Ninguém
antecipava que no passado dia 15 de setembro (mais de 5 anos depois!), a
agência Standard & Poor’s colocasse de novo a notação de risco de Portugal
em “investimento de qualidade”. Até ao momento, apenas a agência canadiana DBRS
permitiu o acesso de Portugal aos programas de compra de dívida pelo BCE,
possibilitando que o país conseguisse obter financiamento.
Mas
o que terá levado a agência norte-americana a tomar tal decisão? A S&P
destaca “o forte desempenho económico e orçamental”, com um crescimento do PIB
português, em média, de mais de 2%, entre 2017 e 2020. Em relação à componente
orçamental, salienta que a redução do défice de 1,5% este ano “coloca o rácio
de dívida pública sobre o PIB numa trajetória mais firme de descida”. Relativamente
à política monetária, o BCE irá apoiar Portugal no sentido de uma transição
para uma política mais suave. A recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e a
reestruturação acionista do BPI e do BCP levaram a uma melhoria do setor
bancário que foi fundamental para Portugal se tornar num país de investimento.
Apesar
de já não ter contrato com o Estado português desde o governo liderado por
Pedro Passos Coelho, a S&P continuou a avaliar Portugal e torna-se a
primeira grande agência a retirar o país do “lixo”.
Por
outro lado, a Moody’s e a Fitch, que completam o conjunto das três maiores
agências de classificação de risco, ainda classificam a notação de crédito de
Portugal como “alto risco”, embora com uma tendência positiva. Contudo,
espera-se uma nova avaliação por parte destas duas agências dentro de 1 ano que
poderá seguir o mesmo caminho da agência norte-americana.
Não
podemos negar que esta notícia seja fundamental para o governo e para o país,
pois irá permitir um acesso a “novos mercados”, com a atração de novos
investidores internacionais, maior credibilidade financeira, que permite obter
financiamento em melhores condições. Como é de esperar, também irá favorecer as
empresas nacionais e o comércio interno.
No
entanto, nem tudo é “um mar de rosas” e é necessário agir com prudência.
António Costa mostrou estar consciente da situação (ainda frágil) do país e
reagiu à decisão da S&P nos seguintes termos: “Temos que continuar a ter
rigor nas contas públicas”. Aproxima-se a data de apresentação do Orçamento de
Estado de 2018 e há uma certa pressão sobre o governo, quer por parte da
oposição quer por parte de Bruxelas, para ter em conta a despesa pública e as
metas a cumprir ainda este ano.
Será
que política económica e orçamental liderada por António Costa irá continuar a
levar Portugal no caminho do desenvolvimento e da prosperidade? Pois bem,
certamente que a oposição não esperava que tão cedo saíssemos do “lixo” (ou,
pelo menos, não queria acreditar), mas a verdade é que a “geringonça” para já
está a funcionar.
Carlota Marinho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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