segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Turismo como meio de recuperação económica

O turismo é um sector que muito contribui para o bem-estar económico do país. Para além do seu impacto na Balança de Pagamentos, no Produto Interno Bruto (PIB) e do seu papel na criação de emprego, investimento e rendimento, é-lhe também reconhecida a função de “motor” de desenvolvimento de outras actividades económicas. A expansão do turismo tem a sua origem na Revolução Industrial e está relacionada com três factores: o aumento dos tempos livres; o progresso e desenvolvimento dos meios de transporte; e a melhoria do nível de vida, principalmente nos países mais desenvolvidos. 

A partir do início do século XX o turismo é considerado como uma actividade economicamente relevante. A actividade turística assume na sociedade contemporânea uma importância económica fundamental. Tanto a nível local ou regional, como à escala nacional e, mesmo, mundial, o turismo desempenha um importante papel enquanto gerador de riqueza e enquanto fenómeno capaz de contribuir para o desenvolvimento de economias deprimidas, nomeadamente, através do aproveitamento de recursos endógenos. 

É no início da década de 60, quando o fenómeno turístico apresenta um crescimento intenso a nível mundial que, em Portugal, se começa a criar um ambiente de interesse por este sector, tornando-se um sector estratégico. Desde então, Portugal centrou essencialmente a actividade turística num único produto: o produto tradicional “Sol e Mar”, mais conhecido pelo turismo dos 3 “S”. 

A competitividade com outros países, como a Espanha, Turquia, Marrocos, Croácia, entre outros, que oferecem o mesmo tipo de produto, alertaram-nos para a necessidade de diversificação da oferta. Para tal, tem-se procurado diversificar a oferta de produtos no sentido de, por um lado, combater a extrema dependência do turismo de “Sol e Mar” e, por outro, harmonizar o aproveitamento do espaço territorial português atendendo não só aos valores pessoais dos turistas, mas também ao fortalecimento da cultura e preservação do património. O “Plano Estratégico Nacional de Turismo” 2013-2015 (PENT) é disso exemplo, sendo o seu principal objectivo caracterizar o turismo em Portugal no que se refere à sua importância económica, principais países emissores, procura turística de novos mercados, sazonalidade, produtos turísticos e perspectivas.

Um dos primeiros eixos do PENT pretende precisamente o desenvolvimento de novos pólos de atracção turística, tais como: Açores, Douro, Litoral Alentejano, Porto Santo e Serra da Estrela. Para isso, selecciononaram-se os produtos que estas regiões podem oferecer: “Gastronomia e Vinhos”, “Touring Cultural e Paisagístico”, “Saúde e Bem-Estar”, “Turismo de Natureza”, “Turismo de Negócios”, “Turismo Residencial”, “City/Short breaks”, “Golfe”, “Turismo Náutico” e ainda o produto “Sol e Mar”. A oferta de novos produtos permite ainda atenuar outra característica do turismo: a sazonalidade. 

Resultado dessa evolução na oferta do sector turístico em Portugal foi o seu reconhecimento nos World Travel Awards 2014, também conhecidos como "Óscares do Turismo", no qual Portugal venceu na categoria de melhor organismo oficial de turismo europeu.  

Actualmente, verifica-se então uma grande aposta no turismo por parte do Governo e dos empresários do sector. O turismo é certamente a área de desenvolvimento económico em que Portugal revela maior potencial. Portugal tem mais de 11 milhões de visitantes por ano. O turismo representa acima de 10% do PIB, podendo atingir cerca de 15% na próxima década. Significa, aproximadamente, meio milhão de postos de trabalho, directos ou indirectos.

O turismo está a viver um bom momento. Tal como afirmou o Ministro da Economia, António Pires de Lima: «O turismo tem sido o campeão da recuperação económica, com o crescimento deste sector a registar valores superiores a 11% no primeiro semestre do ano». As receitas estão a aumentar. Existe capacidade instalada de boa qualidade em termos de infra-estruturas e de recursos humanos. A aposta no turismo como meio de recuperação económica vai continuar contribuindo para o PIB, para a exportação de bens e serviços e para a criação de emprego, sabendo-se porém que há ainda muito para ser feito. 

Ana Clara Pereira

Referências:
Público
Expresso
Plano Estratégico Nacional do Turismo PENT (Horizonte 2013-2015)
[...], Polytechnical Studies Review, 2010, Vol. VIII, nº 14, pp. 255-276

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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