Cortes, reforma, crise,
dificuldades, … são palavras da ordem do dia. Tendo em conta o atual cenário de
instabilidade, tornou-se imperativo cortar, reformar, reorganizar o papel do
Estado. Sendo que, hoje, se debate de forma acesa a estrutura do Estado, bem
como a (re)organização da Administração Local.
Como sabemos, o Estado é a
principal pessoa coletiva pública, tendo a seu cargo diversos fins que devem
não só ser atingidos por si, mas, também, por outras entidades públicas
(princípio da descentralização), como é o caso das autarquias locais, que
correm risco de exclusão.
Porém, estas e outras questões
não são assim tão lineares quanto parecem, porque, de facto, quando falamos
desta reorganização, e, particularmente, da extinção de algumas freguesias
surgem inúmeras interrogações, pois estes assuntos parecem colidir com o
interesse público e com aquilo que são os direitos fundamentais dos cidadãos.
Se, por um lado, temos o objetivo
de aproximação do cidadão à Administração Pública, como poderemos ter por outro
a extinção das freguesias, que correspondem à verdadeira concretização do
princípio da descentralização administrativa?
Numa altura de contenção de
custos parece-nos que a extinção de freguesias consistirá numa diminuição da
despesa pública, que é um dos principais objetivos do memorando assinado com a
Troika. Grande parte destas instituições sobrevive à custa das transferências
do Estado, as quais representam uma grande fatia do Orçamento do Estado. São
entidades dotadas da capacidade de movimentação de dinheiros públicos e, nem
sempre o fazem da forma mais correta. Também se levantou esta questão a nível
municipal, no entanto, para já, foi adiada.
Posto isto, de facto, esta
colisão entre os direitos adquiridos dos cidadãos e a necessidade de
reestruturação é um ponto de discussão interessante, pois abarca uma série de
assuntos, e a resposta parece ser sempre a mesma: indefinida.
São necessárias várias medidas
de reestruturação da administração pública. No que diz respeito ao tão falado
Estado Social, não deixa de ser importante, também proceder a algumas reformas,
visando uma melhor alocação dos recursos do país.
O Estado, ora, em alturas de
estabilidade ou crescimento económico, parece alargar o seu campo de ação
(fazendo investimentos, concedendo apoios sociais…); ora, em alturas de crise, a
tributação é excessiva, os subsídios outrora concedidos desaparecem…, portanto,
o Estado diminui o seu papel interventivo/social. Ou seja, em determinadas
alturas, temos entre nós um estado social, noutros momentos vemos esse estado a
ir embora... “O Estado Social (…) deve acompanhar as
mudanças económicas e sociais. Perante o envelhecimento acentuado da população
e o fraco crescimento económico, o atual modelo social não é sustentável.”[1]
Este cenário parece paradoxal,
mas, de facto, a economia também funciona por ciclos, daí estas constantes
alterações por parte do Estado, pois o objetivo é atingir a estabilização
económica. No entanto, é imperativa uma melhor gestão.
As administrações públicas têm um
papel determinante no estado da economia atual, as reformas (a nível do
intitulado “estado social”, bem como no que diz respeito à administração local)
são, de facto, imperativas.
“Há objetivos que devem ser
atingidos: não impedir o crescimento económico; proteger os mais
desfavorecidos; combater a pobreza, garantir a equidade e promover a mobilidade
social. O debate deve começar já. Não se pode esperar mais.”1
Maria Costa Reis
[1]
Diário económico:
http://economico.sapo.pt/noticias/reformar-o-estado-social-para-salvar-as-pensoes_154740.html
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
http://economico.sapo.pt/noticias/reformar-o-estado-social-para-salvar-as-pensoes_154740.html
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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