Recentemente,
Madonna, que há sensivelmente um ano escolheu Portugal para viver, publicou nas
redes sociais mais um vídeo, nas praias da Comporta, com a descrição: “This is Portugal… This is heaven”. Sendo que vivemos na era da comunicação e do
mundo digital, este gesto da cantora poderá provocar algum impacto, resultando
na atração de mais visitantes ao nosso país, tendo em conta os seus milhões de
seguidores.
Madonna,
assim como outras figuras mediáticas, têm sido boas aliadas do Turismo de
Portugal, contribuindo para promoção do nosso país e expansão deste sector.
Mas, claramente que o nosso sucesso turístico não se deve só a estas ações
isoladas.
Na
minha opinião, Portugal teve sempre os ingredientes necessários para ser um
destino turístico de excelência. As nossas paisagens, o nosso sol, a
gastronomia, cultura, património e a simpatia dos portugueses tornam o nosso
país apelativo para os estrangeiros. No entanto, sendo este setor muito
concorrencial, Portugal foi ocupando lugares secundários nas tabelas dos
melhores destinos. Porém, esta situação tem vindo a alterar-se. Considero que o
sucesso da nossa seleção de futebol, a vitória na eurovisão, a organização da web summit, os bons resultados económicos
dos últimos 3 anos, a segurança do nosso país, assim como a avaliação positiva
de diferentes revistas e sites de
viagem, valorizaram ainda mais a nossa imagem no exterior.
Deste
modo, não é de admirar que o fluxo de turistas tenha aumentado muito nos
últimos anos. Se compararmos alguns indicadores, fornecidos pelo INE,
comprovamos este crescimento. Por exemplo, os meios de alojamento turísticos,
em 2010, registaram 45 milhões de dormidas, enquanto que, no ano passado,
registaram-se mais de 65 milhões. Quanto às receitas do Turismo, em 2010, o
valor foi de 7 611 milhões de euros, enquanto que, em 2017, este valor subiu
para 15,2 mil milhões de euros.
Este crescimento no turismo tem
favorecido a diminuição na taxa de desemprego, devido à criação de vários
postos de trabalho. Segundo os mesmos dados estatísticos, os setores de
alojamento e restauração registavam 279,2 mil postos de trabalho em 2016, número
esse que cresceu para 323,2 mil em 2017. Ou seja, em apenas 1 ano foram criados
cerca de 44 mil novos postos de trabalho graças ao crescimento deste sector.
2017 foi um ano extraordinário em termos de turismo porque, pela primeira vez, o número de estrangeiros
que visitaram o nosso país superou o número da população portuguesa.
No total de 20,6 milhões de hóspedes, 12,7 milhões eram estrangeiros.
No
entanto, o turismo traz algumas consequências, as quais devemos identificar e
tentar corrigir. Eu considero que a sua maior desvantagem relaciona-se com o aumento
da procura de alojamento por parte dos que nos visitam. Neste sentido, temos
assistido a uma crescente especulação no setor imobiliário no que se refere ao
preço de venda e ao custo do arrendamento. Assim, torna-se cada vez mais
difícil encontrar casas, relativamente acessíveis, em cidades como Lisboa e
Porto, e os residentes voltaram a preferir as periferias. Será fundamental
controlar este problema para que não cheguemos a situações extremas, como
acontece no estado da Califórnia, nos EUA, onde milhares de pessoas, muitas
delas com empregos, vivem nas ruas, pelo simples facto das rendas serem
insuportáveis.
Neste
sentido, o governo tem criado alguns instrumentos de apoio à revitalização dos
centros históricos e recuperação de edifícios, com o intuito de aumentar a
oferta, obrigando os preços das habitações a baixar. Foram também implementadas
medidas para proteger os inquilinos, residentes nessas zonas, particularmente
idosos e pessoas com deficiência, para que as suas rendas não sejam aumentadas
de forma exagerada, nem haja a possibilidade de serem despejados.
Contudo,
apesar destes aspetos negativos, é inegável o contributo do turismo na economia
nacional. Este sector é a nossa maior atividade económica exportadora (50,1%
das exportações dos serviços e 18% das exportações totais), pelo que devemos
continuar a promover e a melhorar a imagem do nosso país, para que continue a
ser a escolha dos turistas.
Ana
Isabel Rodrigues Ferreira
Referências:
https://ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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