segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Custos com a saúde em Portugal

Já pararam para refletir nos custos dos cuidados de saúde? Quanto custará uma cirurgia? E um internamento no hospital público? Ou o custo de um simples exame?
O custo de tudo isto é elevado. São serviços caros e têm um efeito inevitável de bola de neve, sempre a somar. O aumento da população envelhecida, e a consequente diminuição da população ativa contribui para mudar a estrutura demográfica do nosso país e para alimentar os custos na saúde, daí a necessidade de reformulação do SNS.
Através de dados estatísticos retirados do PORDATA do INE, verifica-se uma tendência crescente no rácio relativo ao índice de envelhecimento. Desde a década de 60, o rácio foi sempre aumentando, passando de 27,5% para valores iguais a 153,2%, no ano passado. O envelhecimento da população deve ser encarado como um desafio. É preciso o governo adaptar-se de forma a responder às necessidades dos mais velhos, principalmente a nível dos cuidados de saúde.
         Na minha opinião, é necessário adotar medidas para reorganizar o sistema nacional de saúde, de forma a manter a sua sustentabilidade e para que este continue universal e gratuito. Isto porque o problema do envelhecimento tem como tendência o aumento da despesa pública, uma vez que a prestação de cuidados das pessoas mais velhas não são cuidados hospitalares, mas sim outro tipo de cuidados, tal como o internamento. E estes cuidados são de natureza muito mais cara, por sinal.  Mas tudo depende da maneira como as pessoas envelhecem, ou seja, se vivem mais anos saudáveis ou doentes. Morrer com uma idade avançada mas ser saudável durante grande parte da vida leva a poupanças imediatas para o SNS. Daí a necessidade das sociedades investirem mais em cuidados preventivos, de forma a reduzir possíveis gastos futuros.
Quando pensamos em pessoas idosas, aliamos o nosso pensamento ao aparecimento de várias doenças em simultâneo, provocando incapacidade física e mental. São doenças crónicas que levma a que as pessoas precisem de cuidados continuados, o que implica uma despesa permanente.
 No livro de Pita Barros “Economia da Saúde” é esclarecido que, tradicionalmente, os idosos eram acompanhados através de cuidados informais, em que os familiares ou amigos cuidavam deles. Hoje em dia, já não é tanto assim, daí o aumento da procura deste tipo de serviços. A tendência é a procura de instituições que se assemelhem tanto ao hospital tradicional como aos cuidados de origem familiar. É preciso e importante que seja o paciente a monitorizar a sua situação, existindo um acompanhamento domiciliário (que vai permitir que os idosos permaneçam nas suas próprias casas), e não recorrendo ao internamento.
Na minha perspetiva, Portugal possui uma boa rede de cuidados primários, que é essencial para a tal proximidade atualmente. Os mais idosos precisam de apoios e cuidados informais, por exemplo alguém que os ajude nas compras de supermercado, na higiene, na farmácia, na cozinha, … A prestação destes serviços iria levar à diminuição dos gastos por parte do SNS. É, deste modo, crucial uma maior coordenação entre os cuidados de saúde e os serviços sociais, o que fortalece os sistemas de cuidado a longo prazo.
Temos que ter em conta, também, os maus hábitos da sociedade, tal como o tabagismo, maus hábitos alimentares, sedentarismo, obesidade e álcool, e aplicar políticas e iniciativas para melhorar o estilo de vida. É preciso atuar com uma perspetiva de futuro e controlar os riscos de doenças permanentes daqui a 5, 10,15 anos!  É importante o incentivo de programas de promoção e prevenção de doenças que visam as principais causas de morbilidade e mortalidade prematura, em particular a obesidade e hipertensão, bem como a saúde mental. Estas medidas devem incluir exercício físico e envolvimento social. O incentivo por parte das campanhas de sensibilização relativas a certos maus comportamentos na sociedade também pode ajudar a melhorar certos hábitos.
Em modo de conclusão, penso que o SNS deve assumir-se enquanto serviço nacional de saúde e não de doença para continuar a ser universal e gratuito.
Ana Cláudia Marques André
Bibliografia:  
PORDATA                                                                                                                                            
“Economia da Saúde”, Pita Barros
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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