“Somos
campeões europeus de futebol! Boa, somos os melhores!” Isto será mesmo assim?
Seremos mesmo os melhores? A resposta é não. Claro que em termos desportivos,
com a conquista do Euro 2016 garantimos que somos os melhores da Europa no
futebol, mas e no resto? O que terá trazido de bom a conquista deste grande
título?
Ainda
antes do início do campeonato europeu de futebol, o Instituto Português de
Administração e Marketing (IPAM) fez um estudo em que concluiu que a conquista
do EURO 2016 por Portugal traria um prémio de 609 milhões de euros para a
economia portuguesa. Inicialmente eram poucos os que acreditavam na vitória,
mas a verdade é que com o decorrer deste campeonato a confiança do nosso povo
foi aumentando e com este aumento de confiança houve também um aumento de
receitas para a economia portuguesa. Claro que tínhamos vantagens nas bancadas,
pois era como se estivéssemos a jogar em casa. Ora isto traz um assunto
considerado problemático para Portugal que, neste caso, foi uma grande ajuda: a
avalanche de emigração que se deu nos últimos anos para França.
Desde há muitos anos
para cá, que a França tem sido um dos destinos de eleição para os portugueses
emigrarem. Ora se eles emigram, é porque não estão bem cá e ao emigrarem não
estão a ajudar a economia portuguesa. Mas não nos vamos dispersar. “Somos
campeões europeus!” Alguém imaginaria que este ano podíamos gritar isto em voz
alta? A resposta é sim: o IPAM. Segundo as contas que eles fizeram antes do início
do Europeu, uma boa prestação de Portugal seria uma enorme lufada de ar fresco
na economia portuguesa.
As
contas são fáceis de se fazer: passamos a fase de grupos que nos rendeu à volta
de 199 milhões de euros, a fase de estágio valeu-nos 117 milhões de euros e
mais 169 milhões de euros provenientes dos jogos mais importantes tais como,
oitavos-de-final, quartos-de-final, meia-final e final. Isto tudo somado dá
cerca de 485 milhões de euros. Nada mau, certo? A este montante, o IPAM acrescentou
o restante valor que perfaz os 609 milhões de euros provenientes do tal apoio e
da sensação de jogar em casa. Sim, aproximadamente 124 milhões de euros foram
ganhos pelo marketing à volta da Seleção Nacional. Segundo o gabinete de estudo
de Marketing para o desporto do IPAM, indicadores como publicidade, vendas de
produtos oficiais, viagens para apoiar a seleção e consumos na restauração
foram tidos em conta e geraram, como disse anteriormente, cerca de 124 milhões
de euros.
Portugal
está e estará nas bocas do mundo, pela positiva, nos próximos tempos e com todo
o mérito. Parece incrível Portugal estar associado a algo positivo na Europa e
no resto do mundo, visto que somos sempre associados a notícias menos boas,
principalmente no que tem a ver com a Economia. A verdade é que estamos e toda
esta euforia vai ficar na História de Portugal para sempre. Mas será mesmo
assim tudo perfeito?
Até
agora apenas vimos vantagens e indicadores bons da conquista do EURO. E quando
assentamos os pés na Terra, será que este sonho continua a ser um sonho ou já
passa a um mini pesadelo? Rui Paulo Figueiredo, jurista de profissão e escritor
de artigos de opinião do Diário Económico, olha para a outra perspetiva da conquista
do EURO: a economia. É verdade, os 609 milhões de euros já ninguém nos tira,
mas o que representam eles para a nossa economia? Rui Paulo Figueiredo não quer
de certeza acabar com a euforia da nossa conquista, mas vem alertar-nos que não
é todos os dias nem todos os meses que conquistaremos campeonatos da Europa e
que “Se
o controlo da despesa pública corre bem, as previsões de crescimento do nosso
PIB têm vindo a baixar.” Segundo Rui Paulo Figueiredo, devemos aplicar este
dinheiro extra no investimento e nas importações de modo a reduzir a dívida,
incentivar o crescimento de Portugal na economia Europeia e Mundial, atrair o
investimento estrangeiro, atrair turistas e promover as riquezas naturais do
nosso país. Este dinheiro ganho não deve ser usado como maioritariamente das
vezes é usado: para servir os bens dos políticos e aumentar ainda mais os
gastos do Estado, isto é, beneficiar quem não precisa, as pessoas do poder, e
prejudicar quem mais precisa, a maioria da população. Os 609 milhões de euros
dão uma enorme ajuda, no entanto não são a solução da nossa economia nem a
chave para o sucesso do nosso país, uma vez que este valor representa apenas
uma gota no oceano que é a nossa dívida pública. Citando o jurista, que nos diz
que para termos sucesso como tivemos no EURO 2016 “Temos de ter estratégia como
Fernando Santos, liderar como Ronaldo e sermos, enquanto país, determinados
como este grupo de campeões. Só assim cresceremos na economia como precisamos!”
Ana
Margarida Magalhães Seara
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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