Cavernas
de sal reformadas, aquíferos e depósitos de combustível que armazenam o gás
natural da Europa nunca estiveram tão vazios como neste do Inverno. Apenas
quatro meses depois dos EUA virem a público dizer que a Europa não estava a
fazer o suficiente para se preparar para a estação escura e fria que se
avizinhava, o “velho” continente está a lutar contra uma crise de abastecimento
que tem causado preços de referência do gás mais do quádruplo dos níveis do ano
passado, comprimindo as empresas e as famílias. A crise deixou a União Europeia
à mercê do tempo e das “artimanhas” do Presidente russo Vladimir Putin, ambas
notoriamente difíceis de prever.
Fonte- EUROSTATA
A
Europa está no meio de uma transição energética, encerrando centrais elétricas
alimentadas a carvão e aumentando a sua dependência das energias renováveis. O
vento e a energia solar são mais limpos mas, por vezes inconstantes, como
ilustrado pela súbita queda na energia gerada por turbinas que o continente
registou no ano passado.
A
crescente influência de Moscovo sobre os seus vizinhos tornou-se evidente no final
dos últimos tempos. Um Inverno invulgarmente frio e longo esgotou os stocks de gás da Europa precisamente
quando as suas economias estavam a reemergir da recessão induzida pela
pandemia.
Um
recente choque nas importações de GNL dos EUA proporcionou algum alívio, mas é,
na melhor das hipóteses, temporário. A França precisa de desligar vários dos
seus reatores para manutenção e reparações, resultando numa redução de 30% na
capacidade nuclear no início de Janeiro deste ano, enquanto a Alemanha está a
avançar com planos para encerrar todas as suas centrais nucleares. Com os dois
meses mais frios de Inverno ainda pela frente, o receio é de que a Europa possa
ficar sem gás. Dado isto, estaremos nós nas mãos da Rússia?
Os comerciantes já se estão a preparar-se para o pior, com os preços do gás a subir cerca de 40% durante os últimos meses. Alguns dizem que a crise pode durar até 2025, quando a próxima vaga de projetos de GNL nos Estados Unidos começar a abastecer o mercado mundial. Serão os Estados Unidos a salvação para estabilizar os mercados energéticos?
Maria Helena Mendes
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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