Face à crise dos refugiados que se
sente na Europa, algumas instituições Europeias tentam minimizar o drama
humanitário, respondendo às necessidades de quem chega à costa do nosso
continente, fugidos da guerra. Seremos nós, os europeus, assim tão dignos dos
benefícios que esta “invasão” de refugiados nos traz?
São milhares os que de facto chegam
até nós todos os dias com o intuito de sobrevivência e com esperança de um
futuro mais risonho. Contudo, o aumento desse número, bem como as imagens
divulgadas pelos média, têm criado sentimentos contraditórios entre os
europeus, variando entre empatia e solidariedade e a angústia e egoísmo.
É assustador observar a rapidez com
que os “valores europeus” são dizimados perante tamanha pressão proporcionada
pela dita crise. Contudo, as principais vítimas não são os europeus e muito
menos a Europa em si. Trata-se da Crise dos Refugiados - Os Refugiados da
Desavença. Isto é, pelo menos para alguns europeus que os intitulam assim e que
admitem que “o melhor seria fechar-lhes a fronteira e aproveitar a nossa paz”
ou “Antes eles do que nós”. “Pessoas ignorantes” penso, “mas que culpa têm eles
das religiões fanáticas que os assombram e do cenário de guerra que se
instalou? Ninguém merece ter que enterrar a sua família!”. E como este, há
outros tantos motivos que visam assustar os residentes da Europa, passando a
citar: “Portugal não tem condições para acolher este fluxo de pessoas”, o que
mais uma vez não é necessariamente verdade!! É preciso saber distinguir entre
as pessoas que são vítimas das flutuações abruptas do mercado capitalista
daquelas que são vítimas dos ambientes de guerra vividos por décadas na região
do médio oriente (porém, atenção! não pretendo incrementar desvalorizações).
Pois bem, a história dos refugiados já
toda a gente conhece, e eu não me vou estar a repetir. É certo e sabido que a
sua vinda pode ter causado algumas preocupações e um pouco de desordem no
quotidiano da Europa, contudo um problema jamais se resolve erguendo barreiras,
mas sim administrando as pressões e os riscos de forma a beneficiar ambas as
partes e, como em tudo, há um lado positivo nesta dramática história.
A Europa continua a estar muito longe
da Crise dos Refugiados existente em outros locais do planeta, quer na sua
capacidade financeira para lidar com estes novos fluxos, quer na quantidade de
refugiados que recebe. Note-se ainda que este fluxo migratório contribuiu para
a estimulação da economia Europeia, e ainda que o apoio a milhares de pessoas
possa, a curto prazo, ter custos elevados, segundo o FMI, o acolhimento e a
subsequente integração dos refugiados de uma forma eficiente e eficaz pode
trazer impactos económicos positivos. Contudo, evidenciaram-se algumas falhas
da política comum de asilo na UE e estão a levantarse dúvidas sobre a
capacidade de integração anteriormente falada.
Fomos “invadidos” mas nem tudo está
perdido! “Uma rápida integração dos refugiados no mercado laboral terá
importantes benefícios económicos, orçamentais e sociais”, afirma estudo
realizado pelo FMI.
Sabe-se que o crescimento de uma
economia depende do consumo e investimento. E, assim, um aumento populacional
impulsionará o consumo e estimulará a capacidade de produção do país,
contribuindo modestamente para o aumento do PIB (refletindo a expansão fiscal).
Há também a entrada de novas ideologias o aparecimento de novas
iniciativas/ideias associadas à criação de novos negócios, contribuindo para os
níveis de desenvolvimento. Já para não falar que, devido à grande flexibilidade
de mobilidade geográfica, os refugiados podem se deslocar para os locais onde a
oferta de trabalho é mais elevada e, consequentemente, quanto mais rápido estes
encontrarem um emprego, também mais rápido começam a ajudar as Finanças
Públicas através de contribuições para a Segurança Social e pagamentos de
impostos. E aqui refiro-me aos programas de reinstalação que permitem não só
dar uma solução mais gratificante aos refugiados, como também permitem uma
maior partilha dos encargos e das responsabilidades na gestão dos fluxos destes
em variadas regiões do mundo. Por fim, o FMI alega também que os refugiados
podem amenizar os problemas demográficos vivenciados na Europa, uma vez que
existem muitos idosos e poucas crianças, sublinhando que quem procura asilo na
Europa está a dirigir-se para países com baixos níveis de desemprego e não para
as regiões onde o problema de envelhecimento é mais severo.
Ainda que eu seja a favor do apoio a
estas pessoas, infelizmente, uma integração demorada ou sem eliminação das
barreiras a essa mesma integração, existentes em alguns países da EU,
proporcionará um impacto bastante negativo.
Bruna Macedo Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário