Já pararam para refletir
nos custos dos cuidados de saúde? Quanto custará uma cirurgia? E um
internamento no hospital público? Ou o custo de um simples exame?
O custo de tudo isto é
elevado. São serviços caros e têm um efeito inevitável de bola de neve, sempre
a somar. O aumento da população envelhecida, e a consequente diminuição da
população ativa contribui para mudar a estrutura demográfica do nosso país e para
alimentar os custos na saúde, daí a necessidade de reformulação do SNS.
Através
de dados estatísticos retirados do PORDATA do INE, verifica-se uma tendência
crescente no rácio relativo ao índice de envelhecimento. Desde a década de 60,
o rácio foi sempre aumentando, passando de 27,5% para valores iguais a 153,2%, no
ano passado. O envelhecimento da população deve ser encarado como um desafio. É
preciso o governo adaptar-se de forma a responder às necessidades dos mais
velhos, principalmente a nível dos cuidados de saúde.
Na minha opinião, é necessário adotar
medidas para reorganizar o sistema nacional de saúde, de forma a manter a sua
sustentabilidade e para que este continue universal e gratuito. Isto porque o
problema do envelhecimento tem como tendência o aumento da despesa pública, uma
vez que a prestação de cuidados das pessoas mais velhas não são cuidados hospitalares,
mas sim outro tipo de cuidados, tal como o internamento. E estes cuidados são
de natureza muito mais cara, por sinal. Mas tudo depende da maneira como as pessoas
envelhecem, ou seja, se vivem mais anos saudáveis ou doentes. Morrer com uma
idade avançada mas ser saudável durante grande parte da vida leva a poupanças
imediatas para o SNS. Daí a necessidade das sociedades investirem mais em
cuidados preventivos, de forma a reduzir possíveis gastos futuros.
Quando pensamos em pessoas idosas, aliamos
o nosso pensamento ao aparecimento de várias doenças em simultâneo, provocando
incapacidade física e mental. São doenças crónicas que levma a que as pessoas
precisem de cuidados continuados, o que implica uma despesa permanente.
No
livro de Pita Barros “Economia da Saúde”
é esclarecido que, tradicionalmente, os idosos eram acompanhados através de
cuidados informais, em que os familiares ou amigos cuidavam deles. Hoje em dia,
já não é tanto assim, daí o aumento da procura deste tipo de serviços. A
tendência é a procura de instituições que se assemelhem tanto ao hospital
tradicional como aos cuidados de origem familiar. É preciso e importante que
seja o paciente a monitorizar a sua situação, existindo um acompanhamento
domiciliário (que vai permitir que os idosos permaneçam nas suas próprias casas),
e não recorrendo ao internamento.
Na minha perspetiva, Portugal possui uma
boa rede de cuidados primários, que é essencial para a tal proximidade
atualmente. Os mais idosos precisam de apoios e cuidados informais, por exemplo
alguém que os ajude nas compras de supermercado, na higiene, na farmácia, na cozinha,
… A prestação destes serviços iria levar à diminuição dos gastos por parte do
SNS. É, deste modo, crucial uma maior coordenação entre os cuidados de saúde e
os serviços sociais, o que fortalece os sistemas de cuidado a longo prazo.
Temos que ter em conta, também, os maus hábitos
da sociedade, tal como o tabagismo, maus hábitos alimentares, sedentarismo,
obesidade e álcool, e aplicar políticas e iniciativas para melhorar o estilo de
vida. É preciso atuar com uma perspetiva de futuro e controlar os riscos de
doenças permanentes daqui a 5, 10,15 anos! É importante o incentivo de programas de
promoção e prevenção de doenças que visam as principais causas de morbilidade e
mortalidade prematura, em particular a obesidade e hipertensão, bem como a saúde
mental. Estas medidas devem incluir exercício físico e envolvimento social. O
incentivo por parte das campanhas de sensibilização relativas a certos maus
comportamentos na sociedade também pode ajudar a melhorar certos hábitos.
Em modo de conclusão, penso que o SNS deve
assumir-se enquanto serviço nacional de saúde e não de doença para continuar a
ser universal e gratuito.
Ana Cláudia
Marques André
Bibliografia:
PORDATA
“Economia da Saúde”, Pita Barros
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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