Nos últimos anos, em Portugal, os números refletem um crescimento medíocre, que tem caraterizado o nosso país desde 2000. Fica na retina que o principal foco dos últimos governos se concentrou no controlo e na sustentabilidade das contas públicas, condição necessária para haver um crescimento sustentado, mas, como se vê, condição insuficiente também.
Numa
opinião pessoal, uma das principais explicações que elucida este nosso atraso
relativo a outros países da União Europeia - com exceção da Grécia -, está
relacionado com uns índices baixos de educação. Comparando a realidade
portuguesa com qualquer outro país da União Europeia, rapidamente observamos
uns níveis de escolaridade singularmente baixos.
Com
base em dados de 2019, fornecidos pelo Eurostat, é-nos demonstrado que Portugal
era o país com menores níveis de educação de toda a União Europeia, com apenas
52% da população a concluir o ensino secundário e/ou superior até 2019,
encontrando-se cerca de 26 pontos percentuais abaixo da média da UE (78%). De
realçar que esta posição se deve muito à inclusão da população reformada –
muito dela pouco ou nada instruída - na amostra, contudo demonstra à mesma o
atraso educacional presente no nosso país.
Num
panorama geral, torna-se fulcral analisar o índice de capital humano. No
gráfico acima, representativo da relação entre o índice de capital humano e o
PIB per capita, é percetível que
existem 53 países com o índice abaixo de Portugal e 100 países com PIB per capita inferior. É-nos também evidenciado,
através deste gráfico, que aproximadamente três quartos das variações no PIB
devem-se ao índice de capital humano.
A
posição de Portugal nesta representação, no meu ponto de vista, é de especial
destaque devido ao nível de educação baixíssimo corresponder a um nível de vida
alto (o ponto de Portugal no gráfico é o de um outlyer), considerado até como um “milagre”.
Como
mencionado supra, a educação é um dos tópicos que pode impedir o crescimento
económico. Não obstante, não é justificativa para todo esse desaceleramento
económico. A presença de mercados mais competitivos, uma segurança social que
incite a poupança, um regime fiscal menos complexo e uma justiça com boa praticabilidade
seriam premissas ótimas para o crescimento.
Os
principais exemplos, que explicitam a educação não ser o principal entrave são
os países de Leste que, antes da inserção na União Europeia, apresentavam um
péssimo nível de vida, comparativamente com Portugal. Apesar disso, estes
países do leste europeu apresentavam os seus níveis de escolaridade como uns
dos mais altos da Europa. Assim, no mínimo, tem-se que admitir que o nível de
escolaridade da sua população não era bloqueio ao crescimento, no momento de
adesão.
Como
conclusão, na minha conceção, teremos que, essencialmente, encontrar soluções
imediatas para o combate a este entrave económico. Uma das soluções que se
poderá adotar é a contínua aposta na educação, com um programa elaborado de
requalificações que prepare os trabalhadores e atribua a cada um deles
competências necessárias para lidar com uma economia mais verde, mais digital e
mais inovadora. Este programa deve envolver as Universidades, os Politécnicos,
as Escolas Profissionais e as empresas. Em conjunto com este programa, deve-se
também repensar o sistema de ensino português, modernizá-lo e adaptá-lo às
novas realidades. No médio prazo, Portugal depara-se com sérios desafios para
adequar o conteúdo das qualificações da sua oferta de trabalho ao padrão da
procura.
Assim, a acumulação de capital humano promove uma maior produtividade dos trabalhadores que é recompensada no mercado de trabalho sob a forma de salários mais elevados. Estes retornos individuais têm uma contrapartida direta no rendimento total dos países.
José Pedro Neves
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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