A
14 de setembro, o jornal Público avançava com a notícia de que 85% das casas à
venda em Portugal estariam a ser vendidas em menos de seis meses. Segundo dados
da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, os imóveis estão
a ser vendidos mais rapidamente. Prova disso é que, em 2015, o tempo médio de
venda de uma casa era de dois anos e, atualmente, a maioria sai de venda em
menos de meio ano.
Está
visto que, em Portugal, a procura por habitação tem sido crescente, sendo que,
na minha opinião, isto não seja algo que me surpreenda. São vários os fatores
que ajudam a explicar este acontecimento atual. Poderemos apontar o contínuo
aumento do preço das rendas das casas como um dos grandes motivos que levam a
esta “corrida” à compra de casa.
Entre
2011 e 2013, registaram-se aumentos consecutivos das rendas, atingindo mesmo um
valor recorde (3,36% em 2013). Após o abrandamento até 2015, desde aí que o
mercado de arrendamento tem encarecido, com a previsão de, neste ano, o aumento
do preço das rendas se estimar em 1,12%, e em 1,19% em 2019, segundo dados do
Instituto Nacional de Estatística.
Muito
se tem discutido acerca dos elevados valores das rendas em Portugal, justificado
com a pouca oferta e grande procura por arrendamento. Tal situação veio
dificultar o acesso à habitação de uma parte significativa da população, que se
confronta com preços de habitação cada vez mais próximos dos praticados nas principais
capitais europeias, embora os seus rendimentos não estejam em conformidade.
A
elevada procura por arrendamento de longo prazo (por parte das famílias
nacionais e estrangeiras, uma tendência em crescimento) e de curto prazo (associado
ao turismo) fez com que a aquisição de casa para fins arrendatários se
apresente, nos dias de hoje, como um investimento viável, de elevado retorno.
Assistimos,
então, ao aumento do número de casas para arrendar, ainda que o preço dos
imóveis tenha vindo a aumentar, mas não tanto como o valor das rendas, as quais
facilmente encontram inquilinos dispostos a suportar tais valores. E porquê que
isto acontece? A resposta é muito simples: as famílias estão agora mais
confiantes para com a conjuntura económica e há uma maior abertura dos bancos à
concessão de crédito.
O
crescimento da economia, assim como a reposição de rendimentos e o fim da
sobretaxa de IRS vieram trazer maior poder de compra, com o Fundo Monetário
Internacional a apontar para o maior aumento deste século ocorrido em 2017 (2,9%).
O
crédito à habitação possui agora melhores condições comparativamente com os
anos da crise, onde os bancos restringiram fortemente a concessão de crédito. Apesar
de existir, por exemplo, um maior controlo sobre a taxa de esforço, a verdade é
que o número tem vindo a aumentar. Se em 2013 haviam sido concedidos 2.048
créditos à habitação, no ano passado esse valor praticamente que quadruplicou.
Ao
que parece, os bancos pouco ou nada aprenderam com a crise financeira recente,
uma vez que estão dispostos a conceder créditos com condições de financiamento
mais favoráveis, valores de spread mais
baixos e financiamento a 100%, aliados a taxas de juro baixas. A aquisição de
habitação própria apresenta-se como um “plano de fuga” do arrendamento, pois,
na maior parte dos casos, o valor atual de uma prestação mensal chega a ser bem
mais baixa que a de uma renda.
No
meu ponto de vista, são estes os três grandes motivos pelos quais temos vindo a
registar um crescimento do número de construções e do menor tempo de venda dos
imóveis disponíveis no mercado.
Nos
dias de hoje, todos procuram casa em Portugal e a tendência é a de um contínuo
aumento. Tudo isto terá um impacto positivo na economia, até porque o
imobiliário é dos setores que mais potencia outros, nomeadamente, a construção,
indústrias e serviços. Isto tem sido discutido como sendo algo terrível para a
economia, o que, na verdade, até é bastante benéfico. É simplesmente a lei da
oferta e da procura a funcionar em pleno e um acontecimento que tem potencial
para alavancar ainda mais o crescimento económico.
Andreia Filipa Teixeira Barbosa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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