A baixa rentabilidade, o envelhecimento populacional, a reduzida formação da maior parte dos ativos agrícolas e a fragilidade do setor produtivo face ao crescente poder da grande distribuição são parte integrante dos problemas específicos do nosso setor agrícola.
O estado atual da agricultura portuguesa reflete não só os problemas específicos do setor como também a situação financeira, económica e social crítica que o país atravessa. A atual conjuntura económica vem agravar as condições do exercício das atividades agrícolas, florestais e agro-alimentares, cujas empresas são de micro, pequena e média dimensão, o que as torna vulneráveis comparativamente com outros sectores.
A grave crise que Portugal está a atravessar faz-nos esquecer, por vezes, a enorme riqueza que possuímos: a natureza e o que ela nos pode oferecer! O nosso país é dotado de uma boa localização geográfica, o que nos permite uma grande diversidade animal e vegetal, uma elevada variedade de paisagens e climas, com zonas secas e zonas húmidas, planícies e montanhas, rios e mar, muito vento, biomassa e calor saído da terra. Assim, temos todas as condições para poder tirar o melhor proveito desta riqueza em recursos energéticos renováveis. Desenvolver este potencial pode ajudar a economia a crescer!
A floresta, por sua vez, ocupa 64% do território nacional e é o terceiro maior exportador, contribuindo anualmente com 1 300 milhões de euros para a economia portuguesa. A costa de Portugal é extensa, ronda os 1230 km no continente, 667 km nos Açores e 250 km na Madeira.
Apostar no mar é, acima de tudo, ser mais sustentável. A combinação de tudo isto tem uma grande potencialidade económica.
Em primeiro, parece-me necessário reabilitar a imagem do setor, que por muitos é considerado como atrasado e incapaz de gerar riqueza. É preciso demonstrar que os setores agrícola e agro-alimentar têm futuro a nível alimentar, energético e ambiental. A revitalização da agricultura e o aumento da produção nacional poderão gerar receitas capazes de contribuir para o equilíbrio da balança alimentar, ou seja, para que as nossas exportações sejam iguais às importações. É vital para o nosso país encontrar vias para diminuir a nossa dependência externa de bens alimentares e para aumentar as nossas exportações, preferencialmente com elevado valor acrescentado, de modo a ultrapassar de forma duradoura a atual crise. Tendo este objetivo, os setores da produção agrícola, da produção florestal e agro-alimentar podem desempenhar um papel muito importante.
Por outro lado, devem-se aumentar os incentivos aos verdadeiros interessados, os agricultores, e tornar o mundo rural aliciante, de forma a atrair jovens para a agricultura. Assim, estaremos a combater a desertificação humana do meio rural.
Os produtos da floresta devem ser valorizados, por serem genuínos e com valor nos mercados internacionais, assim como o mar se deve tornar essencial ao desenvolvimento português. Com isto, importa, portanto, reforçar os apoios aos múltiplos setores ligados às atividades marítimas.
Segundo Adam Smith: “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”. Enquanto consumidores, olhando para a atual conjuntura, devemos comprar conscientemente, contribuindo para valorizar a nossa produção agro-alimentar, apoiando os agricultores e empresas nacionais. Assim, o consumo nacional deve ser preferencial. Ao consumir estamos a contribuir também para o aumento da produção, criando novos postos de trabalho, combatendo assim outro problema macroeconómico da atualidade.
Há estudos de organizações como as Nações Unidas que mostram que a economia verde pode ser uma mina de riqueza, visto que acelera o crescimento do PIB e é uma fonte de empregos. Eu acredito que a sustentabilidade ambiental, económica e social é o caminho certo para a Humanidade, e regressar aos campos como uma solução para responder à crise, pode ser uma opção. Assim, cada vez mais viveremos num mundo onde reina a economia verde.
Rui Filipe Alves Barbosa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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