sábado, 2 de janeiro de 2021

TAP: Teremos Ajuda Portugal?

Portugal é um país virado para o mar, que tem milhões de cidadãos espalhados pelo mundo e cuja prosperidade depende do turismo e do comércio internacional. Uma companhia aérea bem gerida e com a dimensão certa pode ser um instrumento poderoso para a defesa dos nossos interesses.

Com efeito, a TAP (Transportes Aéreos Portugueses) é uma empresa com 75 anos que soube modernizar-se e se tornou detentora de um elevado conhecimento técnico e tecnológico e que, apesar de alguns erros de gestão já amplamente reconhecidos, conseguiu sobreviver num mercado concorrencial muito competitivo, como é o da aviação civil. Alcançou esse feito sem nunca deixar de cumprir em segurança os seus objetivos, transportando pessoas e mercadorias para vários mercados e destinos, prestando especial atenção à diáspora portuguesa.

Aquilo a que estamos a assistir na TAP deve-se a vários fatores, incluindo uma pandemia que forçou o setor da aviação mundial a fazer uma aterragem de emergência. Porém, ao contrário do que está a acontecer noutros países e com outras companhias, no caso da TAP a aterragem de emergência vai custar três mil milhões de euros aos contribuintes. Ou seja, estaremos a falar de ajudas do Estado e da injeção pública de mais de 3,2 mil milhões de euros na TAP, quando tudo parece levar a crer que o plano do Governo passará por vender aviões e reduzir a frota, pelo despedimento de cerca de dois mil trabalhadores e por cortes salariais médios de 25%.

Ora, na minha opinião, nenhuma restruturação deve ser feita à custa de tornar a TAP numa companhia muito pequena, opção insustentável face aos milhares de milhões que todos os portugueses terão de pagar. Mas o Governo parece muito inseguro, pois, também, referiu “entre linhas” que pretende levar o plano de reestruturação ao Parlamento para votação, o que se afigura não só uma clara fuga às suas responsabilidades mas também um precedente muito grave, onde muitas outras e quaisquer matérias governamentais serão também apreciadas em plenário, com todas as consequências daí decorrentes.

No quadro atual de pandemia, a TAP encontra-se com a sua operação suspensa quase na totalidade, com dezenas de aviões aparcados sem utilização, e com o Estado a reforçar a sua posição acionista de 50% para 72,5%, injetando, em 2020, 1,2 mil milhões na empresa. Assim, falar da TAP é falar muito mais do que uma simples empresa, mas, também, de milhares de trabalhadores e das suas famílias, das centenas de empresas nacionais que são suas fornecedoras e parceiras e de um contributo para a exportação que representa cerca de 2% do PIB português. Isto demonstra a dimensão da riqueza com que a TAP contribui para o nosso país.

Para o ministro da Economia e Finanças francês, Bruno Lemair, apoiar a Air France é uma questão de soberania. “Se não tivermos uma companhia área própria pode ser um problema para a nossa soberania”, afirmou o ministro. Perante esta afirmação, o governo francês concedeu um empréstimo à Air France de 7 mil milhões de euros. Deste modo, torna-se, portanto, imperativo que Portugal pense de forma semelhante em relação à TAP e, desta forma, é impreterível defender a empresa, defender os trabalhadores, defender as famílias e a economia portuguesa.

É certo que a aviação civil foi, mundialmente, um dos setores mais severamente afetados pela atual crise pandémica, mas devemos também olhar para o futuro com esperança, dado que o processo de vacinação contra a Covid-19 já se encontra em execução.

Concluindo, sabemos agora que, ao longo do próximo ano, poderemos, em diferentes fases, ser vacinados para proteção contra um vírus que, desde há mais de 12 meses, paralisa setores económicos inteiros e encerra empresas, lançando milhões no desemprego. Posto isto, a TAP não é uma empresa, mas sim a Empresa que merece, precisa e deve ser ajudada pelo governo português. Na minha opinião, devemos ter orgulho naquilo que é nosso e que representa a nossa soberania e, deste modo, tentar solucionar o problema que, atualmente, assombra o setor de aviação português.

 

Joana Gonçalves Faria

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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