Uma economia competitiva é aquela que regista um crescimento elevado e sustentado da produtividade. A competitividade de um país depende da sua capacidade para colocar no mercado produtos e serviços que atendam aos padrões de qualidade dos mercados, assim como proporcionem rendimentos face aos recursos utilizados ou consumidos na sua produção. Esta maior competitividade global colocou maiores desafios às empresas, bem como aos profissionais que contribuem para o seu desenvolvimento. A flexibilidade, melhoria contínua e a criatividade devem ser orientadas e focadas para a resolução de problemas reais e importantes na sociedade. Atualmente, governos, empresas e indivíduos enfrentam elevados níveis de incerteza à medida que a tecnologia e as forças geopolíticas remodelam a ordem económica e política.
Fonte: Global
Competitiveness Report 2020
Analisando
o caso de Portugal, verifica-se que, apesar de ser um país desenvolvido, este ainda
possui muitas deficiências na sua competitividade com o mercado exterior.
Uma
destas deficiências é representada pelo mercado de trabalho. Portugal
ocupa péssimas posições do ranking global
no que respeita às práticas de contratação e despedimento, mobilidade dos
trabalhadores, taxa de imposto sobre o trabalho, flexibilidade na determinação
do salário, produtividade e burocracia. Isto impede que Portugal consiga
resolver os seus problemas de produtividade, pois muitas vezes não existem
incentivos para aumentar a capacidade produtiva das empresas.
Para
além disto, o sistema financeiro também é um dos pilares onde a economia
portuguesa apresenta graves problemas. A instabilidade do sistema
financeiro nacional, assim como crédito não-produtivo e a falta de financiamento
das PMEs são exemplo destas dificuldades. Da mesma forma, são de salientar as
distorções provocadas pelos impostos e pela ausência de subsídios, que proporcionam
a falta de concorrência das empresas portuguesas nos mercados internacionais. Devido
à crise de 2008, Portugal também continua a apresentar uma pontuação bastante
desfavorável na dinâmica da dívida pública, sendo um dos países com maior
divida em função do seu PIB.
Ao
nível de escolaridade, Portugal demorou a entrar no comboio dos países
desenvolvidos. O nosso país ainda possui um número médio de anos de
escolaridade da população bastante baixo, o que impossibilita o desenvolvimento
de novas qualidades por parte da população ativa, como por exemplo dotações
digitais. Para além disso, o baixo investimento na formação dentro das empresas
levou a que este problema se agravasse e a que a qualidade produtiva portuguesa
diminuísse.
Em
relação ao setor empresarial português, os novos gestores possuem muita
dificuldade em lidar com decisões associadas ao risco, o que pode levar a
diferentes caminhos no desenvolvimento das suas marcas. A falta de incentivos
para o crescimento de empresas inovadoras e adoção de ideias disruptivas, assim
como o elevado tempo e custo no início de um negócio, contribuem para o colapso
das empresas portuguesas frente ao mercado internacional. Por este motivo,
Portugal ainda possui essencialmente uma baixa taxa de abertura ao comércio mundial,
o que é medida pelo rácio das importações e exportações no PIB nacional.
Contudo,
é importante salientar os progressos feitos por Portugal para reduzir estes problemas.
Portugal a partir da revolução de abril investiu em grande massa na redução do
analfabetismo da população e criou melhores condições para os trabalhadores. Com
a entrada na CEE, que por sua vez disponibilizou recursos, o governo tornou-se num
dos grandes financiadores das empresas, o que ajudou em muito o desenvolvimento
do país face a outros.
Finalizando, na minha opinião as empresas
necessitam de ter uma visão mais abrangente do mercado, estando dispostas a
apostar numa presença global, na criação e desenvolvimento de produtos e
serviços inovadores, na criação de marcas credíveis, em canais de distribuição
adequados e na elevada presença digital. Portugal possui infraestruturas rodoviárias, acessos e
conectividade entre estradas e autoestradas de qualidade que podem facilitar o
escoamento desta produção. As abordagens tradicionais
no sentido de assegurar o crescimento já não são suficientes para mitigar as
pressões competitivas e concorrenciais. Por isso, todos os esforços de redução
de custos devem estar completamente interligados com o conceito de crescimento.
Sendo assim, Portugal tem de apostar mais em prevenir os seus erros em vez de remediá-los.
Paulo Henrique da Costa Gonçalves
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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