Nos últimos anos tem sido possível verificar uma alteração no funcionamento do sistema financeiro, justificada maioritariamente pelos avanços tecnológicos associados a este setor. Pagamentos através do telemóvel, a transferência de dinheiro utilizando uma aplicação ou a verificação do extrato bancário online são exemplos de avanços tecnológicos que têm movimentado o sistema financeiro para outra dimensão. A indústria multibilionária responsável por esta mudança é conhecida por Fintech, um conceito que tem permitido mudar economias em todo o mundo.
Esta
encontra-se relacionada com pagamentos sem a existência de dinheiro, plataformas
de crowdfunding (financiamento
coletivo), moedas virtuais e os chamados robôs "advisors”. Todos estes novos
conceitos e realidades têm provocado uma mudança de paradigma nos serviços
financeiros, providenciando uma variedade elevada de novas oportunidades. Por
exemplo, este processo tem sido fulcral para a integração de pessoas que se
encontravam excluídas dos serviços bancários tradicionais e que agora, graças à
Fintech, tudo o que precisam para
efetuar um empréstimo ou um seguro é apenas de um telemóvel.
Exemplo
disto é o Quénia, que implementou um sistema bancário através do telemóvel,
chamado M-Pesa. As pessoas, através
do mesmo, conseguem ter acesso à suas contas bancárias diretamente, proceder à
transferência de dinheiro, pagar as suas contas e até mesmo fazer empréstimos.
Nos dias de hoje, é estimado que 96% das famílias no país utiliza este sistema
e que, para além disso, este permitiu retirar 2% destas da pobreza extrema,
algo que se revela um fator de extrema importância no que diz respeito ao
desenvolvimento de uma região.
Outra
novidade oferecida pelas Fintech tem
sido os meios alternativos de financiamento que esta tem providenciado, como é
o caso do peer-to-peer lending, que
consiste na execução de empréstimos de individuais para outros individuais, sem
qualquer tipo de intervenção de uma instituição financeira. Através das
plataformas existentes, as pessoas conseguem emprestar dinheiro sem precisarem
de ir a um banco, algo que proporciona uma facilidade enorme no processo, permitindo
também a muitas empresas um acesso mais simples ao financiamento, que poderia
não estar disponível através de métodos convencionais. Esta forma alternativa é
interessante para negócios que se estão a iniciar e que necessitam de
financiamento como “primeiro passo”, algo que se revela bastante impulsionador
ao nível do empreendedorismo e que pode permitir o aparecimento de novas
empresas, tal como a expansão das já existentes.
No
entanto, existem riscos associados a esta nova forma de financiamento, uma vez
que não existe recurso a um banco, os serviços existentes podem não ser
obrigados a reservar tanto dinheiro caso ocorra um incumprimento no pagamento
dos empréstimos.
Os robôs "advisors” são o reflexo da tecnologia que tem sido implementada no
sistema financeiro, e que pode ser algo muito desafiante para os gestores de
ativos tradicionais. Estes necessitam agora de competir com os robôs "advisors”,
que se caracterizam por efetuarem um planeamento financeiro dos serviços
automático, e que, derivado da alta tecnologia dos seus algoritmos, estão
disponíveis a toda a hora, apresentado resultados mais rápidos e mais
satisfatórios, sendo ainda mais acessíveis que os gestores de riqueza
tradicionais, o que justifica os biliões de euros que, nos dias de hoje estes
robôs têm sob sua gestão.
Assim
sendo, podemos estar também perante uma mudança de paradigma no mercado de
trabalho no que diz respeito a este setor uma vez que, no futuro, poderão já
não ser tão solicitados gestores e especialistas destas áreas financeiras, mas
sim programadores capazes de funcionar com este tipo de tecnologias.
O
maior risco que tem vindo a ser associado à Fintech
está relacionado com a privacidade dos dados. À medida que os serviços
financeiros se estão a tornar cada vez mais digitais, a possibilidade de ciberataques
é também cada vez mais uma realidade, algo que pode gerar alguma preocupação
por parte das entidades responsáveis.
Concluindo,
a tecnologia financeira tem assumido um papel importante para novas
oportunidades de negócio, através do aparecimento de muitas novas alternativas
(por exemplo, de financiamento), algo que pode ser relevante para uma aceleração
económica e que pode modificar a forma como os serviços financeiros atuam,
tendência que se irá intensificar e que iremos acompanhar nos próximos anos.
José
Oliveira
Bibliografia
International, C. (7 de Junho de 2018). What is Fintech. Obtido de Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=-EoNrg_DR3s
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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