Desde
1990 que o Investimento Direto Estrangeiro tem vindo a ganhar uma importância
crescente na economia, tanto para os países em desenvolvimento como para os
desenvolvidos, e Portugal não é exceção. No ponto de vista dos países que beneficiam
do IDE, este mesmo apresenta várias vantagens, para além dos efeitos diretos
sobre a produção e os níveis de emprego. Com este investimento oriundo de países
estrangeiros vem a transferência de tecnologia, a introdução de técnicas
inovadoras de gestão e cultura nos negócios e mudanças na estrutura produtiva
do país destinatário.
Nos
últimos anos, Portugal tem enfrentado problemas, como excesso de dívida
pública, dificuldades em acelerar a economia e falta de investimento. O carecimento
de capitais em Portugal, aliado a falhas como as anteriormente referidas,
motivaram a necessidade de investimento direto estrangeiro no nosso país.
Analisando
melhor a sua evolução, o IDE em Portugal, apresentou um aumento entre 2008-2010,
passando de 75814.31 milhões de euros para 86060.3 milhões de euros. De seguida,
verificou-se uma ligeira queda do valor do IDE em 2011, passando para 80192 milhões
de euros. A partir de 2011, observou-se um aumento progressivo, tendo atingido em
2016 o maior valor de investimento direto estrangeiro em Portugal, de 112580.17
milhões de euros, sendo este valor representativo de 59 investimentos de vários
países. Em 2016, atingiram-se valores recordes, tendo então Portugal captado o
maior valor de investimento direto estrangeiro dos últimos 20 anos.
A
dívida pública excessiva tem-se tornado um fator alarmante para a economia portuguesa,
sendo que desde de 1991 até 2016 observou-se uma tendência progressiva de
crescimento da mesma, exceto ligeiras oscilações ao longo dos anos.
Nomeadamente, verificou-se uma diminuição da dívida pública das Administrações
Públicas entre 1991-2000, passando de 54,9% para 50,3% do PIB. No entanto,
desde 2000 até ao ano de 2016, notou-se um crescimento progressivo preocupante
desta mesma dívida tendo aumentado de 50,3% para 130,1% do PIB. Contudo, este
crescimento teve um certo abrandamento a partir de 2012-2013, visto que a
captação de IDE desde então tem sido
elevada
e de certa forma este aumenta o crescimento económico, logo vai influenciar o abrandamento
desta dívida de forma indireta.
A
necessidade de investimento direto estrangeiro ao longo dos anos sofreu várias oscilações,
sendo a mais significativa a de 2008 e a de 2010. O que provocou o aumento da
necessidade de IDE foi o rebentar da crise financeira a nível mundial devido ao
crash imobiliário, que era de extrema
importância na economia portuguesa, levando à falência de várias empresas e
bancos. Este acontecimento gerou uma necessidade extrema de financiamento por
parte das empresas visto estas estarem numa fase de falência. Nos anos
seguintes a esta crise financeira, foi negociado um resgate pela TROIKA e, dada
a necessidade de financiamento significativa em 2008, o apelo de Portugal a
investimento por parte de países estrangeiros foi respondido, tendo nos anos seguintes
se verificado um aumento exponencial do IDE, levando à transição de necessidade
para capacidade de financiamento.
As
sociedades não financeiras, em 2008, registaram valores de financiamento muito
baixos de 11,4% do PIB devido à falência de empresas nesse mesmo ano provocada
pela crise financeira. No entanto, estes valores nos anos seguintes, apesar de ainda
negativos, tiveram um aumento exponencial, passando de 11,4% para 4% do PIB, tendo
vindo a transitar de uma necessidade de IDE para capacidade de IDE sem precisar
de financiamento no ano de 2012, com 0%, do PIB atingindo uma capacidade máxima
de financiamento de 2,3% do PIB. No entanto, as Administrações Públicas não
atingiram essa necessidade e ainda hoje apresentam necessidade de financiamento
tendo, no entanto, vindo a diminuir a sua necessidade desde 2008, em que
apresentava valores negativos de 11,2% e conseguiu diminuir este valor para 2%
do PIB em 2016.
Concluindo,
estes dados permitem-nos deduzir que a necessidade de IDE em Portugal é cada
vez menor devido ao seu crescimento económico progressivo e à diminuição da dívida
pública excessiva. Apesar do financiamento externo não ter sido bem aplicado,
os resgastes da TROIKA acabaram por ser de efeito benéfico para a economia
portuguesa.
Alexandre Barbosa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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