A importância do setor da cortiça na economia portuguesa é inegável. Este setor apresenta uma forte componente exportadora, que contribui para a competitividade e o crescimento da economia portuguesa e cujas atividades vão desde a extração, transformação e à comercialização da cortiça.
Como
sabemos, a cortiça tem origem na casca dos sobreiros, sendo que 34% da área
mundial do montado de sobro se localiza em Portugal (maioritariamente no
Alentejo), o que corresponde a uma área de 720 mil hectares e a 23% da floresta
nacional, permitindo que Portugal lidere na produção, transformação e
exportação desta matéria-prima,
com produtos com elevado valor acrescentado.
Das empresas do setor da cortiça, que
estão divididas em diversas atividades económicas, as que predominam são as que
fabricam rolhas, uma vez que um dos principais destinos dos produtos de cortiça
é a indústria vinícola. Outro subsetor que também se
destaca
é o da preparação da cortiça, seguido pelo fabrico de outros produtos desta
matéria prima, nomeadamente para a construção civil, decoração e isolamento.
A
tendência de
crescimento deste setor pode verificar-se na balança comercial da fileira de
cortiça, que tem apresentado sempre um saldo positivo e crescente, e no valor
das exportações de Portugal, desde 2011 até 2018,
que apresenta um crescimento anual médio
de 4,5%, já que 2018 foi considerado um ano marcante para o setor, sendo
ultrapassados os mil milhões de euros no valor global das exportações. Esta
evolução das exportações de cortiça é estimulada não só pelo uso progressivo da
rolha de cortiça na vedação das garrafas de vinho, em todo o mundo, como também
na sucessiva utilização desta matéria prima no setor da construção civil.
Deste modo, Portugal é o maior
exportador mundial de cortiça, exportando para mais de 130 países,
dominantemente europeus. De seguida, encontram-se Espanha e França, embora
estejam, ainda assim, bastante distantes em termos monetários e
percentuais. As exportações de cortiça representam 2%, em termos globais, das
exportações de bens portugueses, e cerca de 1% nas exportações totais
portuguesas. Além disso, Portugal é o terceiro maior importador mundial de
cortiça, a qual é utilizada para transformação e posterior exportação sob a
forma de produtos de consumo final.
Nos dias de hoje, enfrentamos uma
crise sanitária mundial, crise esta que, para além de prejudicar a saúde da
comunidade, também está a causar danos muito graves a nível económico. O setor
da cortiça não é imune a estes danos e verificam-se perdas significativas nesta
indústria, uma vez que as medidas de prevenção, como o encerramento de lojas e
as reduções salariais,
retraíram
o seu consumo.
Em
suma, este é um setor que, nas últimas
décadas, tem
registado um crescimento económico contínuo,
demonstrando-se uma mais valia nacional, liderando a produção, transformação e
exportação de cortiça. Sendo este um setor de mérito em Portugal, é importante
que se tenha atenção ao impacte da crise pandémica que atravessamos, pois os danos
notar-se-ão mais intensamente a longo prazo e é possível que estaremos perante
um impacte mais estrutural. Tendo em conta a importância deste setor, é
imperativo que o Estado prolongue as medidas e apoios ao longo do tempo, de
forma a conter prejuízos.
Considero ainda que a cortiça terá um
papel importante na recuperação económica, coesão social e territorial e no desenvolvimento
sustentável do nosso país, uma vez que é um produto natural e ecológico, que
substitui, em muitos casos, materiais prejudiciais ao ambiente. É inevitável
concluir que esta indústria é de extrema importância para o desenvolvimento da
economia, quer pelo lado da produção e do emprego, quer pelo lado das
exportações.
Daniela Bastos
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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