A migração é um fenómeno que pode
ser evidenciado pelo seu impacto na sociedade. Todos os dias nos
deparamos com notícias acerca do número de mortes no mediterrâneo,
originado, por exemplo, pela fuga à guerra que flagela os países dos
quais estes indivíduos fogem. Ainda que por motivos diferentes, também
os portugueses deixam o seu país, para noutros locais encontrarem
melhores condições de vida. Porém, o estudo foca-se nos estrangeiros que
escolhem Portugal para viver e construir uma nova realidade, sendo
estes, os novos imigrantes, motivados por diversas razões e de
diferentes países de origem, uma possível solução para redução do
envelhecimento demográfico.
Atualmente, a globalização e a sua
aceleração, diferenciação e os fluxos são o que definem as sociedades,
marcadas por profundas alterações no tecido demográfico, predominando
dessa forma sociedades multiculturais, sendo que Portugal não é uma
exceção. Embora seja um país no qual o fenómeno mais evidenciado é a
emigração, Portugal conheceu nas últimas décadas uma realidade diferente
relativa ao fluxo de imigrantes, que se mostrou de certa forma mais
intensa. Nos anos mais recentes, a geografia da imigração tem registado
mudanças significativas, tal como a vaga de imigrantes provenientes da
Europa de Leste, devido ao alargamento do espaço Schengen em 2007, o que
marcou uma nova fase na história ainda recente de país de imigração.
Desde
2010 que a população estrangeira residente em Portugal tem vindo a
decrescer, tendência confirmada em 2015 (diminuição de 1,6%),
totalizando 388.731 cidadãos estrangeiros titulares de autorização de
residência. No entanto, confirmou-se a propensão de aumento na concessão
de novos títulos de residência, o que indicia um reconquistar da
atractividade de Portugal como destino de imigração (acréscimo de 7,3%,
totalizando 37.851 novos residentes). De acordo com o Relatório de
Imigração, Fronteiras e Asilo de 2015, 21% dos novos imigrantes são do
Brasil, seguidos pela comunidade de Cabo Verde (10%), Ucrânia (9%) e
Roménia (8%).
Como principais fatores explicativos concorrem a
aquisição de nacionalidade portuguesa, a alteração dos fluxos
migratórios e o impacto da atual crise no mercado laboral. Os motivos
mais relevantes na concessão de novas autorizações de residência foram os certificados e cartões de nacionais e familiares de cidadãos da
União Europeia (20.493), reagrupamento familiar (7.252), atividade
profissional (4.737) e estudo (2.691). Neste sentido, surge uma nova
geração de imigrantes, uma vez que os motivos de trabalho deixam de
assumir a primeira posição enquanto causa da imigração.
No que
respeita aos movimentos migratórios, verificou-se uma recuperação do
saldo migratório em 2015, que ainda assim permaneceu negativo, devido à
diferença entre o número de imigrantes, que continua a ser inferior ao
número de emigrantes. De acordo com o INE, a situação demográfica em
Portugal continua a caracterizar-se pelo decréscimo da população, apesar
do aumento da imigração e da diminuição da emigração, representando
assim um desafio para o governo português.
Portanto, é necessário
aumentar a atratividade de Portugal, uma vez que as migrações são
relevantes no que toca ao aspeto social, fomentando um ambiente de
mobilidade, complexidade e de diversificação, sendo que não se verificam
menos importantes na economia, sobretudo para o desenvolvimento de
certas regiões.
Para além da captação de imigrantes, atualmente é
necessária a concentração na regularização e na integração dos mesmos,
sendo que o contínuo investimento na integração deverá ser realizado com
base nas novas realidades do fenómeno migratório. É importante, ainda,
olhar para o outro lado do saldo migratório, e intervir na reversão do
fenómeno da emigração, através do acompanhamento e do apoio aos
emigrantes para um possível regresso ao país, com o intuito de
equilibrar o saldo migratório em Portugal.
O programa “Erasmus” é um programa da União Europeia que permite a mobilidade de estudantes
do ensino superior entre as universidades dos Estados membros da União
Europeia, revelando-se assim um excelente exemplo de captação de
imigrantes e da promoção das universidades portuguesas no exterior, uma
vez que, após o término do programa, alguns destes estudantes optam por
permanecer em Portugal.
Em suma, se no século XX o grande desafio
demográfico esteve relacionado com a explosão populacional à escala
global, o século XXI deverá ser marcado, em termos populacionais, pelos
desafios das migrações e do envelhecimento (LeBras, 2000), e perante a
atual conjuntura, Portugal terá de se concentrar na captação de novos
imigrantes.
Mariana Lemos
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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