O conceito de Economia Verde surgiu com a Green Economy Initiative da Organização das Nações Unidas lançada em 2008, no quadro do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP).
Neste mesmo programa, a Economia Verde aparece descrita como uma economia que "resulta numa melhoria do bem-estar humano e da equidade social ao mesmo tempo que reduz de forma significativa os riscos ambientais e a escassez ecológica; uma economia de baixo carbono, uso eficiente dos recursos e inclusão social".
Este conceito, apesar de recente, não deve ser considerado um novo paradigma, mas antes uma forma de operacionalizar o conceito de desenvolvimento sustentável, pela necessidade urgente de conciliar o crescimento económico com ações que evitem danos irreversíveis para o meio ambiente.
Os objetivos mais elementares da Economia Verde passam pela utilização de recursos renováveis dentro da sua capacidade de regeneração, implementação de medidas de adaptação para compensar a perda de recursos não renováveis, limitando a poluição e aumentando a resiliência e a estabilidade dos ecossistemas e assegurar que as necessidades das gerações futuras serão satisfeitas.
São várias as vantagens que se podem retirar da implementação de políticas verdes e, consequentemente, este investimento deve ser estimulado, visto que levará indiscutivelmente a um aumento do bem-estar social. Porém, e como tudo na economia, o investimento neste setor não é bem visto por todos, nomeadamente por alguns setores que estão consolidados no mercado há décadas. Um exemplo fácil é o da indústria do petróleo que, atualmente, está a mover toda a sua influência e poder de mercado para que aquele produto não seja substituído por esta vaga de energias renováveis, que além de menos poluentes, vários estudos já provaram serem mais baratas.
A posição do governo português não tem sido a mais favorável ao desenvolvimento da Economia Verde. “No atual contexto de crise mundial parece ser entendimento que o ambiente, e toda esta problemática, deve ser deixada para segundo plano, havendo que priorizar as soluções para os problemas económicos”, como referiu Jorge Rio Cardoso num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, em Junho de 2012. Esta visão do atual governo está, no entanto, longe da realidade, pois estudos comprovam que a Economia Verde pode até ser uma importante ajuda na resolução dos problemas económicos que correntemente afetam Portugal.
No que diz respeito ao emprego, a revista Visão (com base em estudos realizados por organizações como as Nações Unidas) avança valores merecedores de atenção: investindo 2% do PIB na Economia Verde, o total de empregados neste sector, que é, atualmente, de 3,2 milhões de pessoas, poderia passar para 3,44 milhões, em 2015. Para o mesmo ano, a projeção de postos de trabalho para Portugal (de acordo com a Quercus) é de 61 mil. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que uma transição do atual modelo industrial para uma economia mais verde deverá gerar “entre 15 e 60 milhões de novos empregos nos próximos vinte anos”. Ainda com base numa publicação da Visão, os dados mostram que, no PIB total da economia, um investimento de 2% conduziria, numa perspetiva de longo prazo, a um aumento do mesmo em cerca de 130 biliões de dólares.
Tendo em conta todas as vantagens que a Economia Verde nos traria, é difícil perceber as razões pelas quais não existe um maior investimento nesta, mesmo tendo em conta o atual panorama de crise e consequentes restrições orçamentais, que limitam as decisões de investimento nesta matéria.
Os ganhos de um investimento ponderado e bem executado seriam muito maiores que as perdas. Daí vem a importância de ponderar e de gerir a receita pública da melhor forma possível, de modo a possibilitar este tipo de investimentos.
Luís Carlos Monteiro Silva
Fontes:
http://www.abae.pt/programa/EE/seminario/2013/docs/painel_1/Economia_Verde_SusanaEscaria.pdf
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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