O empreendedorismo é um dos temas de grande destaque que
normalmente surge em momentos de crise económica, pois é nele que alguns vêem a
solução para o problema. Nos últimos 15 anos temos verificado um aumento
de empreendedorismo nos jovens portugueses e esta opção é já encarada como alternativa à vida académica.
O
empreendedorismo é o fenómeno associado à atividade empreendedora, sendo esta
toda a acção humana em busca da criação de valor, através da expansão da
actividade económica, pela introdução de novos produtos, processos ou mercados. Ao empreendedorismo estão associadas inúmeras vantagens
económicas, como a criação de novas empresas, o que conduz a investimentos nas
economias locais, a criação de postos de trabalho, a melhoria na
competitividade empresarial, e a promoção de métodos, técnicas e modelos
inovadores. A complexidade dos dias atuais e a falta de qualificação dos nossos
jovens, exigem que o processo educativo estimule novos conhecimentos, que
promovam o desenvolvimento do potencial empreendedor, buscando valores como
autonomia, independência, capacidade de gerar o próprio emprego e de inovar,
porque são esses os valores sociais capazes de conduzir o país ao
desenvolvimento.
Em Portugal, a aptidão para
a criação de novos negócios é, desde há muito, conhecida. O nosso país apresenta
potencialidades para empreendedorismo, entre as quais a localização geográfica,
as infra-estruturas de transportes e as redes de telecomunicações. Possui,
ainda, um custo de capital humano bastante acessível (em comparação com EUA,
Reino Unido ou Alemanha) nas áreas de Engenharia, Informática e Gestão,
que fazem com que este seja um lugar atractivo para os empreendedores criarem
empresas. Por isso, não é de estranhar que o nosso país se mantenha na linha da
frente europeia no que toca aos números do “cidadão empreendedor”, mesmo em
pleno tempo de recessão. Só no ano de 2007 nasceram 167473 empresas no nosso
país. Entre 2004 e 2007, o sector que evidenciou um maior dinamismo empresarial
foi o dos serviços, caracterizado pelos menores custos de entrada e saída do
mercado.
Um estudo
realizado por investigadores da escola de gestão da Católica a indivíduos
portugueses, revela que 61% dos inquiridos desenvolveram um novo produto ou
serviço nos últimos três anos. É o resultado mais elevado quando comparado com
estudos semelhantes feitos no Reino Unido e nos Países Baixos, onde a percentagem
de “inovadores utilizadores” se situa nos 15,4%.
Todavia, em Portugal, os empreendedores ainda enfrentam
alguns desafios, tais como os impostos que incidem sobre as start-ups (pequena empresa no seu
período inicial) e a suspensão de subsídio de
desemprego para empreendedores, que se traduzem na falta de apoio por parte do
estado a estes indivíduos. Ao analisar o mercado nacional, um estudo europeu de empreendedorismo
realizado pela Amway Europa, conclui
que praticamente dois terços dos inquiridos concorda que a situação económica incerta é o maior
impedimento para a actividade. Porém, numa altura em
que o crédito bancário é cada vez mais difícil e em que a capacidade de
investimento pessoal é limitada, os empreendedores portugueses têm vindo a
apostar no financiamento através do crowdfunding,
onde o dinheiro é angariado online, a
partir de vários "financiadores" que decidem apostar no projeto. Para além da problemática do financiamento, a criação
de um negócio não é simples matéria associada à vontade de criar o próprio
emprego e produzir produtos inovadores, isto é, exige maturação e alguns
conhecimentos técnicos e de funcionamento do mercado por parte de quem se mete
nesse processo, o que muitas vezes sugere que não seja tomada como primeira
opção de emprego por quem acaba um curso.
Particularmente,
no nosso país, existe ainda uma falta de
iniciativa colectiva. A meu ver, o governo deveria colaborar através de um
conjunto de incentivos fiscais, de forma a promover a criação de emprego, a investigação
e o desenvolvimento, assim como no incentivo à formação profissional. Porém,
devido à situação económica que Portugal atravessa, o que se verifica é uma
redução do orçamento de estado destinado a
projectos de empreendedorismo, assim como para a educação (fator indispensável
ao empreendedorismo).
Acredito que temos em Portugal uma geração de
profissionais qualificados e com vontade de empreender, que poderão assumir com
sucesso a continuidade de negócios e de empresas que, caso contrário,
caminhariam para a insolvência.
Tânia Raquel Sousa
Ferreira
Referências:
http://p3.publico.pt/actualidade/economia/5438/mais-de-60-dos-portugueses-qualificados-criaram-um-novo-produto-nos-ultimo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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