Por muitas vezes fala-se da falta de produtividade existente na economia portuguesa. Para mim essa falta de produtividade tem que a ver apenas com dois factores. Os factores estruturais da economia portuguesa, como por exemplo a ineficiência das instituições públicas, a inadequação das leis portuguesas, os interesses instalados transversais a vários sectores de actividade económica, etc. - em termos de problemas estruturais a sociedade portuguesa está repleta deles. Mas existe um indicador que penso que poderá reverter parcialmente a situação. O investimento em I&D.
De facto, o segundo factor que para mim influencia a capacidade de rentabilização dos “inputs” na economia portuguesa é o investimento em I&D. Isto quer dizer, um investimento na criação de produtos de valor acrescentado, de inovações mundiais e na melhoria das políticas económicas. Este investimento é extremamente importante e o seu resultado pode alterar rapidamente a “face” recessiva da economia portuguesa.
Ao longo dos últimos anos, Portugal teve taxas de investimento (em percentagem do PIB) superiores a muitos dos países mais desenvolvidos que hoje conhecemos (por exemplo Israel, EUA, Alemanha, etc). Mas, embora este investimento tenha sido proporcionalmente significante, o seu resultado não é equiparado com o resultado obtido nos países supracitados. Esta realização de investimento foi por muitas vezes uma realização “cega”, sem grandes critérios e principalmente, sem grandes reflexões sobre o longo prazo.
Caso houvesse uma aposta no longo prazo, o investimento teria sido inserido na esfera do ensino, pois é na criação de conhecimento que as economias se diferenciam. É uma medida simples, que os países em vias de desenvolvimento estão a tomar, mas que países desenvolvidos (como Portugal) ainda se recusam a apostar. Talvez o resultado desta irresponsabilidade no curto prazo se venha a traduzir numa inversão de papéis no longo prazo, onde os países subdesenvolvidos venham a ser aqueles que governarão o conhecimento e investigação a nível mundial.
É portanto essencial a consciencialização das gerações futuras que é a partir da geração de valor que existe crescimento económico e social. É importante que este tema se torne prioritário nas futuras gerações, já que no momento, e com a classe política que temos, este tema é menos importante do que o investimento em auto-estradas ou em novos aeroportos, e tal não pode continuar a acontecer.
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]