Nos
últimos anos, Portugal progrediu bastante em relação aos meios materiais e às infraestruturas.Também
os indivíduos são os mais bem formados de sempre. No entanto, esta evolução não
se reflete na produção da economia. Por isso surge um paradoxo, já que apesar da
melhor combinação dos fatores de produção da economia, não nos encontramos numa
posição superior em comparação com os últimos anos. Como resultado, levanta-se
uma grande questão a respeito da razão pela qual nos situamos praticamente
estagnados a nível produtivo. Além disso, é relevante associar esta questão
quando estamos a enfrentar um momento de revolução tecnológica, em que o mundo
está a mudar rapidamente. Será que vamos conseguir acompanhar esta revolução?
O sucesso que pode derivar desta revolução possibilitará o
crescimento da produtividade. Na minha opinião, este é alcançado através da
inovação, o desenvolvimento tecnológico e principalmente através do
conhecimento. Para tal, as universidades, os nossos centros de saber e
conhecimento, necessitam não só de ser as melhores e afirmarem-se
internacionalmente mas também é extremamente importante existir uma proximidade
e interação das universidades com as empresas, e vice-versa.
Atualmente, a presença
das empresas nas universidades é maior, seja através dos órgãos de gestão, de
programas de estágio, de ações de formação, de parcerias com programas de
investigação e desenvolvimento, entre outros. Da mesma forma, existem
universidades prestigiadas internacionalmente que estabelecem diversos projetos
com empresas. Como exemplo, temos a Universidade do Minho que conseguiu
alcançar uma relação privilegiada com os empresários e com as empresas da
região. Destaca-se a interação com a empresa Bosch, que só foi possível porque
produzimos ciência de qualidade. Também o ISCTE detém protocolos com empresas
internacionais de consultoria, que asseguram estágios remunerados, com a
possibilidade de integração nos quadros das empresas, e a Porto Business School foi distinguida com o título honorário da
Ordem do Mérito, visto que foi considerada “como pioneira nacional na ligação
entre universidades e empresa’’, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, entre outras.
Contudo,
esta ligação ainda é pouca quando comparada com o que acontece no estrangeiro. A
título de exemplo, durante os anos 50, na Universidade de Stanford, o professor
Frederick Terman criou “parques de ciência’’ em que a área próxima do campus
era utilizada pelos investigadores e professores para criarem lá as suas
empresas, e ao mesmo tempo estes utilizavam as tecnologias da universidade para
gerar empresas tecnológicas. Além do mais, os indivíduos das empresas
conseguiam interferir nas atividades das universidades, lecionando com os
investigadores. No nosso país esta transferência de tecnologia entre
universidades e as empresas como meio de promoção do desenvolvimento
socioeconómico praticamente não existe. Porém, podemos argumentar que estes
parques não são formados próximos das universidades visto que a maior parte
destas são multipolares, logo não conseguimos estar fisicamente próximos uns
dos outros, contrariamente ao que se vive nas grandes universidades
anglo-saxónicas, em que conseguiram aproximar-se das empresas e juntar todos os
departamentos, de forma a conceber conhecimentos inovadores. Todavia, nos dias
de hoje, apesar de não estarmos próximos fisicamente, existem alternativas e
são essas que, para mim, devem ser exploradas no futuro.
Posteriormente,
como já foi referido, é preciso que o conhecimento se encontre nas universidades.
Porém, é igualmente necessário saber como o vamos partilhar. A partilha
corresponde à disponibilização da informação correta para as empresas através,
por exemplo, dos websites das
universidades, através dos quais as empresas conseguem contactar as mesmas.
Em suma, considero urgente a maior integração entre
universidades e empresas para o desenvolvimento da economia. É de referir que
os recursos existentes na economia estão melhores que há alguns anos, mas
também é fundamental combiná-los da melhor forma com a tecnologia, para
conseguirmos produzir mais e gerar mais riqueza.
Ana
Catarina Freitas da Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário