No
mês de julho de 2018 verificou-se uma alteração na tendência das contas
nacionais: o crescimento das exportações foi superior ao crescimento das
importações, tendo estas apresentado uma taxa de variação homóloga de 13%
contra os 11% registados pelas importações. Este acontecimento conduziu a uma
redução do défice da balança comercial portuguesa.
O
contributo do setor do Material de Transporte (inclui automóveis) para o
aumento das exportações foi significativo, uma vez que este cresceu 37%
relativamente ao ano anterior. Para tal, enfatiza-se a elevada produção da Volkswagen AutoEuropa, reforçada para
possibilitar a produção em maior quantidade do novo modelo, T-ROC.
Segundo
um estudo da Mobinov e da Deloite, o cluster
da indústria automóvel em Portugal conta com cerca de 900 empresas, apresenta
um volume de negócios significativo, com uma crescente geração de riqueza (16%
do VAB da indústria transformadora), com caráter fortemente exportador (cerca
de 20% das exportações de bens transacionáveis e 98% do volume de negócios é
exportado) e garante empregabilidade (27% dos empregos gerados na indústria
transformadora nos últimos 5 anos). No total, a riqueza anual criada equivale a
2,6% do PIB nacional (VAB em 2016).
Deste
modo, prevê-se que os valores de produção anual em Portugal continuem a
crescer, e que o número de automóveis produzidos se aproxime das 300 mil
unidades. Esta perspetiva de aceleração da produção está relacionada com a
produção do modelo T-ROC na Volkswagen Autoeuropa, do K9 na PSA Mangualde, do
primeiro camião 100% elétrico Mitsubishi Fuso Trucks e do aumento de veículos
“verdes” na Caetano Bus (garantindo um crescimento sustentado).
Após esta análise, concluo que cada vez mais a indústria
automóvel se revelará de extrema importância para a economia portuguesa, em
diferentes níveis. A meu ver, com os aumentos esperados da produção, serão
gerados novos postos de trabalho, contribuindo desta forma para a redução da taxa
de desemprego portuguesa, proporcionando uma maior qualidade de vida à
população. Contudo, temos que contabilizar o facto desta indústria ser
fortemente automatizada, o que pode levar a que o aumento dos postos de
trabalho não seja tão grande quanto podíamos esperar. Por outro lado, com o
crescimento esperado das exportações, talvez a balança de mercadorias se torne
finalmente positiva. Esta indústria poderá projetar internacionalmente o país
que, por sua vez, poderá aumentar os investimentos futuros na economia
portuguesa.
Sinto-me otimista perante este crescimento, contudo a forte
dependência desta indústria também pode ser algo negativo, uma vez que se algo correr
mal mais difícil será o conserto da economia, e sendo a Alemanha que apresenta
um maior investimento externo nesta indústria, estamos sempre condicionados a
este país. Outro ponto menos positivo neste ramo centra-se na questão desta
indústria ser fortemente exportadora, mas também importadora, tendo em conta
que os componentes dos automóveis provêm de várias partes do mundo.
Será
o contínuo crescimento da indústria automóvel a alavanca necessária para o crescimento
sustentado da economia portuguesa? Ou ficaremos em ponto morto?
Tânia
Gabriela Carvalho da Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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