Nos
últimos tempos, a TAP tem sido tema de discussão, devendo-se tal ao facto de o
prazo fornecido pela Comissão Europeia a Portugal para a entrega do plano de
restruturação ter findado.
De facto, a empresa TAP SA. tem um
papel bastante importante no nosso país. Para além de ser a nossa companhia
aérea de bandeira, tem um grande valor para as nossas exportações e emprega um
número elevado de trabalhadores. Todavia, isto não serve de desculpa para se
ter aproveitado ao longo dos últimos anos do dinheiro dos nossos contribuintes
de uma forma tão exagerada, não mudando a sua postura.
É
inadmissível uma empresa que recorreu a diversos empréstimos do Estado estar
constantemente a apresentar investimentos de frota, entre outros custos adicionais
não prioritários. Assim, acho necessária a intervenção do Estado e essencial um
plano de reestruturação com vista a proteger os contribuintes e a empresa, em
especial numa altura como esta, onde estamos com elevados custos no combate à
pandemia. O principal foco desta restruturação é tornar a empresa sustentável a
médio-prazo e capaz de pagar os seus empréstimos o mais rapidamente possível.
É importante referir que este plano
ainda não se encontra completamente definido e pode sofrer diversas alterações
agora que foi apresentado em Bruxelas. No entanto, no que até agora foi
apresentado, a TAP terá uma perda nas receitas consolidadas de 6,7 mil milhões
de euros até 2025, enquanto que usufruirá de uma injeção por parte do Estado
Português de 3 735 milhões de euros até 2024. Também estão patentes neste
plano diversos despedimentos e cortes salariais, o que, a meu ver, são aspetos
bastante importantes para o avanço da empresa. Estas medidas levam-nos a outro
grande problema, sendo este a tensão social e política que se irá estabelecer. Estaremos
perante um caso semelhante ao Novo Banco? Fica esta questão cheia de
incertezas.
Assim, é importante perceber que para a boa resolução da TAP é necessário que ela percorra todo este percurso. No entanto, é de reforçar que o Estado não deve dar prioridade a este assunto em relação às necessidades que o país tem para o combate à pandemia e auxílio às famílias. Uma coisa é certa: ainda iremos ouvir falar durante muito tempo deste caso.
Carlos Marinho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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