Ao longo dos últimos tempos, Portugal tem-se revelado uma pequena pérola no que se refere ao turismo, contribuindo, ano após ano, para as receitas do nosso país e consequente melhoria na economia. O país está na moda e tem vindo a acumular prémios sucessivos no âmbito turístico, sendo motivo de grande orgulho. Assim, justifica-se uma breve análise às componentes do turismo, nacional e internacional, baseada nos dados disponibilizados pelo INE, de modo a traduzir todo este sucesso num objeto de estudo mais conciso.
Em relação ao turismo mundial, os dados demonstram uma tendência crescente das chegadas de turistas internacionais representada pelo aumento de 84 milhões em 2017 (comparativamente a 2016). Este crescimento resulta num total de 1323 milhões de turistas (acréscimo de 6,8%). A Europa continua a ser o destino de eleição dos internacionais, concentrando a maioria das chegadas (50,7%), o que representa um aumento de 8,4% relativamente a 2016. Já no caso Português, em 2017, o total de dormidas em alojamento turístico ascendeu aos 65,8 milhões, 47,1 dos quais correspondem a não residentes. Relativamente ao proveito do alojamento turístico, é a zona de Lisboa que mais se destaca com cerca de 1100 milhões de euros, e no âmbito dos mercados nas dormidas é o Reino Unido que lidera com 9,9 milhões, seguindo-se a Alemanha com 6,5 milhões. Mas como nem só de estrangeiros se constitui o turismo, justifica-se analisar também a vertente dos residentes. Neste caso, as viagens realizadas são apresentadas em 4 categorias: profissionais ou negócios; lazer, recreio ou férias; visita a familiares ou amigos; e outros motivos. Aqui, destacam-se as viagens em âmbito de lazer, recreio ou férias, com 45,2%, e as visitas a familiares ou amigos, com 44%.
Estes são alguns dos números que podem explicar os prémios arrecadados ultimamente, dos quais se pode salientar os seis óscares mundiais conquistados em Dezembro de 2017 (mais quatro que no ano anterior, no Dubai), que levaram à eleição de Portugal como o melhor destino turístico do mundo, tornando-se ainda o primeiro país europeu a conquistar este prémio nos World Travel Awards, realizados no Vietname. Mais recentemente, em Agosto de 2018, o país foi distinguido como “o destino a visitar” (Hottest Destination), prémio atribuído pelos Virtuoso Awards (a maior rede global de viagens de luxo) no âmbito da Virtuoso Travel Week, que decorreu em Las Vegas, nos Estados Unidos.
No entanto, nem tudo é perfeito e todo este sucesso vê-se agora ensombrado por notícias que relatam que o turismo em massa pode ser “destrutivo” e como os residentes, dos destinos mais populares, já sentem estes efeitos. Em Portugal, Porto e Lisboa aparecem como cidades “ameaçadas” pelo excesso de turismo, que dificulta cada vez mais a vida dos residentes. Os moradores queixam-se do aumento de lixo na cidade, atribuindo-o ao crescimento do turismo, à escassez de meios das autarquias e à falta de civismo. Este fenómeno já está a ser também noticiado, nomeadamente na imprensa alemã, que relatou o caso Portuense.
Cada vez mais as companhias aéreas promovem viagens low cost e, hoje em dia, já não se pode considerar o ato de viajar um luxo, como em tempos se constatava. A meu ver, esta é uma das vertentes que mais contribui para o elevado número de turistas que se concentram em excesso em algumas cidades, sendo que a componente cívica acaba por ser sempre um ponto a ter igualmente em consideração.
Na minha opinião, deve-se continuar a apostar no turismo, promovendo o que de melhor Portugal tem para oferecer tanto a nível cultural, gastronómico como paisagístico, e que se observa um pouco por todo o país, incluindo as regiões autónomas. Além disso, e como referiu Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, o investimento turístico deve ter como objetivos não só promover o país como destino de visita, mas também como possível oportunidade de investimento ou compra de habitação.
Marta Esteves Oliveiros
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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