No início do século XXI,
o mundo estava no auge da globalização económica e financeira, através do
investimento estrangeiro facilitado e da evolução do comércio internacional. O desenvolvimento
firme da economia global marcava taxas de crescimento entre os 2% e os 5% para
o PNB e uma valorização de cerca de 124%, entre 1997 e 2006, para os preços dos
imóveis. Dessa forma, juntamente com as reduzidas taxas de juro, a transmissão
de crédito aumentou significativamente.
Todavia, depois de 2005,
as taxas de juro cresceram tendencialmente e atingiram níveis cada vez mais elevados
– provocados pela saturação do mercado imobiliário americano e da inflação. Contrariamente,
o valor dos imóveis decresceu – necessidade dos vendedores conservarem o nível de vendas - ao mesmo tempo
que os bancos enfrentavam um salto agravado no incumprimento bancário (mais de
20% em 2008). Na companhia dos baixos
valores habitacionais, os ativos tornavam-se totalmente desvalorizados e os
empréstimos que representassem um maior risco eram rapidamente securitizados e
vendidos no mercado – de forma a aumentar a liquidez.
Assim, a meio de 2007, os mercados
financeiros começaram a perder confiança no setor bancário, o que fez com que originassem
grandes entraves financeiros, em resultado da contração severa de liquidez e
crédito a nível internacional. Consequentemente, os bancos viram-se “obrigados”
a vender os ativos e a reduzir a concessão de crédito (às famílias e empresas),
fazendo com que as famílias reduzissem o nível de consumo e as empresas
deixassem de atingir objetivos lucrativos ou mesmo falirem.
Com origem nos Estados Unidos da América, o estourar da
bolha de investimentos massivos em hipotecas norte americanas, juntamente
com a rejeição de auxílio a um dos maiores bancos de investimento, a crise
financeira mundial, denominada por The Great Recession pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), rapidamente propagou-se pelo sistema financeiro
global, principalmente nos países europeus – onde parte dos ativos tinham sido
adquiridos. Desta forma, surgiu a necessidade de alguns governos intervirem de
forma mais ativa no sistema bancário, através de grandes injeções de capital.
As medidas aplicadas no desenrolar da crise atingiram o
mercado da dívida soberana e resultaram em sérios problemas, sobretudo em
países com grandes carências de financiamento externo e desequilíbrios
económicos. Particularmente, Portugal foi um dos países mais atingidos tendo em
conta o elevado grau de endividamento público e a subida das taxas de juro
associadas à dívida pública. Além disso, o desacelerado crescimento económico
(ou retrocesso), a fraca competitividade, as políticas contracionistas, a queda
acentuada da procura global, a inflação, o aumento do desemprego (mais de 17%
em 2013), e o setor bancário dependente de financiamento externo levaram a que
Portugal pedisse um resgate financeiro, em Maio de 2011, em cerca de 79 mil
milhões de euros – Troika. Desta forma, o país comprometeu-se a cumprir
um plano de modo a corrigir o excessivo défice económico.
Em
jeito de conclusão, os gravíssimos impactes da crise de 2008 influenciaram a
economia a nível global. Apesar da dinâmica catastrófica portuguesa, na minha
opinião, as medidas e as formas de combate influenciam em grande escala o
processo atrasado de recuperação de longo-prazo. Embora o estado português tivesse
apoios externos, só em 2018 – 10 anos depois - é que conseguimos “superar” os
impactes económicos sentidos: o PIB atingiu os 182,9 mil milhões de euros em
2018, o que superou os 182,4 mil milhões de euros registados em 2008.
Beatriz Neves Vieira Silva
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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