sexta-feira, 6 de abril de 2012

Alargamento da UE e impacto em Portugal!

O Alargamento da UE a leste foi progressivo sendo que a primeira etapa foi em 2004 e a segunda em 2007. Esse alargamento não foi só politico (politicas comuns) mas também comercial e monetário no sentido de melhorar a coesão e criar uma União Europeia mais forte, expandir as redes de negócios da União europeia  (por exemplo, a Jerónimo Martins está presente na Polónia e o BCP também).
 Ao longo desses anos, Portugal perdeu competitividade nos seus sectores calçado / têxtil para países de Leste não só porque os salários são comparativamente mais baixos mas também porque têm processos de fiscalização mais simples (por exemplo, em Portugal os encargos para as empresas são elevadas e têm vários impostos a pagar).
 Não só Portugal foi atingido. Várias indústrias, como a do automóvel deslocalizaram as suas actividades da Alemanha para os países de Leste.
 Essa aventura Europeia que tinha como objectivo aproximar os países, criar uma unidade forte fez com que alguns países ficassem prejudicados e outros avantajados já que a politica fiscal Europeia não é única.
 Apesar disso, Portugal tem vindo a aumentar as suas exportações ao longo dos anos e protegeu as suas indústrias promovendo a inovação (por exemplo, as industrias têxteis especializaram-se em diferentes tipos de têxteis de alta qualidade, nas quais ainda há pouca concorrência). Assim, as indústrias mais inovadoras não resistiram a esse processo de alargamento.
 Em consequência, a taxa de desemprego naqueles países tem vindo a diminuir enquanto a de Portugal tem vindo a aumentar. 
 Ao nível do PIB português, desde os anos 2000 tem sido estagnante ou até depressivo, como é o caso dos últimos anos
 Com a abertura à tecnologia, a produtividade desses países tem vindo a aumentar francamente, o que criou vantagens comparativas (combinação salários baixos e boa produtividade).
 É de realçar que a evolução dessas variáveis estruturais  em Portugal não é devida unicamente ao alargamento da UE. Podemos ainda falar das politicas expansionistas e irresponsáveis do governo nos últimos 5 anos e uma conjuntura não favorável, que criou uma crise de confiança no investimento português, tanto como uma indústria antiga e que não acompanhou as mudanças e a actualização do mercado.
 Em suma, sendo que Portugal age geralmente como um pais de Leste (similaridade na estrutura de exportação), alguns autores consideraram que Portugal tem sido um dos países menos beneficiado pelo alargamento.
Assim, colocamos outra vez a questão da união politica e fiscal (convergência mas não união). Será que uma união total nesses domínios poderia suprimir ou suavizar os choques que apareçam em diversos regiões sendo que a politica seria comum e mais bem organizada? Seria benéfico ou inconveniente? E em que aspectos? Os Estados Unidos da Europa poderiam afirmar a União Europeia como superpotência ou o orgulho nacionalista é demais para viabilizar essa realidade?

Matthieu Barbosa

Bibliografia:
Caetano, José ; Galego, Aurora; Costa, Sofia (2005): Portugal e o alargamento da União Europeia: alguns impactos sócio-económico.
Fontoura, Maria Paula e Nuno Crespo [Orgs.] (2004), O Alargamento da União 

Europeia - Consequências para a Economia Portuguesa, Celta Editora, Oeiras. 
http://ec.europa.eu/eurostat

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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