sábado, 15 de dezembro de 2018

E o crédito? Ainda está parado?

A situação do crédito mal parado ocorre quando o devedor se vê impossibilitado de cumprir as suas obrigações, passando o crédito concedido a ser incobrável. Por outras palavras, é uma situação que surge quando, por exemplo, as famílias deixam de pagar os seus empréstimos e, consequentemente, entram em incumprimento.
Os bancos portugueses reduziram no primeiro trimestre deste ano o crédito malparado em 1,7 mil milhões de euros. Segundo a Síntese de Indicadores do Setor Bancário, no primeiro trimestre, o valor bruto de crédito mal parado no balanço dos bancos era de 35.263 milhões de euros, abaixo dos 37.005 milhões de euros em 2017, dos 46.361 milhões de euros em 2016 e dos 49.818 milhões de euros de 2015. Ou seja, concluímos assim que este conceito, muitas vezes visto como uma “doença crónica” no setor bancário, começa, gradualmente, a diminuir. Ora, qual será a razão que está por detrás deste feito?
Primeiro, a banca, originária deste conceito, aproveitou o momento positivo da economia e do mercado imobiliário para encontrar compradores que aceitem o risco de ficar com empréstimos problemáticos. Portanto, este crédito mal parado reduziu-se, principalmente, devido à compra de carteiras do mesmo. Esta tem sido, portanto, a estratégia foco para curar esta “doença” no setor bancário, e prova disso tem sido a adesão de vários bancos portugueses, como por exemplo, o Novo Banco e até a Caixa Geral de Depósitos, a esta solução.
Outro fator influenciador foi a diminuição das imparidades. Perante a diminuição expressiva do fluxo de imparidades e, em menor grau, um aumento dos resultados de operações financeiras, houve um crescimento da rendibilidade da banca. Isto porque a redução com o custo de imparidades faz com que os ativos bancários aumentem.
Um último aspeto que contribui para este resultado positivo foi a diminuição dos custos operacionais da banca. Esta componente foi mais acentuada nos custos com o pessoal, que aconteceu, maioritariamente, devido ao início de reestruturação da banca.
Em suma, e na minha perspetiva, o crédito não está parado, porém também não se move à velocidade da luz. Atualmente, temos de aceitar esta lenta diminuição e estar bem cientes que esta lentidão não vai de encontro aquilo que a economia portuguesa precisa no momento. Tendo isto em mente, é necessário que a tendência se mantenha e, se possível, intensificá-la. A banca tem, por fim, de continuar na luta por diminuir este crédito para que este nunca esteja parado, mas sim sempre em movimento decrescente.

Mafalda Rebelo

Bibliografia:

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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