Michael
Porter é um famoso professor na Harvard Business School e autor de diversos
livros relativos a estratégias de competitividade, sendo considerado por muitos
um especialista na área de estratégia empresarial.
Assim,
em 1992, o governo português e algumas empresas privadas decidiram pedir um
parecer a Michael Porter e à Monitor
Company de modo a avaliarem os clusters
portugueses mais competitivos. Esse resultado foi publicado em 1994 no
relatório denominado “The Porter Report (Monitor Company,1994)”. O relatório
concluiu que Portugal tinha seis clusters
com potencial económico para se tornarem competitivos no mercado internacional
– vinho, derivados da madeira, calçado, têxtil, componentes de automóveis e
turismo.
Da
aplicação desta metodologia foram selecionadas políticas horizontais que se
focavam no sistema educativo, financeiro, gestão da floresta, ciência &
tecnologia e capacidade de gestão. Complementarmente, foram identificadas
“task-forces” para os empresários, associações empresariais e para a
administração pública de modo a implementar as recomendações do projeto Porter,
de modo a gerar efeitos dinâmicos na sociedade e na economia portuguesa.
Através
da iniciativa do Diário de Notícias e do Diário Digital, em 2002, realizou-se
uma nova visita de Michael Porter a Portugal. Nessa altura, Portugal
encontrava-se estagnado, a economia real estava esquecida, a produtividade apresentava
dos mais baixos valores da União Europeia e o défice da balança corrente
rondava os 10% do PIB. Oito anos após o relatório, o autor, após denotar que
não houve uma mudança significativa nas diversas vertentes destacadas no seu
relatório, defendeu que não há prosperidade sem produtividade, e que o setor
privado tem que mobilizar-se para um problema que “não é do Governo”, mas sim
do país. Adicionalmente, afirmou que a prioridade dada às condições macroeconómicas
para a entrada no euro deviam passar agora para a área da competitividade, o
“pilar fundamental da prosperidade”. Segundo Porter, a capacidade competitiva
de um país não consiste no que o país produz, mas na sofisticação e
produtividade com que o país faz o que faz.
Com
o passar do tempo, ocorreram mutações das condições do país e da economia,
contudo, a capacidade inovadora do país, de modo a aumentar a produtividade, é
ainda, atualmente, apontado como um caminho prioritário para o futuro de
Portugal.
Analisando
os clusters de vantagem competitiva
de Portugal, atualmente o país é mundialmente conhecido pela produção de
calçado, ocupando o segundo lugar relativamente ao par de calçado mais caro, o
turismo dá contributo em termos de receitas cada vez mais fulcral para a
economia, a balança comercial de vestuário, em 2018, apresentava um valor
positivo de 123,6 milhões de euros, a produção vinícola portuguesa é uma
referência a nível mundial e a produção de componentes automóveis, tendo em
conta a produção da Autoeuropa, em 2018, representou 1,6% do PIB, tendo
registado um aumento de 106% na produção relativamente a 2017.
Assim,
no meu ponto de vista, apesar destes resultados positivos, a grande preocupação
da política económica deve continuar a focar-se na questão da competitividade.
Só tornando o país mais produtivo e competitivo é que poderemos melhorar a
prazo a nossa qualidade de vida e reduzir as desigualdades que o país detém. É
então necessário fomentar a competitividade, flexibilizar o mercado de
trabalho, incentivar a inovação empresarial, o empreendedorismo e o mercado de capitais
para as pequenas e médias empresas.
É
bastante debatida a necessidade de aumentar as exportações, contudo, na minha
opinião, sem competitividade e produtividade comparáveis a nível internacional,
não teremos produtos para vender no mercado internacional.
Isabel Miranda
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Isabel Miranda
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]