domingo, 16 de dezembro de 2018

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA SAÍDA TARDIA DOS JOVENS DE CASA DOS PAIS

A ordem mais ou menos previsível de acontecimentos que marcavam a entrada na idade adulta – emprego, sair de casa, casar, ter filhos -  já não acontece ou ocorre cada vez mais tarde. Isto porque, hoje em dia, sair de casa já não significa exclusivamente casar ou ter filhos nem a idade adulta é sinónimo de estabilidade ou de independência pessoal.

De acordo com o gráfico acima, referente à percentagem de jovens com idades entre os 16 e os 29 anos a viverem com os pais em 2017, publicados pelo Eurostat, é verificável que Portugal é o sétimo país da União Europeia (UE) com mais jovens a viverem com os seus progenitores, posicionando-se acima da média dos 28 estados-membros, e que, tal como todos os países em análise, a percentagem de jovens do sexo masculino a viverem com os pais é superior à percentagem de jovens do sexo feminino.
No que se refere a valores, os jovens portugueses só deixam de viver em casa dos pais, em média, por volta dos 29,2 anos, face aos 26 anos de média na UE28. Esta média apresenta grandes diferenças entre os estados-membros, com os países escandinavos – entre os quais a Suécia, a Dinamarca e a Finlândia - a deixarem de viver com os pais pouco depois de completarem 20 anos, enquanto que, no extremo oposto, aparece Malta e a Croácia, que só o fazem por volta dos 32.
Quais são, afinal, as causas para a saída tardia dos jovens portugueses, comparativamente com os países do Norte da Europa?
Entre as razões estão: a precariedade que os jovens enfrentam nos mercados de trabalho nacionais, com baixos salários, ao contrário do que acontece no Norte da Europa, em percursos pessoais classificados como "ziguezagueantes", com grande instabilidade laboral e risco acrescido de desemprego, num impasse vivido por muitos jovens em relação ao futuro; o elevado preço das habitações, que levam a que os jovens portugueses possam já não ser dependentes economicamente dos seus progenitores, mas que ainda assim continuem na casa destes por não terem ganhos suficientes para adquirirem autonomia residencial, face aos países nórdicos, em que o Estado é socialmente mais forte e com políticas que promovem a articulação entre escola e autonomização do jovem desde cedo, como bolsas e empréstimos a longo prazo (caso da Noruega); e questões culturais, uma vez que os jovens em Portugal sentem-se confortáveis em casa dos pais na transição para a idade adulta e têm um elo de ligação muito forte, como é visível se pensarmos que, mesmo estudando noutras cidades, estes têm no horizonte voltarem a casa ao fim de semana e no fim do curso. 
Que consequências advêm desta situação?
A primeira consequência que nos vem à cabeça é a emigração, à qual muitos jovens se sujeitam para conseguir alcançar melhores condições de vida e, assim, não terem de estar a saltar de trabalho em trabalho, obrigando-se a ficar em casa dos pais pelo estado em que se encontram.
Uma outra consequência é que tal pressupõe a constituição de família tardia que, por sua vez, poderá influenciar a taxa de natalidade de forma negativa (o que realmente aconteceu no caso de Portugal, em que o total de nascimentos tem, apesar de algumas oscilações, diminuído). Consequentemente, no longo prazo implica um aumento da população envelhecida.
Ana Carolina Sá
Bibliografia:
·        Eco- Economia Online
·        Jornal Público
·        TSF- Rádio Notícias
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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