Repararam na súbita transformação da tendência de desemprego em Portugal, ocorrida no últimos meses? Eu reparei. Eu que só ouvia falar de um Portugal de mudança, onde o fim da epidemia estava perto e que o país estava numa de curar o desemprego. Extraordinária técnica de dissuasão é o que se apresenta aos nossos olhos, uma autêntica contabilidade manhosa com mãos de políticos embaraçosos.
Antes de nos centrarmos no tema de desemprego, precisamos de parar para analisar o quadro geral onde se reflete uma desvalorização da força de trabalho acompanhada por uma generalizada precarização do emprego.
Hoje o emprego já é uma área apagada: pessoas trabalham pouco e recebem nada. O dito emprego, já nada tem a ver com os conceitos de “formação”, “estágio”, “empreendedorismo” e até “emigração”. Tudo se confunde, isto porque o trabalho precário é quem manda e foi, desde sempre, um objetivo governativo. Aliado a este trabalho instável dos portugueses, está o facto de este tirar coesão relativamente aos empregados, que fará que cada um atue segundo um pensamento de “salve-se quem puder”, criando desunião, onde só o governo sai a ganhar com isso.
Primeiramente, era tudo bonito e o governo investia e fazia propaganda em empreendedorismo e formação. Numa segunda fase, tudo isso se desfaz e encontra-se o camuflado desemprego. Entre elevados números de emigração, desempregados “ocupados”, gente não inscrita nos centros de emprego, o governo vem atirar “areia para os olhos” dos portugueses, dizendo que o desemprego é cada vez mais pequeno.
Analisando agora em concreto dados, podemos concluir que a população ativa em Portugal desceu aproximadamente 200 mil indivíduos em apenas 2 anos, paralelamente a uma subida do saldo migratório, isto é, passámos a verificar um maior número de emigrantes em relação a imigrantes, pelo que é bastante fácil de entender a descida da taxa de desemprego, assim como a sua manipulação.
Em suma, podemos concluir que o governo não apresenta uma política real de criação de empregos, pelo que o futuro do país não é brilhante quanto ao desempenho da força laboral, e enquanto essa situação não for contornada a economia portuguesa não poderá ser uma economia de crescimento sustentável.
José Luís Martins da Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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