O crescimento económico europeu tem vindo a definir o peso da
Europa na economia global. É um facto que o seu ritmo de crescimento é mais
lento que o dos Estados Unidos da América, e ainda mais lento que o da economia
chinesa, no entanto, este acontecimento não é novidade. Em causa está a
diferença entre os modelos económicos, as instituições, a demografia e os
equilíbrios sociais. Isso explica o porquê deste fenómeno de crescimento díspar.
Até à atualidade, a economia norte-americana é uma das mais
desenvolvidas do mundo, com um elevado nível de produção e do Produto Interno
Bruto per capita. Mantém um
crescimento médio anual de 1,8% desde 2010, ao passo que a Europa opera a
metade desse valor, com um crescimento médio anual de 0,9%. Facilmente
denotamos uma assimetria do crescimento destas economias, que visto a
médio-prazo são apenas umas décimas de diferença, no entanto, esta disparidade
tem tendência a aumentar no longo-prazo.
Em particular, o período da crise financeira de 2008 denota
grande importância para explicar essa diferença de desenvolvimento. A Europa
priorizou o equilíbrio em vez do crescimento, apostando na estabilidade das
finanças públicas e numa política monetária bastante rigorosa, com vista a um
crescimento mais rápido no futuro, no entanto, este crescimento nunca se
verificou. Metade dos países da Europa registaram valores da dívida pública, em
percentagem do PIB, superiores a 100%, como é o caso dos países do Sul. Estes
países, que à partida teriam maior potencialidade de crescimento económico, uma
vez que partem de níveis de rendimento mais baixos, acabaram por divergir do
resto da União Europeia. Este pobre desempenho não só não contribuiu para o
desenvolvimento europeu como agravou a média.
Numa opinião pessoal, a dificuldade de
adaptação por parte da Europa às condições de crescimento da economia é também
em grande parte suportada pelas questões demográficas. Particularmente, por
cada 100 jovens portugueses, há 182 idosos atualmente (23,4% da população
residente — Censos 2021).
Efetivamente, o envelhecimento da população implica uma redução da
produtividade, o que exige um aumento da despesa pública ao nível das pensões.
Já o mercado de trabalho norte-americano atrai imigrantes de todo o mundo,
tendo este uma das taxas mais elevadas ao nível da imigração mundial. O seu
grande dinamismo empresarial capta profissionais mais qualificados, como
população de 1ª geração, capaz de vingar mais facilmente no país.
O continente europeu assenta numa
forte base de apoio social, nomeadamente ao nível da saúde e da educação.
Particularmente, Portugal padece significativamente neste aspeto, sendo um dos
países da UE menos educado, contudo, tem tido uma evolução bastante considerável.
A Europa mantém ainda uma preocupação ética em liderar áreas como a sustentabilidade
e o ambientalismo, ainda que o mundo não acompanhe este ideal, como é o caso
americano que pouco ou nada investe nesse sentido, e cujo retorno económico não
iguala (nem de perto nem de longe) o investimento. Daí o lento progresso.
Neste sentido, precisamos de encontrar soluções que tornem as
necessidades sociais compatíveis com a eficiência económica, por via do
investimento na educação e na investigação científica. Efetivamente, a UE criou
o Plano de Recuperação para a Europa, que
considera esta abordagem. A par da recuperação económica, o programa visa
viabilizar uma recuperação sustentável e resiliente dos Estados-Membros, bem
como a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos da UE, sustentando uma
transição ecológica e digital das economias da UE.
Assim, do ponto de vista pessoal, penso que estes aspetos
apresentam ser um método eficiente e eficaz, capazes de proporcionar um
crescimento económico consistente e sustentável e efetivamente destacar a
Europa.
Bruna Oliveira
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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