Atualmente, Portugal atravessa um período recessivo e de emergência em matéria de crescimento económico e, como tal, procuram-se e analisam-se soluções económicas, políticas sustentáveis e exemplos de crescimento, desenvolvimento e integração.
Portugal, como se tem visto nos últimos anos, carece de espírito empreendedor, de aproveitamento de potencialidades, de um rumo e de consciencialização do papel de cada um enquanto cidadão, porém, há que separar o trigo do joio, querendo eu com isto dizer que Portugal também tem excelentes exemplos de sucesso e de desenvolvimento, como é o caso do porto de Sines.
O porto de Sines é um porto de águas profundas com uma localização estratégica aliada a condições naturais ímpares para acolher todos os tipos de navios, o que permite posicioná-lo como um grande Hub Port (concentrador de cargas e linhas de navegação) da fachada Ibero-Atlântica, sendo atualmente líder nacional no que concerne à quantidade de mercadorias movimentadas e estando dotado de modernos terminais especializados, permitindo assim a movimentação de diferentes tipos de mercadorias. Desta forma, o porto de Sinas acabou por tornar-se indubitavelmente a principal porta de abastecimento energético do nosso país (petróleo e derivados, carvão e gás natural) e também um importante porto de carga geral/contentorizada. Conta ainda com acessibilidades terrestres adequadas para o tráfego atual e com um plano de evolução rodo-ferroviário, que permitirá dar resposta às projeções futuras de crescimento do porto e da sua área de influência, levando à afirmação de Portugal no mundo.
Contudo, o porto de Sines não funciona por si só, nem nos é garantida a importância e o relevo deste em perpetuidade e, como tal, há trabalho a fazer: há potencialidades e mercado a explorar, como demonstra a mais recente notícia do alargamento do canal do Panamá, o qual conduzirá a um aumento exponencial do tráfego de navios, pelo que urge melhorar a competitividade associada a este tráfego tendo sempre em conta os passos dos portos concorrentes, quer no contexto nacional quer a nível internacional, apostando em estratégias de dinamismo e diversificação. Importa ainda referir quanto a esta matéria o facto de o porto de Sines, até à data, ser apenas dotado de uma capacidade para acolher navios porta contentores de capacidade máxima até 12.000 TEU’s (em comparação, os navios de 18.000 TEU’s necessitam de uma profundidade de 14,5 m).
O problema que daqui deriva remete para a possibilidade de o Porto de Sines perder relevo a nível ibérico, europeu ou até mundial, caso não se adapte, no longo-prazo, à constante evolução na capacidade de carga e envergadura dos navios. Torna-se assim urgente uma constante adaptação e evolução do porto às intermitentes mudanças deste mercado.
Devo também realçar uma grande vantagem que se poderá associar ao Porto de Sines em termos futuros: o terminal de Gás Natural do porto, uma vez que dada a crescente aposta no transporte de gás natural pelas frotas, e tendo em conta a perspetiva de que dentro de poucos anos os países membros da CPLP (com os quais temos relações económicas e culturais que advêm de longa data) serão responsáveis por cerca de um quinto da produção mundial de gás e petróleo. Por isso, reveste-se de enorme importância a aposta neste terminal, de modo a que se facilite o fornecimento de bancas de gás natural aos navios que por lá passem.
A nível nacional, o Porto de Sines desempenha um papel fundamental na economia, revelando também um potencial de crescimento nos últimos anos, o qual ficou demonstrado nos primeiros seis meses de 2014, com um crescimento de 40% no tráfego de contentores, face ao período homólogo de 2013, com as exportações a registarem níveis positivos, sobretudo para países fora das fronteiras da União Europeia. Tal tem contribuído para um maior número de postos de trabalho (estando prevista pelo memorando a criação de 200 novos postos de trabalho), resultado do projeto de expansão com um investimento de 139 milhões de euros para alargamento do terminal de contentores e ampliação das infraestruturas de proteção marítima. Relevante é também o crescimento de outras empresas associadas, ou não, ao sector, como é o caso da CP Carga, que regista em 2014 um crescimento da atividade para os portos nacionais (no total de 65% do volume de negócios), nomeadamente para o porto de Sines, onde a mesma detém a exclusividade do transporte ferroviário.
Desta forma, o porto de Sines desempenha um papel crucial quer a nível regional, contribuindo para a fixação de população na região, desenvolvimento de infraestruturas e para a criação e dinamização de um conjunto de atividades ligadas à investigação e novas tecnologias, quer a nível nacional, contribuindo para a criação de riqueza e afirmação de Portugal no mundo, tornando este a "porta de entrada na Europa”!
Hélio André Guimarães Ribeiro
Referências:
http://www.portodesines.pt/pls/portal/go
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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