Segundo
dados do INE (Estatísticas da Receitas Fiscais 1995 – 2011), a carga fiscal em
2011 atingiu os 33,2% do PIB. Quando nos remetemos para uma situação mais
recente, vemos que, após o anúncio do Vice-primeiro-ministro, em Setembro, este
indicador será muito mais elevado devido aos constantes falhanços das metas do
défice orçamental que os 3 partidos políticos “do arco da governação” assinaram
com a Troika.
Assim, um terço do PIB no ano de 2011, foi o esforço
fiscal que as famílias e as empresas fizeram, que, por sinal, foi em vão. Este foi o registo
mais elevado desde 1995, que foi evoluindo principalmente á custa do aumento
dos impostos directos, do IRS e do IRC. Nem em anos como
2009 ou 2011 a
carga fiscal ultrapassou os 33% do PIB. Portanto, somente para manter um
determinado nível de receita, os impostos aumentam significativamente, porque o
PIB diminui expressivamente. O cerne da questão é de que o aumento de impostos
tira uma parte considerável do rendimento líquido à generalidade dos
portugueses. E esta perca de rendimento “afunda” ainda mais a economia e, na
prática, diminui a receita fiscal do Estado. Por outro lado, uma questão
importante parte do principio de que sempre que a política fiscal é mudada (e
com tanta frequência) afasta-se a possibilidade de atracção de investimento
estrangeiro produtivo, que tão desesperadamente necessitamos neste momento.
O mais estranho, na minha opinião, é de que, ainda assim,
Portugal (31,2%) encontra-se abaixo da média europeia, que se situava em 2010,
nos 38,5% do PIB. Esta é uma situação aberrante e demonstra o modo desenfreado
de como a política económica da União Europeia, em particular a política fiscal,
é conduzida para a destruição de qualquer hipótese de recuperação económica num
futuro próximo. Denota-se uma certa anomalia quando os países da Europa de
Leste são aqueles que apresentam menos carga fiscal, e, de certa forma, passam
ao lado da crise económico-financeira e da austeridade da Grécia, de Portugal,
da Irlanda e da Espanha. Em primeiro lugar, estava a Dinamarca com 47,6% do PIB
representado em carga fiscal. Este país é acompanhado por outros países
nórdicos, usualmente considerados como eficientes e um exemplo económico para
os restantes países europeus. Portanto, estão aqui patentes casos estranhos de
compreender, na medida em que se assiste a situações muito díspares na União
Europeia, que contribuem para resultados algo atípicos para um cidadão comum
compreender.
Como já vem sendo
hábito, está previsto mais um pacote de austeridade em cima das austeridades
anteriores, e, como é de esperar, os impostos irão aumentar mais para as
famílias e as empresas. Por ventura, talvez não chegaremos a atingir a média da
União Europeia a 27 na vigência das políticas de austeridade, no entanto, a
“asfixia” que a carga fiscal provoca na economia portuguesa não será aliviada
nem no curto nem no médio prazo. A única solução, parece-me a mim, que é
coordenar verdadeiramente a política económica (e particularmente a fiscal) ao
nível da União Europeia, para que as economias mais frágeis e mais
sobrecarregadas de impostos tenham a oportunidade de ter taxas de crescimento
satisfatórias e sustentáveis para dinamizar a economia, criar emprego,
sustentar um nível de impostos realista e eficiente, e, por fim, pagar aos
credores o que devemos.
Ana Luísa Araújo Rodrigues
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]