sábado, 8 de janeiro de 2022

Envelhecimento populacional em Portugal

Em Portugal, a terceira idade representa cerca de 20% da população. O INE salienta que, até 2080, o índice de envelhecimento, no nosso país, aproximar-se-á de um rácio de 317 idosos por cada 100 jovens. Consecutivamente, estes números podem estar associados a uma quebra geracional, a um sistema de segurança social insustentável e a uma perda de dinamismo económico, o que se traduz em perturbações a nível social, financeiro e económico, além das já verificadas atualmente. 

O envelhecimento populacional é um fenómeno demográfico que atinge grande parte dos países a nível mundial, com especial destaque para os países em desenvolvimento. De facto, esta caraterística demográfica gera muitas consequências, tanto a nível financeiro como social, condicionando o crescimento económico, a sustentabilidade do sistema de segurança social e a produtividade do país.

Mais especificamente, é possível salientar uma diminuição da população ativa, que acaba por ser compensada com o aumento da idade de reforma, levando a que a população empregada seja, em média, mais velha e menos escolarizada. Assim, o Estado deverá promover e sustentar a formação contínua e proporcionar melhores condições de trabalho, de forma a incentivar a população a permanecer mais tempo no mercado de trabalho.

Adicionalmente, destaca-se, também, a maior procura de serviços sociais, principalmente no que respeita aos cuidados de saúde. Tendo em conta o aumento da esperança média de vida, é natural que, a este comportamento, se alie o aumento da procura de cuidados de saúde, de forma a melhorar a qualidade de vida. Simultaneamente ao crescimento da esperança média de vida, pode associar-se uma taxa de natalidade decrescente. Cada vez mais as famílias têm filhos mais tarde e, consequentemente, menos filhos, o que se deve, em grande parte, à falta de recursos económicos das famílias e, ainda, à incapacidade de conciliação da vida familiar com a profissional. Posto isto, o Estado deve optar por políticas de natalidade mais abrangentes e transversais, de modo a promover um estímulo à evolução positiva da natalidade, principalmente nas famílias mais jovens.

Por fim, mas não menos relevante, é de notar que a migração pode ser utilizada para atenuar esta tendência de envelhecimento. Deste modo, políticas que beneficiem e facilitem a imigração, principalmente de indivíduos aptos a exercer uma atividade económica (em idade ativa), podem amenizar os efeitos sentidos pela reduzida taxa de natalidade, contribuindo para a diminuição das assimetrias demográficas.

Desta forma, considero que o governo deve definir estratégias adequadas à situação atual do nosso país, com o intuito de combater o duplo envelhecimento e promover um envelhecimento ativo e saudável. Na minha opinião, no que concerne ao aumento da idade da reforma, o governo pode optar por financiar ou possibilitar a formação de trabalhadores mais velhos, seja com programas universitários especiais ou mesmo formações mais curtas, de forma que os indivíduos consigam conciliar com a vida pessoal e profissional. Quanto à natalidade, acredito que podem ser cedidos apoios ou subsídios às famílias, além dos existentes, principalmente às mais jovens, assim como flexibilidade no horário de trabalho com a finalidade de aumentar os nascimentos e o número de filhos por família. Julgo igualmente relevante a criação de medidas de apoio a imigrantes, que os auxiliem na adaptação ao país e à cultura, tais como programas de aprendizagem da língua, incentivos no sentido da criação de postos de trabalho, entre outros.

Em suma, as políticas sociais selecionadas pelo governo representam um papel extremamente valioso já que são estritamente necessárias para combater esta problemática, que se tem vindo a sentir cada vez mais intensamente no nosso país.

 

Margarida Gomes Pinto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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