A estratégia “Portugal 2030” materializa o Acordo de Parceria estabelecido com a Comissão Europeia, através da fixação de objetivos e metas estratégicas para a aplicação de 24.182 M€, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), do Fundo Social Europeu + (FSE+), do Fundo de Coesão, do Fundo de Transição Justa (FTJ) e do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura (FEAMPA), entre 2021 e 2027. É estruturado de acordo com 4 agendas temáticas centrais para o desenvolvimento português, ao nível da economia, sociedade e território, no horizonte de 2030.
A existência deste programa
justifica-se pelas eventuais vantagens em concentrar os apoios oriundos dos
fundos europeus num número limitado de domínios estratégicos/modos de
intervenção com vista à maximização dos impactes económicos, sociais,
ambientais e territoriais, ou seja, a mobilização mais eficiente dos recursos
disponíveis. Neste sentido, acho importante mencionar o facto de a
simplificação da interação dos promotores com o sistema ser incentivada como
forma de reduzir os custos associados à gestão e prazos. Verifica-se igualmente
a segregação das funções de gestão e de prevenção de conflitos de interesse de
forma a assegurar a subordinação do modelo de gestão dos Fundos Europeus ao princípio
da separação das etapas de análise e decisão, pagamento, auditoria e controlo.
Realço
ainda o princípio orientador de garantir uma visão global dos recursos
mobilizados ao serviço da estratégia “Portugal 2030”, o que se traduz, por
isso, numa sinergia entre fontes de financiamento nacionais e comunitárias.
Simultaneamente, achei bastante interessante o facto de ser incluído um
processo eficiente de adoção descentralizada das decisões, fazendo coincidir o
correspondente nível territorial de decisão das políticas com o nível de
decisão dos financiamentos, em casos de agendas territoriais.
Ora, “Portugal 2030” guia-se pelos
objetivos estratégicos da UE, nomeadamente, inteligência, ecologia, conexão e
proximidade aos cidadãos. Na minha opinião, é importante reforçar a
inteligência - através do investimento na inovação, digitalização, competitividade
empresarial, especialização inteligente, transição industrial e
empreendedorismo – já que poderá melhorar a competitividade global portuguesa
em indicadores como a capacidade de inovação e dinamismo empresarial
(indicadores cujo crescimento permitirá a Portugal alcançar uma maior posição
no ranking mundial).
Adicionalmente, acredito que, pelo
facto de se apostar na proximidade dos cidadãos, “Portugal 2030” incentiva a
coesão social e territorial, por via do apoio ao desenvolvimento a nível local
(e posteriormente nacional). Daqui,
observa-se também a vertente social do programa, devido ao apoio no setor da
educação, igualdade de acesso aos cuidados de saúde, qualidade de emprego,
formação ao longo da vida e inclusão social - cumprindo e assegurando as
prioridades estabelecidas no Pilar Europeu dos Direitos Sociais.
Para concluir, a meu ver, os variados
programas incluídos na estratégia “Portugal 2030” irão, coerentemente, permitir
uma mobilização dos recursos disponíveis bastante benéfica para Portugal –
orientada para a eficiência, transparência e simplificação. Igualmente, penso
que seja, neste contexto, possível promover sinergias e complementaridades com
outras fontes de financiamento, ao nível europeu, podendo resultar numa
possível salvaguarda relativa do risco de duplo financiamento.
Francisca Maria Soares Ferreira
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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