Blogue de apoio à unidade curricular "Economia Portuguesa e Europeia"
terça-feira, 26 de abril de 2011
Redes sociais e negócios – uma relação estreita
sábado, 23 de abril de 2011
Tolerância de ponto o que nos trazes?
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Portugal… Política e Economia
quarta-feira, 20 de abril de 2011
No wings
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Nenhuma surpresa
segunda-feira, 11 de abril de 2011
FMI em Portugal, a ajuda inevitável, o pedido tardio
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Consumismo vs endividamento
Num país tantos anos reprimido, onde a pobreza vingou no dia-a-dia da nossa sociedade, nas últimas décadas a nossa história mergulha-se em falsa ostentação e muitas aparências! Tem-se vindo a verificar um incremento bastante considerável no consumismo, principalmente devido à publicidade que é cada vez mais apelativa. O poder do marketing publicitário alicia os consumidores a comprarem, a experimentar sensações, toda a ilusão da publicidade promove um enorme desejo de conhecer novos produtos. No entanto, o grave problema que advém da publicidade é a necessidade que esta provoca nos consumidores em comprar por vezes o desnecessário (o simples ato de consumir transforma-se em consumismo). É alegado por muitos que este problema é uma consequência do capitalismo e da estrutura de sociedade que é presenciada na actualidade.
Desta forma, um consumidor mesmo sendo racional, facilmente é tentado a comprar e independentemente de género ou raça, o consumismo acompanha toda a gente, de uma forma mais ou menos evidenciada. Mas será isto sustentável?
Um forte problema associado a este acto de consumir é o endividamento. É sabido que, actualmente, muitas famílias portuguesas estão endividadas, sendo que apenas a Holanda (da zona euro) nos supera relativamente ao endividamento dos particulares. As notícias da actualidade marcam de forma clara este problema: desde a década de 90, o peso das dívidas no rendimento disponível passou de 19,5% para 124%, ao passo que a taxa de poupança caiu de quase 20% para 8,3%. É também bastante discutido o problema que se levanta na decorrente procura ao crédito para satisfazer as necessidades dos consumidores que frequentemente se endividam.
Ora, mais uma vez, a publicidade é vista como a grande impulsionadora do problema. Anúncios publicitários de empresas credoras, para além das financeiras (por exemplo, a COFIDIS), são recorrentes quer na TV ou na internet. Facilmente o consumidor é estimulado a comprar porque, segundo estas empresas, estão solucionados todos os problemas relativos a dinheiro pois o pagamento do valor pedido (hipoteticamente) será feito com prestações muito baixas, e no caso de alguns “gold card” não existem mesmo prestações! Ora, esta falsa informação/publicidade enganosa, leva os consumidores a recorrerem facilmente aos créditos e não sabem eles que mais tarde vão sofrer a consequência: os juros suportados serão elevadíssimos por causa da ausência de prestações.
Mês a mês vão pedindo dinheiro, ou para ir de férias, ou para comprar carro, ou para ocasiões ou coisas sem qualquer importância e vão-se envolvendo numa bola de neve. Tudo isto se torna num ciclo vicioso, e as pessoas nem se apercebem do dinheiro que gastam e dão por elas à frente de um banco a pedir empréstimos e mais empréstimos... As famílias acabam por ter de pedir outros créditos para pagar as prestações dos primeiros, embarcando num mar de dívidas. Saliento o grave problema e a tentação do consumismo e deixo a advertência para que haja racionalidade no ato de consumir.
Sofia Lages
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
O estado das famílias ao fim de uma década de crise
Portugal está perante um verdadeiro pesadelo a nível económico, do qual os portugueses tentam fugir a cada segundo que passa.
O nosso país vive numa crise económica que perdura já por uma década. Praticamente, os jovens de hoje têm na lembrança da adolescência um país
Sabemos que a causa da crise esteve no crédito hipotecário e de consumo de alto risco nos Estados Unidos, motivada pela quebra do sector mobiliário. Depois de iniciada a crise, de começar a abrandar o crescimento económico nos EUA, rapidamente se deu o abrandamento do crescimento também na zona euro. Esse efeito é bastante visível sobre a forma de falências, aumento de desemprego, diminuição do consumo, investimento e exportações, que são impulsionadores importantes de uma economia.
Agora, resta-nos perguntar como estão as famílias no meio de toda esta crise que Portugal há muito tenta travar, mas que nada ou pouco tem conseguido fazer?
Famílias, poucas são aqueles que se conseguem manter ilesas a esta crise. A maioria, essas sim podem dizer o quanto esta crise as afectou. O maior problema que as famílias enfrentam está nos seus compromissos com a casa, contudo, o seu consumo também foi fortemente afectado pelo corte que este teve de sofrer devido à diminuição do rendimento disponível das mesmas.
Podemos, contudo, analisar dois efeitos da crise sobre as famílias. Por um lado, as famílias já formadas deparam-se com perda de emprego, dificuldades em pagar a renda de casa ou o empréstimo bancário, principalmente pela forte subida dos juros, assim como cortes no consumo devido à falta de meios financeiros que atravessam. Por outro lado, uma consequência mais grave pode ser referida a nível estrutural. Actualmente, o número de pessoas a constituir famílias diminuiu. Isto é, com o agravar da crise, com a constante subida das taxas de juro, com as fortes incertezas acerca do futuro de Portugal e de nós mesmos enquanto cidadãos, é cada vez maior o medo de formar uma família. Este facto é bem visível quando olhamos para a diminuição de casamentos, principalmente em idades jovens, pelo que cada vez mais se vêm jovens a sair de casa dos pais mais tarde, perto dos trinta anos. Os casamentos diminuíram assim em 6,6%, o que se traduziu em 3,8 casamentos por cada mil habitantes. Em termos evolutivos de 2003 para 2009, essa diminuição é mais notória, foi de 24,8%. Por outro lado, o número de famílias com apenas um filho aumentou de 31,3%, em 2008, para 32,2%, em 2009. Isto, em detrimento das famílias com dois ou três filhos, que perderam 0,7 e 0,2 pontos percentuais, respectivamente. Consequentemente, o número de famílias com mais de três filhos também diminuiu. E como seria de esperar pelo cenário já apresentado, a idade da mulher, em média, ao ter o primeiro filho também aumentou, situando-se nos 28,6 anos, comparativamente aos 27,4 anos, em 2003.
A crise afectou assim não só o padrão de vida das famílias como também os planos futuros de muitos jovens. Hoje em dia, os jovens querem não só constituir uma família como também querem lutar por uma carreira, por um futuro melhor. E o estado em que o país se encontra não facilita em nada esses planos à nossa geração jovem. Está mais do que visto que Portugal precisa urgentemente de medidas/soluções permanentes e não mais de paninhos quentes para tentar tapar os olhos aos portugueses.
Na minha opinião, tal só começará a acontecer quando a ajuda externa chegar a Portugal e este adoptar finalmente medidas rígidas para os próximos anos, para que assim se possa começar a respirar de alívio e voltarmos a ter confiança na melhora do nosso país e de um futuro melhor.
Cláudia Oliveira
Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Indicadores Sociais de 2009
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
1000 Milhões (respirem, não vou falar dos lucros da EDP)
A efacec é sem dúvida um caso de sucesso da economia portuguesa. Hoje está presente em mais de 65 países espalhados pelo globo, tendo como objectivo duplicar a sua dimensão em 5 anos.
Começou a apostar no mercado externo, através de agentes e filiais, em 1987. Nessa altura as suas vendas para o exterior eram essencialmente de dois produtos: motores eléctricos e transformadores.
Passado 10 anos entra numa nova fase da sua internacionalização, com a constituição de joint-ventures. Aqui está uma das razões do sucesso da empresa, soube compreender que a globalização trazia uma serie de desafios. Um deles era que não podia ficar por Portugal. Nunca conseguiria ombrear com os grandes player’s mundiais, como a Siemens e a Alcatel, se ficasse enclausurada no rectângulo lusitano. Por esta altura pega no seu know-how e junta-se a parceiros locais em pontos tão distantes como a China. Esta presença em várias geografias permitiu-lhe estabelecer uma relação mais forte com os seus clientes, e ao mesmo tempo conquistar muitos outros.
É uma empresa que sempre procurou inovar especializando-se em algumas áreas com futuro como a energia, o ambiente e o negócio da logística. O segredo da efacec foi sempre trabalhar em Portugal para a excelência e inovação, e depois ter a coragem de tentar vender (e depois replicar) lá fora o que fazia aqui. Nunca teria ganho, por exemplo, o concurso do metro de Dublin se não tivesse feito o metro do Porto. Mantendo-se na vanguarda da tecnologia e apostando na criatividade a efacec hoje abre fábricas nos EUA, enviando engenheiros americanos para Portugal para aprender os seus métodos inovadores e únicos.
Embora o seu caminho tenha sido sempre pujante é injusto não ter uma palavra com a actual gestão. Esta tem sido capaz de levar a efacec ainda mais longe. Os objectivos eram e são ambiciosos, mas os números são esclarecedores. Em 2009 o volume de negócios aumenta 26%. No mercado externo este aumento situa-se nos 30%, entre 2008 e 2009 criou quase 1000 postos de trabalho, 500 qualificados e
Dr. Luís Filipe Pereira foi o presidente da efacec durante este período, e prepara-se agora para abandonar o cargo por causa da política da empresa que define que quem faz 65 anos num mandato tem de abandonar as suas funções executivas no final desse mandato. Parece-me uma política talvez desajustada, mas a verdade é que foram os donos da efacec, o Grupo Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, que trouxeram a empresa até aqui e por isso eles, melhor que ninguém, saberão o que estão a fazer.
Por último queria relembrar que o Dr. Luís Filipe Pereira foi ministro da saúde ainda nos recentes governos PSD/CDS o que mostra que a competência ainda não está de costas viradas para a politica. E não consigo resistir à tentação de sublinhar que não saiu do ministério da saúde para nenhuma farmacêutica ou coisa parecida...
Valdemar Machado
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Endividamento! A importância de saber parar
Nos dias de hoje são inúmeros os medos e as preocupações que assaltam a vida e a consciência de toda a sociedade. O “ fantasma” do desemprego, a perda do poder de compra e o endividamento das famílias são problemas que assombram todos os portugueses levando a uma mudança de hábitos de consumo reflectindo uma alteração de comportamentos culturais e sociais.
Portugal, à semelhança com outros países, tem verificado um aumento preocupante do endividamento das famílias devido de certa forma ao reduzido incentivo à poupança por parte dos consumidores e ao seu espírito consumista, e tendo em conta a situação actual está longe de apresentar melhores resultados.
No caso português, esta problemática teve inicio aquando da sua adesão à Zona Euro e ao processo de convergência que a procedeu, dando origem a uma era de estabilidade de preços, acompanhado pela forte concorrência, verificada a nível das instituições bancárias que permitiu o incremento da disponibilidade, diversificação e sofisticação dos produtos financeiros bem como uma maior acessibilidade e rapidez de resposta, seguida por sucessivos aumentos das taxas de juro e a situações correntes de desemprego. É de salientar que na maioria das vezes a informação fornecida pelas instituições bancárias não é apresentada de forma clara e transparente, de modo a que os consumidores possam decidir de forma racional e sustentada contribuindo assim para um consumo desenfreado.
Porém, a culpa não pode ser atribuída apenas às instituições bancárias mas também à irresponsabilidade do próprio indivíduo que não resistindo ao bombardeamento da publicidade de crédito fácil, cedem às suas tentações e desejos.
No entanto, não podemos olhar para o recurso ao crédito apenas como um aspecto negativo uma vez que quando realizado com moderação e de forma consciente permite aos consumidores obter benefícios possibilitando, deste modo, a satisfação das suas necessidades presentes através utilização de recursos futuros. Mas, este tem de ter a perfeita noção de que para além da satisfação das necessidades do “hoje” é fundamental assegurar a satisfação das necessidades do “amanhã”, isto é, é necessário garantir a sustentabilidade futura. Assim sendo, a poupança torna-se crucial uma vez que o futuro comporta a incerteza podendo surgir de um momento para o outro despesas inesperadas.
Assim, na minha opinião o que deve preocupar os portugueses não é o endividamento em si, mas a forma como estes se endividam e a susceptibilidade de este se tornar num endividamento excessivo, o que se mostra grave, principalmente quando este acontece por mera negligência do consumidor. A vontade de “ter sempre mais e melhor que o nosso vizinho”, viver num mundo irreal e inconsciente leva a situações de total desespero onde os indivíduos, depois de acumulados diversos créditos, entram numa verdadeira “espiral de endividamento”.
Atendendo à situação presente pode-se dizer que os cidadãos portugueses só agora compreenderam o significado do conceito de endividamento, e que num passado não tomaram as melhores decisões de consumo, pois são inúmeras as famílias que foram obrigadas a mudar a sua maneira de viver e moderar os seus gastos, abdicando de todos os seu luxos e despesas supérfluas.
Actualmente, cada vez mais são as famílias que recorrem a centros de aconselhamento, onde é analisada cada situação e são apontadas soluções na tentativa de minorar o efeito do endividamento, e a centros alimentares, onde são assegurados os bens essenciais para a sua sobrevivência.
Apesar deste panorama desfavorável, não podemos permitir que a realidade do endividamento que nos persegue tome conta de nós. É necessário definir prioridades e planear gastos de forma a combater esta tendência crescente do endividamento. E uma possível solução para ajudar a resolver esta situação poderá ser a melhoria salarial sustentada pelo acréscimo da produtividade.
Cátia Cunha
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
terça-feira, 5 de abril de 2011
Desemprego entre os Jovens
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, a taxa actual de desemprego entre os jovens com menos de 25 anos é preocupante, superando os 22%, o que equivale a cerca de 100 mil jovens portugueses sem emprego.
Esta situação representa um grave problema para Portugal, sendo já considerado por representantes do Governo como um problema de “dimensão profunda”.
Ao analisar a evolução da taxa de desemprego, é possível verificar que no 4º trimestre de
Nos dias de hoje, os jovens deparam-se com dificuldades na procura de emprego, e quando surge a oferta de trabalho, verifica-se que as condições são precárias e os vínculos não renováveis (como por exemplo, os estágios).
Qual a razão deste problema? Estará em causa o valor dos jovens?
A justificação para este problema não pode ser a falta de conhecimentos dos estudantes portugueses, já que Portugal tem actualmente, entre os seus cidadãos, os jovens mais qualificados de sempre.
Será possível reverter esta situação que tanto embaraça o nosso país?
Esta problemática, tal como outras importantes da actualidade, apenas serão resolvidas quando os partidos políticos abdicarem dos seus interesses partidários e deixarem de ter como principal objectivo a vitória das suas guerras internas e fizerem o que lhes compete, ou seja, apresentarem soluções credíveis e realizáveis aos jovens portugueses.
Acredito que com mais incentivos fiscais para as empresas e com o aumento dos benefícios para as iniciativas inovadoras (que não faltam, apenas não têm um meio rentável e eficaz para se darem a conhecer), poderão surgir soluções benéficas para o combate do desemprego que impera em Portugal.
Por conseguinte, resta-nos a esperança de que os nossos governantes percebam e se empenhem, com plena consciência, de que o futuro do nosso país passa pelos nossos jovens e que, por isso, o investimento e a confiança nos mesmos deveriam ser uma prioridade.
Contudo, o desafio actual de cada jovem passa por ir ao encontro das suas próprias oportunidades com uma atitude pró-activa. A recente manifestação da “Geração à Rasca” deveria ser substituída pela “Geração Desenrasca”, que em vez de ficar à espera de novas oportunidades, parte à conquista das mesmas.
Com a entrada de Portugal na União Europeia, deixámos de ser uma comunidade de 10 milhões para sermos uma comunidade de 500 milhões, tendo os jovens uma excelente oportunidade, pois, agora “mais portas se abriram”.
Atendendo às “limitações” que em Portugal são uma realidade viva, temos e devemos procurar soluções alternativas e confiar nesta geração que para além de “desenrascada” será aquela que construirá um país mais competitivo, com o objectivo de devolver ao nosso país o valor que já em tempos remotos, mas áureos, nos foi merecidamente reconhecido.
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
sábado, 2 de abril de 2011
A ameaça da zona monetária óptima Europeia
A actual crise internacional, conhecida como a Crise da Dívida, começou em 2007, nos EUA, depois de uma bolha especulativa no mercado imobiliário, e depressa se espalhou por todo o mundo.
Actualmente a União Europeia, mais precisamente a Zona Euro, parece ser a mais afectada. Recuando um pouco no tempo, muitos eram aqueles que não acreditavam no projecto de Zona Monetária Óptima da União Europeia, pois existiam inúmeras divergências entre os países, no entanto este projecto avançou e apesar de um ou outro obstáculo, parecia bem sucedido até meados de 2007. Este aparente sucesso, fez com que a cotação do Euro subisse em relação ao dólar. Em 2002, o Euro e o dólar valiam aproximadamente o mesmo, a partir daí a cotação do Euro subiu em flecha atingindo máximos históricos em 2008, chegando à casa dos 1,6 (onde 1€ chegou a valer cerca de 1,6 dólares).
Os EUA, maior potência mundial, parecia ameaçado pelo Euro. Em 2007 começavam a aparecer sinais de desequilíbrio nos EUA, a falência do Lehman Brothers ditou o começo de uma das crises mais profundas que há memória. Esta crise atingiu em cheio as fragilidades da Zona Euro. Os primeiros a sentirem dificuldades foram: Grécia, Irlanda, Portugal e Itália, uma vez que eram os países mais “fracos” e suportavam uma moeda muito forte. Actualmente, os EUA estão em recuperação, enquanto que para a União Europeia tal cenário parece uma miragem. Uma vez que, a economia Norte Americana é mais elástica do que a da União Europeia, e conseguiu responder mais eficientemente às exigências colocadas.
Diariamente, ouvimos notícias desencorajadoras, como as que apregoam que as agências de rating vão baixar a classificação de um ou outro país da Zona Euro, ou que se torna impossível adiar a vinda do FMI a Portugal.
Confesso, no entanto desconfiar de todas estas calamidades que vêm assombrar os países da zona euro. Concordo que a dívida soberana é elevada, mas sinceramente não acredito no risco de incumprimento. Este tem sido utilizado como motivo das elevadíssimas taxas de juro a que a dívida destes países é vendida. Atrevo-me mesmo a dizer que foi muito pertinente para os EUA e para o Dólar este descalabro da zona euro. O rating é feito pelos EUA, o FMI está sedeado nos EUA assim como o Banco Mundial. A verdade é que os Estados Unidos da América continuam a dominar os mercados financeiros, e influenciam, como ninguém os especuladores.
Exige-se à União Europeia uma atitude firme, determinada e provas que está a trabalhar em algo real, algo convincente que trará benefícios e progressos. Necessita de convencer os especuladores que não deixará nenhum país sair derrotado deste projecto. É necessária a discussão de modelos de regulação financeira e o controlo da dívida soberana dos países da União Europeia. Deveria ser criado um Fundo Europeu maior, mais eficiente, continuo e sobretudo mais independente do que o actual Fundo de Estabilização. Assim como, formar uma agência de rating Europeia, promover a produtividade e estabilizar a Política da Zona Euro. Esta é a prova dos nove ao projecto da Moeda Única, à qual temos de passar com distinção.
Na consequência desta necessidade, surgiu do parlamento Europeu o novo Fundo de resgate. Este, tem sido discutido desde o final do ano passado. A capacidade efectiva de financiamento do Instrumento Europeu de Estabilidade Financeira, começou por ser de 250 bilhões de euros, no entanto irá ser elevado para o valor nominal de 440 bilhões. Apesar de tudo, ainda não estão completamente definidas as exigências que irão ser reclamadas aos possíveis utilizadores deste fundo.
A teimosia Portuguesa, em adiar a vinda do FMI (nada desejável, mas infelizmente necessária), deve-se na minha opinião, à necessidade da EU em solucionar os seus próprios problemas. Ou seja, tem-se adiado a ajuda externa, que todos notam como necessária, para recorrer a uma ajuda “interna”. Devo referir que a ajuda do FMI à Irlanda e a Grécia, não lhes trouxe tréguas por parte dos mercados. Além disso, estão a ser implementadas medidas muito rigidas, nomeadamente o corte salarial, que tem afectado imenso o consumo das famílias. Talvez não tenha sido completamente impertinente a espera pela intervenção Europeia. No entanto, penso que a demora está a ser demasiado elevada, tem de se fazer algo, e rápido, pois a situação está a ficar insustentável.
Para agravar a situação, Portugal está no meio de uma crise política, elevando ainda mais a desconfiança geral em relação à nossa capacidade em pagar a dívida contraída. Curioso é o facto de que os partidos parecem entender-se melhor com um governo transitório, do que com um governo minoritário. Apesar de compreender as razões que levaram à dissolução do Parlamento, a fase de eleições tem a desvantagem de ser um período instável e muito dispendioso, pede-se aos partidos seriedade e contenção.
Neste cenário catastrófico e preocupante, resta-nos esperar para ver. É impossível delinear cenários, a instabilidade é elevadíssima. Só posso deixar a opinião, de que são necessárias fortes medidas para que recuperemos a confiança dos credores.
Cátia Cristina Afonso Cerqueira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]