Portugal
volta a ser nos dias de hoje fortemente marcado pelas emigrações como se
verificou em finais do século XIX e no terceiro quarto do século XX.
A taxa de desemprego entre os jovens tem sido a mais
expressiva, e subido sucessivamente ao longo do último ano, no entanto o mês de
Julho registou um recuo de 37,6% para 36,4%, que poderá ser explicado pela
emigração dos jovens licenciados.
Nas
últimas décadas, o regime de segurança social português adoptou um regime de
financiamento por repartição em substituição da capitalização. Não há pré
financiamento dos benefícios concedidos e são as contribuições retiradas do
salário corrente dos beneficiários activos que pagam a globalidade das
prestações atribuídas presentemente aos inactivos. Este sistema no entanto
falha na medida em que o país atravessa uma crise a nível económico, social e
demográfico, isto é, o crescimento da população necessário para sustentar este
tipo de regime não está a ser atingido, na medida em que a população tem vindo
a envelhecer bastante e a natalidade a diminuir. Chegamos a ter 2 gerações
reformadas na mesma família e apenas uma geração a descontar para as reformas
das gerações anteriores.
Desde
1960 que a taxa de natalidade tem vindo a diminuir, tendo apresentado nesse ano
o valor de 24,1%o e em 2011 ficou apenas nos 9,2%o. Quanto à mortalidade, em
1960 era de 10,7%o, e em 2011 foi de 9,7%o. Portanto a taxa de natalidade é
superada pela taxa de mortalidade em 0,5 pontos, situação que não poderá
continuar a ser sustentada por muito mais tempo ao nível do regime adoptado
pela segurança social. Portugal exibe uma pirâmide inversa ao nível
demográfico, na medida em que a base é ocupada pelos idosos e reformados, e o
topo da pirâmide pelos jovens.
Este
sistema não contou também com o facto de os cuidados de saúde terem vindo a
melhorar nas últimas décadas e desta forma a esperança de vida aumentar também.
E para
ainda piorar esta situação, os jovens estão a emigrar, pelo que diminuem mais
as contribuições retiradas do salário corrente dos beneficiários ativos que
pagam a globalidade das prestações atribuídas presentemente aos inactivos.
Os
jovens emigram não só em busca de novas experiências, mas, principalmente para
fugir à frustração de não arranjarem emprego mesmo sendo licenciados.
Torna-se
então necessário e urgente fazer uma reforma do sistema da Segurança Social,
pois caso contrário este poderá não ser sustentado a partir de 2020, situação
alarmante não só para a população que desconta actualmente para a SS, mas também
para os futuros indivíduos a ingressar neste sistema.
Mafalda Sá
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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