercado generalizado), e a um mercado alimentado por medo, falta de confiança e ganância, permitiram o acesso livre dos governos e das empresas aos recursos de uma poupança mundial virtual, sendo que os riscos desta entrada maciça de capitais deveriam ter merecido particular atenção em virtude da rapidez com que as suas consequências foram sentidas.
Este “efeito dominó” provocada pela rápida transmissão de choques proporcionada pela integração dos mercados que sentimos hoje, é o resultado da omissão e da inércia das autoridades competentes, que deveriam tê-lo antecipado e reagido na hora certa.
A combinação de falta de regulação económica, contágio e comportamentos financeiros imorais provam que os mercados financeiros não padecem da utópica perfeição que o paradigma económico tradicional defende.
A crise financeira mundial de 2008 é a prova que o mercado não é o princípio, nem o fim, muito menos a resposta para os problemas da economia mundial. Sem regulação, podem ser “suicidas”.

Fábio Pinto
fabiohscpinto@gmail.com

Referências bibliográficas:
-WYPLOSZ, CHARLES, “Globalized Financial Markets and Financial Crises”, Graduate Institute of International Studies, Geneva and CEFR, 1998
(artigo de opinião)

Educação, reprovações e manipulação

A Finlândia é reconhecida como o país em que os alunos têm o melhor desempenho do mundo, integrados num sistema educativo onde não há lugar a reprovações durante a escolaridade obrigatória.
No encalço desta tendência de política educativa, o Conselho Nacional de Educação (CNE), suportado por um relatório da OCDE, propôs ao Governo “o fim das reprovações até as crianças terem 12 anos”, estando em estudo a possibilidade de se alargar a medida até toda a escolaridade obrigatória.
Acredito que a substituição das reprovações por eficazes medidas de apoio resultem em sucesso em países nórdicos como a Finlândia, no entanto, isso está longe de implicar que a mesma política seja bem sucedida num país com as características, cultura e mentalidade portuguesa.
Os países do Norte da Europa têm uma cultura em que a grande maioria da população cumpre as suas obrigações perante a sociedade de forma voluntária, e as crianças são educadas tendo em conta estes princípios. Ao contrário de Portugal, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca e outros países nórdicos, os pais são pais, e não progenitores.
Adoptando uma medida deste género, só se está a incentivar para a inércia característica portuguesa, contribuindo simultaneamente para o manobrar do índice de insucesso escolar.
Aceito perfeitamente a tese de que o impacto sociológico de uma reprovação numa criança possa ter consequências nefastas para o seu futuro, mas este acaba por ser um mal necessário, sob pena de formarmos um país de iliteratos, incapazes e formados incompetentes, em prol do bem psicológico das “crianças”.
Outra questão foca-se nos exames nacionais. Em 2008 os resultados dos exames nacionais sofreram uma melhoria significativa. Será este o resultado de um maior nível de conhecimento dos alunos?
Não me parece. A Federação Nacional dos Sindicatos de Educação subscreve-me.
A FNE deu um parecer relativamente aos resultados dos exames em que refere que “deverá haver um maior rigor nos exames nacionais, esperando que o facilitismo não fosse a via de obtenção de simples mapas estatísticos”, alertando para “a relação entre aquilo que é hoje uma questão estatística e o que será, no futuro, a integração no mercado de trabalho destes mesmo alunos”.
Ainda a referir a questão da introdução do sucesso escolar dos alunos na avaliação dos professores no caso de esta se tornar uma realidade efectiva, pois só poderá ser vista como uma pressão descarada no sentido de aumentar o “sucesso escolar estatístico”, visto que os professores vão ser tentados a manipular as notas em seu próprio proveito.
Estas são as medidas actuais com vista a “melhoria” da educação portuguesa mas, neste preciso momento, o nível de capital humano português já é mau.
A produtividade portuguesa é a mais baixa da Europa a 15, vendo-se reduzida a cerca de metade da registada na Grécia, e a um terço da Espanha.
Em três dos cinco factores utilizados para calcular a produtividade, Portugal está ao nível dos melhores do mundo (infra-estruturas, acesso a capital e integração no comércio internacional), no entanto ao nível do capital humano e da capacidade de gestão, está em grande desvantagem.
Vá-se lá saber porquê.

Fábio Pinto
fabiohscpinto@gmail.com

Referências bibliográficas:
- Diário Económico
- Diário Notícias
- http://www.fne.pt/

(artigo de opinião)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Impacto social da crise: o desemprego

Em 2008, observa-se uma desaceleração marcada da economia portuguesa, interrompendo a trajectória de recuperação moderada registada nos dois anos anteriores. Esta evolução ocorre num quadro de interacção entre uma crise sem precedentes nos mercados financeiros internacionais e uma rápida desaceleração económica a nível global. Esta interacção entre a crise e a desaceleração economica, levou a um aumento acentuado do desemprego global, bem como em Portugal.
Em Fevereiro de 2005, a taxa de desemprego era de 6,9%, tendo aumentado para 7,5% em Maio de 2008, segundo os dados do Eurostat, que em Setembro do corrente ano, já registava um outro aumento para 7,8%, face à média dos EU-27 de 7%.
A precaridade no emprego também aumentou no nosso país.
Inerente à crise financeira, está a redução dos contratos de trabalho permanentes por parte das empresas, bem como um aumento dos contratos a tempo parcial. O número de trabalhadores com contratos não permanentes cresceu 25% desde 2005 (mais180 mil). Os trabalhadores com contratos não permanentes são já mais de 900 mil (na sua maioria jovens). Por outro lado, entre 2005 e 2008 a percentagem de contratos a prazo que transformam em contratos permanentes ao fim de um ano baixou 0,4 pontos percentuais, situando-se agora nos 10,5%, o que significa que apenas 1 em cada 10 contratados a prazo consegue transitar para um emprego estável. O emprego a tempo parcial aumentou mais que o emprego a tempo completo (respectivamente, 7,1% e 1,2% desde o 1º trimestre de 2005).
Estes são dados que elucidam bem quanto a crise financeira que se tem vindo a sentir, já se tranferiu do mercdo financeiro para o mercado real. O desemprego é uma das principais medidas do desempenho economico de uma deteminada Nação, mas também muito elucidativo da sua situação social , e deste modo, é notório que, no nosso país, é necessário que no novo ano que se aproxima, o governo seja capaz de ter um plano orçamental com bastante ênfase no combate ao desemprego, como forma de estimular a economia e conseguir atenuar o impacto da crise nos mercados reais e o consequente incremento da precaridade social.

Ricardo Faria
rdmf13@hotmail.com

(artigo de opinião)

Datas para entrega de trabalhos

P: "Queria perguntar-lhe se serão aceites os artigos de opinião entregues em Janeiro" .

R: "A resposta à pergunta que coloca é não. Só serão aceites trabalhos entregues até ao último dia de aulas. Em Janeiro discutir-se-ão os trabalhos de grupo."

J. Cadima Ribeiro

Educação…

Nos últimos tempos temos vindo a assistir a um clima de grande perturbação, no que à educação nacional diz respeito. O motivo que rapidamente nos lembramos é do processo de avaliação e desempenho dos professores. Mas existem outros, como a implementação do estatuto do aluno; encerramento de escolas por todo o país; o programa “Novas Oportunidades”; a revolução informática (através da distribuição de portáteis), entre outros. No seio de tantas modificações surge uma questão: “O que é realmente importante na educação?”
O que deveria ser importante seria o nível de conhecimentos apreendidos pelos alunos e como estes conhecimentos os irão ajudar no futuro. Embora a forma como o conhecimento é transmitido seja um factor importante, não nos podemos esquecer do objectivo, que é formar cada vez mais e melhor os jovens.
O Governo encerrou imensas escolas, principalmente no interior de Portugal. As consequências destes encerramentos são claramente visíveis no desempenho dos alunos que, devido ao aumento da distância casa-escola, perdem mais tempo nas deslocações. O resultado final destas medidas é um aumento do abandono escolar ou então a desertificação do interior do país, na medida em que as famílias irão procurar nova morada mais próxima das escolas.
Quanto à avaliação dos professores, ainda não percebi por que é que a Sra. Ministra Maria de Lurdes Rodrigues não quer rever alguns dos pontos que os professores se queixam, como o excesso de burocracia. Porque o problema não está em os professores não quererem ser avaliados, mas sim no demasiado tempo que têm que despender para a avaliação em detrimento da preparação de aulas. Outro problema que ressalta é o facto de o professor que aprovar mais alunos terá uma melhor nota. Na minha carreira de estudante os professores com os quais aprendi mais foi com aqueles que eram mais exigente, e cujas disciplinas não obtive classificações exorbitantes, o que me leva a pensar que os professores irão facilitar a aprovação dos seus alunos (note-se que não estou a duvidar da lealdade dos professores, mas nenhum ser humano tem uma atitude sabendo que sairá prejudicado com a mesma).
No que concerne ao programa “Novas Oportunidades”, a meu ver, não visa dotar a população com os conhecimentos respeitantes ao nível mínimo obrigatório de escolaridade (9º ou 12º ano), mas sim de dar diplomas que certifiquem os cidadãos de um determinado nível escolar. Pois estes diplomas são obtidos com uma facilidade tal, que por vezes nem são os alunos que fazem os trabalhos. Isto conjuntamente com a subida das médias de entrada no ensino superior do presente ano lectivo, fazem o Governo acreditar que estamos ao nível dos melhores da Europa. Embora isso não se verifique, pois sendo com um menor grau de dificuldade que aumentemos as médias, nunca aumentaremos o nível de conhecimento face aos nossos parceiros europeus.
Como sabemos o crescimento económico não depende única e exclusivamente de variáveis económicas, como investimento, poupança, taxa de juro, taxa de inflação, PIB, (etc.), depende também de capital humano. Neste estão incluídos os conhecimentos dos jovens, futura população activa, que influenciarão o ritmo a que a economia crescerá e se desenvolverá.
Portanto cabe ao Governo, não facilitar, mas dar incentivos aos estudantes, para estes não abandonarem a escola e acima de tudo prosseguirem estudos até ao nível académico. Por isso não é com o fornecimento de portáteis, cuja utilização poderá ter diversos fins e não o de melhorar a educação portuguesa, bem como o corte no orçamento das universidades e dos subsídios das escolas, ou o aumento de propinas e o encerramento de escolas que o nível da educação e, consequentemente, o desempenho da economia melhorará. Logo a solução passará, não só, por incentivos aos jovens, mas também aos seus pais e professores, para um melhor nível de educação, conjugado com o desenvolvimento de novos postos de trabalho, para que no futuro estes jovens tenham onde aplicar os conhecimentos que retiveram ao longo dos anos de estudo.
Raquel Ferreira
a49304@alunos.uminho.pt
(artigo de opinião)