domingo, 9 de janeiro de 2022

O papel da Educação no desenvolvimento económico

            Evitar situações de pobreza e de marginalização é um objetivo do qual a sociedade civil não se pode alhear, e para o qual todos devemos estar sensibilizados e mobilizados. Uma das formas possíveis de atuação é através do apoio a projetos concretos com manifesta capacidade empreendedora e de realização. Isto deve ser estimulado com o apoio das escolas que, enquanto entidades de referência na missão educativa, tornam-se essenciais nestas iniciativas de inclusão social.

No início dos anos 70, no livro Small is Beautiful, Ernst Schumacher defendia: “O desenvolvimento não começa com os recursos materiais, o desenvolvimento começa com as pessoas e a sua educação, organização e disciplina. Sem estes três pilares, todos os recursos permanecem inúteis”.

O ritmo e o nível de crescimento económico de um país ou de uma região resultam, efetivamente, da interação de um conjunto complexo de fatores, em que se destacam, por um lado, a educação (incluindo a formação profissional, a investigação e o desenvolvimento tecnológico) e, por outro, os comportamentos, valores dos agentes económicos e da sociedade em que estão inseridos, ou seja, a organização e a disciplina a que Schumacher se referia.

A capacidade dos diferentes países para tirarem partido do acesso à informação e do conhecimento está limitada pelas diferenças de capacidade local para usar essas tecnologias ou transformar o conhecimento codificado. Ela depende do conhecimento tácito e de outros elementos de competência que, por definição, são difíceis de transferir. O que conta já não é só o conhecimento de que se dispõe ou a informação que está disponível mas, também, e sobretudo, a capacidade de aprender. É necessário ter trabalhadores com novos atributos: maior educação, maiores qualificações e maior capacidade de adaptação aos novos requisitos decorrentes das novas tecnologias.

A capacidade para aceder às redes e a competência para delas extrair a informação relevante e para a utilizar em termos económicos são os fatores críticos do desempenho dos trabalhadores e dos níveis de remuneração. Isto significa que, sem formação profissional e sem renovação das organizações, a introdução de novas tecnologias pode resultar em enormes perdas de eficiência. A recente utilização do conceito “economia do conhecimento” constitui uma forma de reconhecer que o conhecimento e a capacidade de aprendizagem das pessoas, das empresas e dos sistemas nacionais são os fatores‐chave do desenvolvimento económico.

Ao confrontar tais ideias com a realidade portuguesa, é possível perceber porque é tão difícil para nós alcançar qualquer tipo de crescimento económico a longo-prazo. A falta de investimento em educação combinada com a má gestão do setor cria muito pouco incentivo para o desenvolvimento de indivíduos intelectualmente notáveis.

É fundamental reconhecer que as escolas são os atores principais na missão educativa, mas têm de ser coadjuvadas pelo Estado e pelos vários setores da sociedade civil. As empresas, enquanto principais recetores dos trabalhadores qualificados, deverão intensificar a articulação com o sistema educativo e de formação profissional, manifestando as suas necessidades de conhecimentos e aptidões.

Ao Estado e às comunidades locais compete reforçar, de forma articulada, aqueles três subsistemas – educação, formação profissional e investigação − através das políticas públicas, instituições e infraestruturas. Diante do exposto, é notável que o progresso tecnológico tem um enorme peso no crescimento económico. O progresso tecnológico só pode ser alcançado por mentes criativas e curiosas, tornando-se, portanto, de grande importância refletir sobre a importância de fomentar estes valores entre os estudantes do presente e os investigadores do futuro. Sendo a educação uma das principais formas de estimular a criatividade, é extremamente importante investir nas instituições de ensino, pois elas definem o nosso futuro.

 

Ângela Ferreira

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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