O clima está a mudar! Desde há milhares de anos que a temperatura média global do planeta tem vindo a aumentar gradualmente. A interferência humana tem sido a principal razão para esta alteração ocorrer de forma drástica e rápida. A prova disso são os comportamentos, atitudes e atividades desenvolvidas, que se têm refletido no aumento significativo das emissões de CO2 (responsável por 60% do efeito de estufa) a partir de combustíveis fósseis, que aumentam, todos os anos, mais de 2,1%. Isso tem reflexo, também, no aumento da temperatura média em mais de 1,1ºC, na subida do nível médio do mar em mais de 4mm por ano; na redução abrupta da extensão do gelo marinho em mais de 13%; e no aumento da frequência de eventos climáticos extremos por todo o mundo, nomeadamente ondas de calor, inundações, incêndios, furacões, tempestades, secas, etc. (dados da World Resources Institute)
Todas estas
questões constituem preocupações primordiais para a globalidade das nações, uma
vez que as alterações climáticas têm impactos, quer ao nível ambiental quer,
também, ao nível económico.
Segundo um
relatório da Oxfam, se nada for feito para combater estas mudanças, as
economias dos países mais ricos podem vir a regredir duas vezes mais, quando
comparado com a recessão verificada na crise da Covid-19. De acordo com o mesmo
relatório, as nações do G7 (principais nações industrializadas no mundo) podem
vir a perder, em média, 8,5% do seu PIB a cada ano, isto é, cerca de 4,8
triliões de dólares (o dobro das perdas económicas associadas à Covid-19). Assim,
o principal objetivo a manter passa por garantir o crescimento e o desenvolvimento
das economias, ao mesmo tempo que as adaptamos a uma tecnologia verde e
sustentável.
Diversos
esforços têm sido feitos neste sentido. Em 2015, várias nações de todo o mundo
assinaram o Acordo de Paris, um tratado no âmbito da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que tem por objetivo central a redução
da emissão de gases com efeito de estufa a fim de conter o aquecimento global
nos 1,5ºC. O relatório anterior alerta ainda que, se as metas de emissões
líquidas zero para 2050 previstas no Acordo de Paris não forem cumpridas, o
mundo como um todo pode perder cerca de 10% do seu valor económico atual.
A questão que
se coloca é se é possível travar as alterações climáticas e, ao mesmo tempo,
impulsionar a economia. Apesar de, muitas vezes, pensarmos que não, diversos
estudos mostram que as medidas implementadas para combater o aquecimento global
podem ser uma oportunidade para garantir o desenvolvimento sustentável e impulsionar
o crescimento económico das nações. Um relatório da Comissão Mundial sobre a
Economia e o Clima refere que essas medidas podem gerar um lucro económico de
26 bilhões de dólares até 2030. Deste modo, para traçarmos uma trajetória de
crescimento forte e benéfico para as diversas nações devemos focar-nos nos
cinco setores principais da economia.
Em primeiro
lugar, é necessário optarmos por sistemas de energia mais limpos, alterando o
sistema energético predominante e atual, substituindo os combustíveis fósseis,
tais como o gás, o petróleo e o carvão, por fontes de energia mais sustentáveis
e livres de carbono fóssil, como a energia eólica, a solar e a biomassa. É
importante também criarmos desenvolvimentos urbanos mais inteligentes (“Smart
Cities”), através de cidades mais compactas, conectadas, coordenadas e
eficientes.
O uso sustentável
da terra é outra medida que permitiria frear as mudanças climáticas, se
passarmos a usar formas de agricultura mais sustentáveis e de proteção
florestal e animal.
A escassez da
água pode ter impactos económicos bastante avultados, na medida em que em
certas regiões a previsão é de que o seu PIB caia drasticamente. Uma forma de
evitarmos que isto aconteça é fazermos uma gestão inteligente da água, por meio
de melhorias tecnológicas e de investimento para se usar a água de uma forma
mais eficiente. Outras políticas a adotar estão relacionadas ao uso mais
eficiente e circular dos materiais com vista à redução dos resíduos e da
poluição, fenómenos intimamente relacionados com as alterações climáticas.
Partilho da
opinião da Organização Das Nações Unidas e acredito que ainda não é tarde para
reverter a mudança climática e minimizar os seus incomensuráveis impactos. Contudo,
considero também que reverter o clima e travar as alterações climáticas é o
desafio mais difícil que a Humanidade já teve. Acredito que iremos conseguir e
tenho esperança na Humanidade.
Patrícia Silva
[artigo de opinião desenvolvido no
âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do
curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]