Segundo estudos feitos recentemente,
em 2011 os salários dos gestores portugueses aumentaram cerca de 4,4%, num ano
em que supostamente todos os salários deveriam ter descido e as consequências
da crise deviam ter começado a ser sentidas por toda a população, pois foi o
ano em que se tiveram que cumprir as metas impostas pela Troika. Como é
possível que uns sofram tanto e outros nem sequer sejam afectados?
Os
administradores das empresas do PSI20 ganharam em média mais de 290 mil euros e
ainda foram encontrados 30 que ganharam acima de um milhão de euros nesse mesmo ano, sendo que um deles terá mesmo ganho mais de
2,7 milhões de euros num só ano, o que significa uma diferença de 400 vezes
mais do que um trabalhador que ganha o salário mínimo, sendo que nesse mesmo
estudo foi observado uma diminuição de 11% na média salarial dos trabalhadores.
Isto
mostra que, estando o país em crise e a passar por um período de austeridade,
existem ainda os gestores que ganham mais do que nos períodos anteriores de
ascensão económica, levando assim a concluir que estes vivem muito acima das
possibilidades dos restantes portugueses. E, para agravar a situação, vêm a
público ainda dizer que os restantes salários deveriam ser cada vez mais
baixos.
Estes
dados levam a reflectir sobre a diferença salarial existente no país. Será que
o problema não estará na pouca percentagem da população que recebe mais do que
no restante que recebe menos? Não deveríamos tentar lutar por uma economia mais
uniforme e com menores desigualdades sociais e menor pobreza? A questão que se
coloca é que, para conseguirmos ultrapassar a crise e evoluir como país não
chega investir na economia mas investir numa maior distribuição da riqueza.
Ora,
a distribuição mais equitativa dos rendimentos e da riqueza gerada por toda a
população é um dos pilares que importa respeitar para que todos nós nos
sintamos comprometidos com este processo de recuperação económica e que
possamos ultrapassar esta crise.
Rita Fernandes
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