sexta-feira, 12 de junho de 2009

Formação como medida de combate ao desemprego no Norte do país

O desemprego tem sido actualmente um dos maiores problemas enfrentados pela nossa sociedade, tendo-se verificado que as taxas de desemprego atingiram um padrão extremamente elevado, destacando-se no nosso país, o Norte como a região onde se tem observado um maior aumento. Para isso, estão a ser tomadas medidas de combate ao desemprego pelas autoridades nacionais no sentido de contrariar o aumento progressivo que se tem verificado.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal apresentava, no ano de 2001, 213,5 mil desempregados, valor que foi aumentando progressivamente até ao ano de 2007 onde se verificaram 448,6 mil indivíduos desempregados. No ano de 2008 observou-se uma ligeira diminuição da população desempregada, correspondendo a 21,5 mil indivíduos. Nesse mesmo ano, na região Norte, a população desempregada perfez um total de 171,1 mil indivíduos.
No entanto, no 1º trimestre de 2009, o desemprego voltou a aumentar em todas as regiões do país, face ao trimestre homólogo de 2008. O maior acréscimo no número de desempregados verificou-se na região Norte atingindo um valor total de 199,4 mil indivíduos. A taxa de desemprego aumentou para 10,1%, no 1º trimestre de 2009. As restantes regiões tiveram um ligeiro aumento na população desempregada em relação ao trimestre homólogo de 2008.
O Norte representa a região com a maior percentagem de desempregados do país (40,2%), assim como a região com menor índice de ensino/formação.
Numa tentativa de contrariar este aumento, têm sido procuradas estratégias de combate ao desemprego na região Norte de Portugal.
De entre elas foi apresentado por Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), no Centro Cultural de Vila Flor em Guimarães, um plano que pretende ser o quadro de referência nas políticas de formação e emprego - o Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade na Região do Norte.
Segundo Oliveira Duarte, coordenador deste projecto, este tem como principais objectivos progredir e aperfeiçoar os níveis de qualificação da população, começando por diminuir a percentagem de abandono escolar, assim como, desenvolver novos mecanismos de formação que se ajustem ao mercado de trabalho. Para além destes, salienta também a necessidade de apoio, acompanhamento e inserção dos jovens para a vida activa, através da criação de protocolos entre entidades formadoras e empresas, entre outras medidas.
Uma vez que se tem verificado a pouca aplicabilidade de certas formações que têm vindo a ser financiadas, Rui Fiolhais, Gestor do Programa Operacional Potencial Humano, defende a necessidade de coadunar essas acções de formação à realidade regional/local, sendo para isso prioritário a optimização dos financiamentos para a formação, através da criação de cursos que contribuam de forma eficaz para a realidade empresarial.
Assim sendo, é importante referir a necessidade da formação e aprendizagem como factor primordial para o desenvolvimento e progresso da sociedade, sendo por isso de extrema urgência e interesse a implementação de formações com conteúdos que se adaptem às carências apresentadas pelo mercado de trabalho, no sentido de contornar a progressão do desemprego, não só na região Norte como em todo o país.

Daniela Sofia Cabral de Freitas

Referência bibliográfica:
INE – Instituto Nacional de Estatística, http://www.ine.pt/
Jornal de Notícias, http://www.jn.sapo.pt/, consulta realizada na data 07/06/2009
*
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O Investimento Directo Estrangeiro em Portugal

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em Portugal tem vindo a diminuir de forma expressiva ao longo destes últimos anos. Segundo dados divulgados pela Eurostat o IDE em Portugal caiu 41,5 por cento em 2008, face ao ano anterior, para 2,4 mil milhões de euros, sendo que em 2007 já tinha sido registada uma diminuição superior a 50 por cento.
Os valores das estatísticas europeias mostram que o IDE em 2008, proveniente de outros países da União Europeia recuou de 2,8 mil milhões de euros para 1,1 mil milhões de euros.
Os investimentos estrangeiros fora da UE em Portugal, mantiveram os seus investimentos nos 1,3 mil milhões de euros. De salientar que os países extracomunitários responsáveis pela maior parte do fluxo de investimentos em Portugal foram, os Estados Unidos, o Canadá e a Índia.
Num ranking entre 15 países europeus, Portugal situa-se em 13º lugar no que se refere à atractividade de investimento estrangeiro em países europeus, ou seja, à criação de novos postos de trabalho por projectos de investimento vindos do exterior. Estes dados foram revelados no relatório anual da consultora Ernst & Young sobre o IDE.
No entanto, o IDE criou 3448 postos de trabalho em Portugal no ano passado, uma diferença de 597 relativamente a 2007, o que representa uma descida de 15 por cento. Assim, só no primeiro trimestre deste ano, o anúncio de novos projectos caiu 8 por cento, em termos homólogos, e os projectos existentes foram revistos ou suspensos como consequência da recessão económica. Deste modo, as empresas optam por correr menos riscos, retraindo as apostas empresariais além-fronteiras. Relativamente a Portugal o receio de investimento estrangeiro traduz-se, em grande parte, em empréstimos ou suprimentos de curto prazo a filiais, sendo uma ínfima percentagem desse investimento aplicado na constituição de novas empresas. Outra das formas de investimento estrangeiro em Portugal tem sido através de compra de quotas ou acções de sociedades. No que concerne aos vários sectores para os quais se direcciona o investimento estrangeiro no nosso país destacam-se a indústria transformadora (30%), o comércio, actividades hoteleiras e restauração (26,7%), o sector financeiro (7,5%) e o imobiliário (23,2%). Segundo o Ministro da Economia, Manuel Pinho, todo o IDE tem aumentado excepto no sector imobiliário, contrariamente aos dados apresentados pelo Eurostat. Um dos exemplos referidos por Manuel Pinho é as minas de Aljustrel em que considera que o investimento estipulado e os postos de trabalho criados acabam por ser "maiores" do que os que são inicialmente anunciados (previa-se para a reactivação das minas de Aljustrel um investimento de 76 milhões de euros, quando o grupo sueco/canadiano Lundin Mining acabou por investir 118 milhões de euros).
Para Gonzaga Rosa, partner da Ernst & Young a situação em Portugal é singularmente difícil uma vez que, na realidade, o investimento em indústrias de crescimento rápido, como produção de software e da saúde é praticamente inexistente, tendo sido efectuado um maior investimento em indústrias de desenvolvimento muito lento como a dos automóveis. Em Portugal podemos destacar como exemplo a Autoeuropa, no que se refere tanto na dificuldade da conservação dos postos de trabalho como do investimento estrangeiro.
O investimento estrangeiro é importante e necessário em Portugal, sendo o sector das Energias Renováveis e do Turismo duas das áreas onde se tem verificado um grande investimento. Das vantagens que Portugal apresenta, podemos distinguir a qualidade das infra-estruturas rodoviárias, a localização geográfica e climatérica, muitas vezes não presentes em outros países.

Daniela Sofia Cabral de Freitas

Referência bibliográfica:
INE – Instituto Nacional de Estatística, http://www.ine.pt/
Jornal de Notícias, http://www.jn.sapo.pt/, consulta realizada na data 09/06/2009
Diário de Notícias, http://www.dn.pt/, consulta realizada na data 09/06/2009
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O continuado abrandamento da queda das exportações impulsionará a economia?

As exportações portuguesas continuam em queda, apesar de ser a um ritmo menos acelerado que, em iguais períodos homólogos anteriores. Mais concretamente, as vendas de mercadorias ao exterior recuaram 28,8% em Janeiro, desceram 31,3% em Fevereiro e baixaram 23% em Março, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Reportando-se assim, uma descida de 27,7% no primeiro trimestre, face ao período homólogo. O abrandamento das quedas verificou-se no comércio com países da UE, mas também fora da UE. As exportações intracomunitárias desceram 25,3% em Março, depois de terem recuado 33,2% em Fevereiro. As exportações extra comunitárias baixaram 15,1% em Março, depois de terem recuado 24,8% em Fevereiro. Com estes resultados, o défice da balança comercial portuguesa desagravou-se em 1,46 mil milhões de euros, o que resulta numa redução da dívida para com países Terceiros.
No entanto, esta quebra de exportações apresenta repercussões danosas quer na micro, quer na macroeconomia como: falências, encerramentos, desemprego, crescimento económico. E esta queda das exportações derruba o “modelo” de crescimento proferido por este Governo. Ora se os “nossos” clientes estão actualmente em recessão económica, consequentemente compram menos produtos. O mesmo acontece com as importações portuguesas que registam também um abrandamento, se o nosso poder de compra tem vindo a diminuir naturalmente face à crise, resultará em importar menos, mas, mesmo que, o poder de compra aumentasse, Portugal não tem mercado que chegue sequer para atenuar o efeito de uma quebra das vendas para o exterior, quanto mais, ser auto-suficiente.
Como diz Pedro Santos Guerreiro, Director do Jornal de Negócios, adaptando uma opinião de um leitor acerca de futebol, sendo porém uma regra dos mercados financeiros, «Sucessos passados não asseguram rentabilidades futuras. Nem exportações». Neste caso, sejamos realistas!

Luísa Silva


Bibliografia:
Acesso 09/06/09
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/
http://www.jornaldenegocios.pt/
http://www.ine.pt/
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Despesa pública atinge quase metade do PIB pela primeira vez na história

Governo gasta menos do que o orçamento mas recessão eleva rácio despesa/PIB para 49,5%
A crise diminuiu o Produto Interno Bruto (PIB), cortou no emprego e fez afundar as exportações e investimento. Mas, no meio do descalabro, há pelo menos uma coisa que vai crescer, o que está longe de ser uma boa notícia: a despesa do Estado em percentagem do PIB, que deve atingir praticamente metade do total de riqueza criada anualmente no país. É o valor mais elevado de sempre em Portugal.
O número consta do Relatório de Orientação da Política Orçamental, apresentada pelo ministro das Finanças, Teixeira do Santos. No documento, que actualizou também as projecções macroeconómicas do Governo, o Executivo revela que apesar dos gastos, em termos brutos, não aumentarem, o rácio despesa/PIB vai atingir 49,5%, mais 3,6 pontos percentuais do que em 2008.
O segredo está no denominador: ou seja, no emagrecimento do PIB. No Orçamento suplementar de Janeiro, o Governo previa gastar 81,21 mil milhões de euros, um valor que foi agora revisto em baixa para 80,77 mil milhões de euros por causa da diminuição dos preços (o que diminui, por enquanto, a pressão para apresentar um Orçamento Rectificativo). Mas, com a redução do PIB deve ser ainda mais acentuada, o peso da despesa vai escalar até valores nunca antes vistos.
Este efeito, aparentemente contraditório, não é novidade na economia portuguesa: na verdade, já se verificou nos últimos três anos, ainda que de forma inversa. Como? O Governo aumentou a despesa em termos nominais – o que suscitou as críticas da Oposição e a acusação de uma má consolidação orçamental – mas ao mesmo tempo, manteve a sua subida abaixo do crescimento da economia. Resultado: a parte da despesa no PIB diminuiu. Agora, a crise virou o feitiço contra o feiticeiro.
O caso da receita é bem diferente. Aqui uma queda abrupta das receitas fiscais – superior á queda da economia – faz com que o bolo total amealhado pelo Estado ate diminua fase ao orçamento em 2008, passando de 43,7 para 43,6% do PIB. Contas feitas, a sangria nas contas públicas, com um défice que sobe até aos 5,9%, reflecte-se sobretudo no aumento do rácio da despesa.
Mas, apesar da crise ainda estar longe de terminada, é improvável que a despesa cresça muito mais. Não deve haver mais medidas adicionais, até porque ainda não se viu o impacto das anunciadas. A margem de manobra é muito limitada e o Governo não pode fazer muito mais. Aliás, a própria Comissão Europeia já alertou para esse facto.

Marco Mota
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Trabalhadores a prazo são os mais atingidos pelo desemprego

No espaço de um ano, tudo parece ter mudado na economia portuguesa. No primeiro trimestre de 2008, Portugal gerava empregos, sobretudo à conta de contratos precários. Um ano mais tarde, chega a factura: dezenas de trabalhadores com contratos a prazo ou falsos recibos verdes perderam o emprego. Provavelmente, os mesmos que o ganharam a um ano.
No primeiro trimestre de 2008, o número de trabalhadores por conta de outrem cresceu 1,1%, o correspondente a 42,2 mil novos empregos. No entanto, a criação de emprego fez-se, na altura, quase exclusivamente a custa de contratos a termo (+71 mil), enquanto os trabalhadores com contratos por tempo indeterminado, ou seja, que pertenciam ao quadro até caíram (-23 mil). Passado um ano, passou-se exactamente o inverso: segundo as estatísticas do INE divulgadas estes dias, 40,9 mil trabalhadores por conta de outrem perderam o seu emprego nos primeiros três meses do ano. E a razão é simples: neste período, a economia eliminou 63 mil postos de trabalho a termo ou com falsos recibos verdes. O saldo só não foi pior porque durante o primeiro trimestre aumentou o número de trabalhadores no quadro, ou seja, com contratos sem termo (+22,7 mil).
Trabalho por conta própria debaixo de fogo
A crise não afecta apenas as pessoas que trabalham para terceiros. Os dados do INE revelaram que, no primeiro trimestre deste ano, havia 1.169,3 mil trabalhadores por conta própria, menos 35 mil do que no período homólogo. Se estes juntarmos os empregados familiares não remunerados que também perderam o seu posto de trabalho (por falência de pequenos negócios familiares) chegamos ao número global de empregos perdidos em Portugal no primeiro trimestre: 91,9 mil.
Outro sinal de que a crise está atingir sobretudo os trabalhadores em situações mais inseguras é a redução do emprego a tempo parcial, que geralmente está associado a situações de sub-emprego (ou seja, pessoas que gostariam de trabalhar mais horas mas não conseguem). No primeiro trimestre, o número de pessoas com trabalhos de horário parcial caiu 4,8%, para 597,3 mil.
Estes números mostram que a previsão do Governo para um desemprego de 8,8% não é sustentável. O desemprego deverá subir no próximo ano. Somos uma pequena economia aberta e não seria normal retomarmos o crescimento económico antes do resto da Europa. A retoma começará no EUA, prosseguindo depois para a Europa.
O Governo não pode fazer muito mais, a degradação do mercado de trabalho está a fazer-se de forma rápida, e se o cenário mais pessimista se concretizar, a pouca margem de manobra que ainda há será utilizada pelo funcionamento dos estabilizadores automáticos.
Marco Mota
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[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

domingo, 7 de junho de 2009

A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM E PORTUGAL

Desde sua implantação na década de 1950 a política agrícola comum (PAC), vem sofrendo modificações, deu-se início subsidiando a produção de produtos alimentares de base, com o objetivo de assegurar a auto-suficiência agrícola para a Europa, num período em que a escassez de alimentos assustava a todos. No entanto, com seu desenvolvimento, a PAC passou a incentivar os pagamentos diretos em favor dos agricultores; estes pagamentos são considerados a melhor forma de garantir os rendimentos agrícolas, a segurança e qualidade dos alimentos, bem como a produção sustentável do ponto de vista ambiental.
Com a adoção da PAC a partir de sua adesão a União Europeia em 1985, Portugal teve que modernizar sua agricultura bem como entrar em um cenário de excedentes agrícolas e fronteiras abertas que possibilitaria a integração em um sistema concorrencial liberal.
A questão da regulação do leite é a que mais preocupa os portugueses – dentro das políticas da PAC – se o mercado do leite for liberado em 2015 como previsto (abolição das cotas), a produção corre sérios riscos de acabar, pois grandes produtores como Holanda, Alemanha e Inglaterra inundariam o mercado com preços mais baixos e a receita originária do leite em Portugal correria sérios riscos de acabar.
Para isso, são necessárias políticas tanto europeias, mais principalmente portuguesas, a fim de evitar que medidas tomadas promovam uma forte redução dos ganhos dos produtores (que já está ocorrendo) que consequentemente ocasionaria numa redução do PIB.
Apesar das oportunidades oferecidas pela PAC, o país não tem aproveitado de maneira adequada os investimos feitos, a modernização está aquém da esperada e o desenvolvimento da agricultura estagnou, além das dificuldades advindas da própria política comum (como no caso do leite) o governo praticamente esqueceu dos produtores e com isso a produção e as exportações de produtos agrícolas caíram.
É necessário que as autoridade políticas e econômicas desenvolvam meios para acelerar a produção e evitar que as áreas rurais sejam esquecidas, pois através do investimento, é possível uma recuperação do PIB, o aumento do número de exportações, bem como o incentivo ao turismo rural (que seria uma forte fonte de renda).
Além de todos os benefícios anteriormente citados, o aquecimento do mercado agrícola desenvolveria a recuperação de outros setores da economia devido ao aumento do poder de compra da população rural, e isto seria extremamente benéfico ao país, que poderia desenvolver políticas que atenderiam a todas as vertentes econômicas.
Em suma, é de importância extrema que Portugal crie medidas que visem este progresso e possa pensar em um futuro com menos problemas, com um crescimento do PIB e uma melhora considerável no deficit da balança comercial.

Raphael Peres Rocha de Oliveira

Bibliografia:
Produtores de leite defendem que aumento da quota "não faz qualquer sentido". Disponível em
http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=92840&visual=3&layout=10

A Política Agrícola Comum explicada. Disponível em
http://ec.europa.eu/agriculture/capexplained/index_pt.htm
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

A EUROPA E A CRISE MUNDIAL: A HORA DE PENSAR NO FUTURO

Oito meses depois da quebra do Lehman Brothers (marco da crise econômica), a Europa se vê em uma recessão generalizada, dados do primeiro trimentre de 2009 mostram que a desaceleração da economia atingiu em cheio o continente e a maioria dos países acabou em recessão. Alemanha, Reino Unido e França considerados os países mais ricos da Europa não se viram livres dos efeitos da crise, o PIB alemão, por exemplo, caiu 3,8% entre janeiro e março em relação ao último trimestre do ano de 2008, contribuiu para essa queda a grande diminuição na exportações.
A França e o Reino Unido não estam muito atrás, com quedas de 1,2% e 1,9% respectivamente, porém países do leste sofrem muito mais devido a sua grande vulnerabilidade econômica e grande dependência dos grandes países europeus. Espanha, Portugal, República Tcheca, Hungria e Finlândia tiveram impressionantes quedas em seu PIB neste 1º trimestre.
Esse período já está sendo tratado como o pior desde o fatidíco dia 16 de setembro de 2008, e como o pico da chamada “grande recessão”. Na zona do euro a queda do PIB ficou em 2,5% segundo o Eurostat, número superior ao dos Estados Unidos, principal afetado pela crise. E as previsões são ainda piores, segundo o FMI a zona do euro pode ter uma retração de 4,2% em 2009.
É importante notar que desde o seu ínico a crise pareceu assustadora e para evitá-la foram criados diversos programas de auxílio ao combate à crise, porém essas medidas não surtiram os efeitos esperados, tornando-se medidas de cunho paliativo que não resultaram em resoluções concretas.
Apesar dos grandes investimentos por parte dos governos europeus, em retenção de gastos e salvação de instituições a beira da falência terem surtido algum efeito, foi cometido um grande erro, não foram tomadas medidas a longo prazo, somente medidas emergenciais que poderão dificultar a saída da crise.
O momento atual é de grande instabilidade, contudo, está na hora de começar a pensar em medidas que terão resultados concretos no futuro. Pode parecer loucura investir no futuro sendo que o presente que necessita de ajuda, porém a crise atual já afetou gravemente a economia e o que resta são as medidas que já vem sendo tomadas gradativamente. O que mais preocupa é que nada está sendo feito em relação ao futuro, o que pode agravar ainda mais a situação atual.
É de ciência de todos que com um futuro planejado se consegue grandes avanços, o principal motivo de crise atual é a falta de planejamento dos bancos estadunidenses na questão imobiliária, se houvesse um estudo detalhado acerca de todos os riscos, o mundo e a Europa não conheceriam esta crise. Por isso é importante salientar a importancia dos planejamentos a longo prazo. Está na hora dos governos europeus iniciarem em conjunto programas que pensem no pós-crise, a fim de evitar uma outra que teria consequências inimágináveis.
Apesar das grandes dificuldades enfrentadas até o momento e as que ainda estão por vim, é importante salientar que apesar de complicado, os momentos de crise servem para refletir sobre o caminho traçado até então, assim é possível corrigir as falhas anteriores e aperfeiçoar ações futuras. O sistema tem a capacidade de se renovar constantemente e sobreviver a diversas adversidades, basta que os governantes consigam implementar políticas econômicas e sociais arrojadas e modernas, visando o crescimento das nações e a proteção da economia europeia e global.
Raphael Peres Rocha de Oliveira

Bibliografia
:
Dados confirmam recessão generalizada nas economias da Europa. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u566276.shtml. Acesso em 18/05/2009

França entra em recessão após segunda queda consecutiva do PIB. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u566183.shtml. Acesso em 18/05/2009

PIB alemão cai 3,8% no primeiro trimestre. Disponível em
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Jogo da Portugal Telecom

Com diz o provérbio grego “Antes de marcar um gol, é preciso definir a meta”. Esse ditado foi seguido pela Portugal Telecom, empresa portuguesa criada em 1877, a qual iniciou, em 1995, seu processo de privatização e traçou uma consistente estratégia e planejamento empresarial. Seu plano foi posto em prática em 1998, quando deu os primeiros passos rumo à internacionalização com uma criteriosa escolha da geografia de expansão.
A Portugal Telecom, empresa de telefonia mais antiga de Portugal, é proprietária de complexa infra-estrutura dos meios de comunicação no território em questão, principal fator de sua vantagem competitiva. Ela está presente em todos os segmentos do setor de telecomunicações, reflexo de seu portfólio diversificado de negócios. Sua estratégia abarca parcerias com fornecedores, trabalhadores motivados, “know-how”, clientes satisfeitos, confiança transmitida ao público por sua experiência, aspecto conciliador e presença constante, etc.
Em Portugal, a PT ocupava uma posição de monopólio nas telecomunicações, de modo que, inicialmente, seus gastos com marketing eram reduzidos em relação aos demais setores. No entanto, com a entrada em outros mercados[1] e o aparecimento de novos concorrentes[2], estratégias de marketing foram traçadas, recebendo altos investimentos. Isso pode ser comprovado pelas fortes campanhas publicitárias feitas pelas diversas empresas do grupo PT, difundidas pela mídia e moldadas de acordo com seu público-alvo e com as metas traçadas.
Dentro da gama de estratégias criadas pelo grupo PT, a mais latente foi a compra da companhia brasileira Telecom Celular, em 1998. A partir deste investimento, a Vivo foi criada pela parceria entre a Portugal Telecom e a espanhola Telefónica Móviles em 2002 e foi considerada uma das maiores apostas de internacionalização da PT. A parceria ocorreu devido a interesses comuns: ambos são líderes nos mercados domésticos e tem a América Latina como extensão natural.
Nos anos seguintes, na visão do Presidente Executivo da PT holding, Carlos Vasconcellos Cruz, o grupo não poderia se limitar ao Brasil. Como fruto de uma estratégia de expansão, a internacionalização da empresa ocorreu em território africano, cujo potencial de negócio é enorme, com o lançamento da África PT. Nos dias atuais, a ampliação do grupo atrelada à inserção de novas tecnologias na África mostra a importância deste mercado como um de seus vetores de crescimento.
A internacionalização do grupo PT em mercados com características similares às lusófonas, como a língua e valores comuns, facilitaram a entrada da Portugal Telecom no Brasil e em países africanos de língua portuguesa. No entanto, se a estratégia de expansão da empresa continuar a ser executada, o grupo poderá encontrar obstáculos no sentido de que entrará, inevitavelmente, em mercados com características culturais e linguísticas distintas das suas, facilidades que encontrou nos países em que atua com sucesso nos dias atuais. Para essa questão, várias estratégias podem ser planejadas, cabendo somente a PT descobrir qual será a mais apropriada a cada caso em específico.

Julia de Macedo Meira

Bibliografia:
- www.telecom.pt- http://www.dpp.pt/pages/files/infor_inter_2002_II.pdf
[1] Alguns exemplos: Cabo Verde, Moçambique, Timor e Angola.
[2] Como as operadoras Vodafone e Optimus. Porém, a PT ainda possui mais de 50% do total de clientes.

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Marketing Vivo

Uma página da História foi virada: a “jóia da coroa” brasileira foi unida à “jóia da coroa” portuguesa. Não se trata, no entanto, de algo que se encontra nos livros de História, mas sim nos da Portugal Telecom, que em 1998 adquiriu a Telesp Celular, empresa de telefonia brasileira. No ano de 2002, a Vivo iniciou seus trabalhos no mercado brasileiro, quando ocorreu a união da PT com a empresa espanhola de telecomunicações Telefónica Móviles.
Para anunciar sua entrada no mercado, a Vivo investiu R$ 43,5 milhões em marketing e publicidade. Como efeito, cerca de 80% dos entrevistados tinham conhecimento da marca recém-lançada e das mudanças ocorridas no setor de telecomunicações. A empresa se tornou, em poucos anos, referência no segmento. Para alcançar esse destaque, uma complexa estratégia de marketing foi traçada, devido ao maior desafio representado ao grupo PT pela diversidade de mercados e consumidores de diferentes países e regiões.
Atualmente, a Vivo encontra-se como a maior operadora móvel do Brasil e a décima maior operadora mundial de telemóveis. A marca Vivo simboliza alegria, energia e vida, com uma postura convidativa e com valores que perpassam a proximidade, acessibilidade, simplicidade e transparência. Sua imagem tem sido relacionada, também, à jovialidade e à inovação, o que se reflete em ações voltadas ao público jovem.
Sua estratégia de marketing vai desde projetos de responsabilidade social e ações promocionais em universidades, passando pelo patrocínio da Seleção Brasileira de Futebol, até o marketing de seus produtos no Festival de Teatro de Curitiba com promotores fantasiados.
A Vivo tem como seu principal diferencial competitivo a tecnologia CDMA, base da terceira geração de celulares[1]. Como uma das empresas de celulares mais fortes do Brasil, com 45,4 milhões de assinantes, segue na liderança entre as operadoras com 29,8% do mercado, seguida pela Claro, com 25,84%, e pela TIM, com 23,85% e em 4º lugar, a Oi com 16,60% do total de clientes[2]. No entanto, a concorrência tem sido cada vez maior entre as operadoras, o que obriga a Vivo a desenvolver novas tecnologias.
A Vivo tem sido uma das maiores apostas da Portugal Telecom, mostrando o sucesso de seu programa de internacionalização. As estratégias de marketing criadas pela Vivo têm se mostrado eficientes, mas para manter-se na liderança do mercado, ela deve criar um processo contínuo de desenvolvimento de tecnologias e produtos moldados de acordo com as necessidades dos clientes. Não se pode criar a ilusão de que o sucesso vá perdurar. Indícios disso são fornecidos pela acirrada concorrência na área das telecomunicações e por clientes cada vez mais exigentes. Atrelado à constante inovação tecnológica, é importante que a estratégia seja bem estruturada e possibilite “obter e manter os clientes”[3], um desafio constante a todas as empresas do mercado.
Julia de Macedo Meira

Bibliografia:
-www.vivo.com.br
-www.anatel.gov.br
-www.agencialusa.com.br/index.php?iden=20080
-http://www.telecom.pt/
[1] “Esta é a tecnologia do futuro porque apresenta a melhor performance entre as disponíveis para a transmissão de dados via celular, além de permitir a oferta de produtos e serviços de terceira dimensão sem necessitar de novas faixas de radiofreqüência.” Disponível em
[2] Disponível em <http://www.anatel.gov.br/>
[3] Disponível em

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Gestão (1º ciclo) da EEG/UMinho]

terça-feira, 2 de junho de 2009

Reflexões sobre a alteração do modelo económico-social português

Desde há uma série de anos discute-se quase permanente sobre a necessidade de mudar o modelo económico-social em Portugal. As razões invocadas para justificar tal necessidade advêm da escassa capacidade do actual modelo para garantir níveis sustentáveis de crescimento económico, com capacidade para gerar riqueza e emprego, e para acomodar as variações cíclicas da actividade económica. O debate sobre o assunto tem sido amplo e diversificado, mas também disperso e pouco qualificado. A falta de concreção tem conduzido a resultados magros em termos teóricos e a inanição em termos práticos.
Um modelo económico é uma síntese da realidade, que tenciona reflectir de forma simplificada os comportamentos e as inter-relações entre os diferentes agentes económicos, no âmbito da produção, do investimento e do consumo. Um modelo económico-social amplia o espectro do modelo económico, ao incorporar não só as transacções de carácter económico, mas também as de carácter social, incluindo, inclusivamente, aquelas sem qualquer tipo de contraprestação económica. Em economia política estudam-se habitualmente três tipos de modelos económicos: a economia de mercado, a economia dirigida e a economia mista.
A economia portuguesa é, como a maioria das economias industrializadas, uma economia mista, onde o sector privado e o público convivem com a finalidade de gerar e distribuir riqueza, respectivamente. Em termos latos, o debate sobre a alteração do modelo económico deveria apenas concentrar-se sobre o papel atribuído às esferas privada e pública da economia e, portanto, sobre o seu protagonismo no sistema económico. Em termos mais específicos, a reflexão deveria centrar-se na potencial mudança do modelo produtivo e na alteração do papel do Estado na economia. Obviamente ambos os níveis de discussão afectam lógicas sobrepostas, razão pela qual, tratar de isolar os debates não parece a estratégia mais razoável para melhorar a eficácia do sistema.
A primeira questão a resolver é determinar quais as funções a desempenhar pelo Estado na economia, definindo-se por exclusão as que devem ser executadas por privados. Neste sentido convém pôr de lado os preconceitos sobre este assunto, dado que economias nas que o Estado tem um peso muito significativo (nomeadamente pela grande generosidade das políticas redistributivas) conseguem apresentar níveis de competitividade significativamente altos nos rankings internacionais. Contrariamente, algumas das mais liberais enfrentam graves problemas em momentos de crise, como o actual, pela inexistência de políticas públicas que permitam amortecer os efeitos da quebra de actividade económica e travar o drama social do desemprego.
Dentro das temáticas específicas para o debate, a alteração do sistema produtivo é prioritária. No caso português este apoiou-se, durante décadas, em sectores de reduzido valor acrescentado, que baseavam a sua competitividade em custos de produção (nomeadamente salariais) relativamente baixos. A crescente exposição à concorrência de países com custos de produção extremamente reduzidos levou ao desaparecimento ou reconversão, desde início desta década, de sectores de grande importância em termos de produção e exportação. O rol do governo português, na óptica sectorial, tem sido tradicionalmente muito interventivo, potenciando sectores, através da subsidiação directa ou indirecta, e prejudicando outros, muitas vezes de forma inconsciente, por via das distorções competitivas, activas ou passivas. No contexto dos sistemas produtivos, os governos não podem promover directamente sectores atendendo a interesses particulares, sejam eles legítimos ou não. Compete às empresas tomar decisões de investimento e pôr em marcha actividades produtivas. Os governos devem limitar-se a melhorar as suas condições de desempenho, apoiando o sistema educativo e de inovação, fornecendo informação para os negócios, reforçando os vínculos universidade-empresa, fortalecendo as diferentes modalidades de formação profissional, reduzindo os custos de transacção e a burocracia e promovendo a estabilidade macroeconómica e a segurança jurídica, entre outras.
Para além das mudanças do sistema produtivo, é imprescindível proceder a uma reformulação das formas de intervenção do Estado. O seu papel como produtor deveria focar-se maioritariamente nas funções de distribuição, potenciando, simultaneamente, o seu papel como regulador, com a finalidade de assegurar o bom funcionamento tanto dos mercados de bens e serviços, como do mercado de trabalho. Um outro aspecto importante consiste em diferenciar os conceitos de provisão e produção. Para garantir a provisão dum determinado bem ou serviço, o Estado não precisa de o produzir directamente. Na tomada de decisões operativas a este respeito, as considerações de eficiência e de capacidade de regulação são aspectos que exigem uma cuidada ponderação por parte dos decisores públicos.
Todas as recomendações recorrentemente efectuadas pelos organismos internacionais, durante os últimos vinte anos, são, sem dúvida, um bom ponto de partida para implementar um programa de reformas estruturais que permita alterar o modelo económico-social, tornando-o economicamente mais eficiente e socialmente mais justo. A alteração do modelo exige uma liderança política forte e uma conjuntura económica favorável. Sem elas o debate estéril prolongar-se-á durante anos e a sua implementação ficará eternamente adiada.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ

(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")