segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Porque crescemos tão pouco?

Ao analisar o comportamento do PIB português nos últimos dez anos assistimos a um crescimento medíocre situado, em média, abaixo de 1%. A questão relevante centra-se em perceber a disparidade em comparação com a performance dos anos 80 e princípios dos anos 90, onde os acréscimos na riqueza rondavam os 4%.
Na verdade, assisto diariamente a dizer-se nos ínfimos programas de comentário político-económico que os problemas para tão baixo crescimento devem-se essencialmente à baixa taxa de investimento. Todavia discordo totalmente, uma vez que julgo que a questão central não é a quantidade mas sim a qualidade. Ou seja, o problema nacional não se reflecte no que concerne à falta de investimento; é de investimento onde o mesmo não faz sentido. Clarificando, é um facto que na última década houve uma aposta em novas infra-estruturas, nomeadamente rodoviárias. Dir-se-ia mesmo que as famosas vias de comunicação, que aproximam o interior do litoral, tiveram o efeito oposto: intensificação da bipolarização geográfica, onde o desinvestimento em certas regiões ajudou a desertificar o interior. Outra perplexidade prende-se com a existência de auto-estradas paralelas com exactamente o mesmo sentido. Além disso, outro exemplo perturbante é o actual estereótipo gerado à volta do ensino superior: “todos devem ser doutores”. Concordo que ter uma mão-de-obra qualificada ajuda a fomentar o crescimento económico, mas a questão prende-se com a excessiva oferta, agravada com perda de qualidade. Por outro lado, tem falhado sim o investimento essencial no ensino profissional, reflectido na “Desindustrialização” da economia portuguesa, principal problema em comparação com outras vigorantes décadas.
Assim sendo, na minha opinião, o problema centra-se no facto do investimento ter sido canalizado para sectores ligados à procura interna, isto é, os bens não transaccionáveis. Esta aposta, sobretudo no consumo, de forma a sustentar o crescimento da economia portuguesa é ingénua e chocante quando nos lembramos dos chamados “elefantes brancos”. Em comparação com países de semelhante dimensão geográfica e populacional, como a Suíça, a Holanda, a Irlanda e a Bélgica são exemplos de economias pequenas abertas ao exterior, cujo modelo de crescimento assenta sobretudo na aposta no sector exportador. Por outro lado, é crucial colmatar deficiências ao nível da concorrência, fiscalidade elevada, administração pública obsoleta, barreiras ao investimento, baixa celeridade na justiça (burocracia), etc.
É necessário ter coragem para corrigir os problemas aqui identificados, de preferência no curto prazo, uma vez que, como diria J. M. Keynes, “No longo-prazo estaremos todos mortos”. Dirão que será normal um país saído de uma ditadura de cerca de 40 anos precisar de tempo para crescer em democracia, mas convém não adormecer na forma.

André Torres Oliveira da Silva 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

União Europeia ou Utopia?

Um dos principais fundamentos da existência de uma União Aduaneira consiste na ausência de fronteiras internas, no que concerne ao comércio. Vivendo numa União Europeia, há medidas que vão para além do comércio: a criação de laços políticos é uma das realidades desta União.
Entre os objectivos da União, pode-se ler: "O desenvolvimento sustentável da Europa, assente num crescimento económico equilibrado e na estabilidade dos preços, numa economia social de mercado, altamente competitiva, que tenha como meta o pleno emprego e o progresso social e num elevado nível de protecção e de melhoria da qualidade do ambiente.".
Quando um dos objectivos remete para metas como pleno emprego e progresso social, olhando para Portugal, teremos nós alcançado tal objectivo em 27 anos de União Europeia?
Não podemos falar em estabilidade de preços, muito menos em pleno emprego quando dados do Eurostat remetem para uma taxa de desemprego de 16.5% e olhando para a taxa da UE (27 países), esta situa-se nos 11%. No entanto, comparando o nosso país com a Alemanha reparamos numa taxa de 5.3%, ou com Dinamarca, que apresenta no mesmo período uma taxa de 6.7%.
Se viver em União é sinónimo de igualdade, dignidade, democracia e liberdade, será que não existem para além das barreiras linguísticas, barreiras económicas e políticas?
Estudos comprovam que os níveis de desemprego devem-se às qualificações escolares detidas. Observando os dados disponíveis de 2008, Portugal tinha uma despesa pública total em educação de 4,9% do PIB, e no mesmo ano a Alemanha apresentava um valor de 4,6%. Podemos dizer que não gastamos o suficiente ou gastamos até mais que outros para qualificar os jovens do nosso país, mas temos uma taxa de desemprego bastante elevada comparada com a Alemanha.
Estes dados não transmitem a realidade por inteiro, pois existem bastantes desigualdades em outros campos da história da UE que de certa forma deixam-me pensar se esta criação europeia não será apenas um lugar que não existe.
Finalizando, se vivemos numa União, deveria existir igualdade entre os estados-membros, onde não existissem realidades dispares, onde alcançaríamos os objectivos da União Europeia, ou pelo menos atenuaríamos as diferentes realidades.
Cada país tem o seu ritmo, a sua economia, a sua política, e dentro da União o seu peso, que aparenta ser igual numa utopia, mas na realidade a balança não se equilibra.
 
Elisabete Alves Mendes Miguel

Fontes:
http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=69&lang=pt

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Geração do Desemprego

Quando estamos no último ano de faculdade, começamos a pensar na possibilidade de para o próximo ano começarmos a trabalhar.
Mas a realidade é completamente diferente: quando começamos a olhar para a taxa de desemprego em Portugal no 2º trimestre de 2013, observamos um valor de 16,4%, segundo o INE. A situação piora, pois, sendo um jovem entre os 15-24 anos, a taxa de desemprego situou-se nos 37,1%.
Como podemos pensar actualmente num futuro melhor daqui a um ano? Torna-se um sonho quase impossível quando pensamos não só na crise mas também no que está a acontecer a muitos jovens que apenas conseguem empregos periódicos.
É possível observar que nos países mais ricos abundam os contratos temporários, logo há menos facilidade na aquisição de experiência e aptidão, por outro lado, nos países mais pobres, segundo o Banco Mundial, um quinto da população são trabalhadores não remunerados ou que trabalham na economia informal.
Alguns estudos com base em estatísticas americanas mostram que as pessoas que começam as suas carreiras sem emprego tendem a ter salários mais baixos e maiores probabilidades de futuro desemprego.
Podemos então concluir que metade dos jovens no mundo não trabalham na economia formal e não contribuem produtivamente para a economia, logo, neste contexto, é difícil ser-se optimista. Apenas podemos esperar que a situação melhore, pois ainda temos esperanças que os formuladores de políticas invistam e escolham, de modo a que o problema do desemprego nos jovens seja superado.

António Luis Alves Mendes Miguel 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Shadow economy, Tax Evasion and Corruption

«Caros Colegas, 
Venho por este meio informar da realização do próximo seminário NIPE: 
18 de Setembro 2013 (Sala de Executivos (EEG) - 13h30), apresentado por Friedrich Schneider (Johannes Kepler University of Linz) - 
Mais informação sobre os Seminários NIPE em: 

Cumprimentos, 
Dina Guimarães 
_____________________________________ 
Núcleo de Investigação em Políticas Económicas 
Escola de Economia e Gestão
Universidade do Minho
Tel: (NIPE) 253 604 517 
Fax: (EEG) 253 601 380» 

(reprodução de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio eletrónico, proveniente da entidade identificada)