terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Mais vale tarde que nunca

Nos últimos tempos, a TAP tem sido tema de discussão, devendo-se tal ao facto de o prazo fornecido pela Comissão Europeia a Portugal para a entrega do plano de restruturação ter findado.

         De facto, a empresa TAP SA. tem um papel bastante importante no nosso país. Para além de ser a nossa companhia aérea de bandeira, tem um grande valor para as nossas exportações e emprega um número elevado de trabalhadores. Todavia, isto não serve de desculpa para se ter aproveitado ao longo dos últimos anos do dinheiro dos nossos contribuintes de uma forma tão exagerada, não mudando a sua postura.

É inadmissível uma empresa que recorreu a diversos empréstimos do Estado estar constantemente a apresentar investimentos de frota, entre outros custos adicionais não prioritários. Assim, acho necessária a intervenção do Estado e essencial um plano de reestruturação com vista a proteger os contribuintes e a empresa, em especial numa altura como esta, onde estamos com elevados custos no combate à pandemia. O principal foco desta restruturação é tornar a empresa sustentável a médio-prazo e capaz de pagar os seus empréstimos o mais rapidamente possível.

         É importante referir que este plano ainda não se encontra completamente definido e pode sofrer diversas alterações agora que foi apresentado em Bruxelas. No entanto, no que até agora foi apresentado, a TAP terá uma perda nas receitas consolidadas de 6,7 mil milhões de euros até 2025, enquanto que usufruirá de uma injeção por parte do Estado Português de 3 735 milhões de euros até 2024. Também estão patentes neste plano diversos despedimentos e cortes salariais, o que, a meu ver, são aspetos bastante importantes para o avanço da empresa. Estas medidas levam-nos a outro grande problema, sendo este a tensão social e política que se irá estabelecer. Estaremos perante um caso semelhante ao Novo Banco? Fica esta questão cheia de incertezas.

         Assim, é importante perceber que para a boa resolução da TAP é necessário que ela percorra todo este percurso. No entanto, é de reforçar que o Estado não deve dar prioridade a este assunto em relação às necessidades que o país tem para o combate à pandemia e auxílio às famílias. Uma coisa é certa: ainda iremos ouvir falar durante muito tempo deste caso.


Carlos Marinho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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