No passado dia 4 de
dezembro do corrente ano, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, na
cimeira da Aliança Atlântica em Londres, referiu que a China deve ser
“encorajada” a fazer parte dos acordos de controlo de armamento. “Pela primeira
vez, abordámos a ascensão da China - tanto nos desafios quanto nas
oportunidades que coloca - e nas implicações para a nossa segurança. Os líderes
concordaram que necessitamos de resolver esse assunto juntos, como uma Aliança”,
afirmou Stoltenberg.
A NATO ou, em português,
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma aliança política e
militar constituída por 29 países membros, da Europa e da América do Norte.
Esta organização forma um elo único entre estes dois continentes e existem reuniões
de forma regular para a cooperação nas áreas da segurança e defesa. Através
destes debates e parcerias, esta suporta a prevenção de conflitos dentro e fora
das fronteiras dos países membros.
Nesta cimeira, foram
comemorados os 70 anos do Tratado do Atlântico Norte, que foi assinado em 1949,
em Washington, nos EUA. A partir de 1989, com o fim da Guerra-fria entre os EUA
e a União Soviética, a NATO teve de se adaptar ao novo contexto geopolítico
envolvente. Apesar dos diferentes Estados da NATO percecionarem diferentes
ameaças e inimigos, esta organização foi determinante, por exemplo, na
reunificação alemã, nas guerras na Jugoslávia e na resposta ao 11 de setembro.
No entanto, se as atuais
tendências económicas e políticas se preservarem, a disputa entre os EUA e a
China, as duas maiores potências do mundo, irá continuar, sendo estas as duas
nações com os maiores gastos em defesa do mundo. Deste modo, torna-se, de
facto, fundamental a discussão da relação da China na NATO. Assumindo que
nenhum acontecimento inesperado irá afetar o enorme crescimento económico
chinês, tudo aponta para a possibilidade de uma renovada finalidade estratégica
ou, por outro lado, aumentarem as divisões visíveis nesta organização.
Segundo Bernardo Pires de
Lima, Investigador Associado do Instituto Português de Relações Internacionais
da Universidade Nova de Lisboa, deve ser criado um Conselho NATO-China,
semelhante a outros existentes com nações onde a NATO lida frequentemente. Este
afirma que “seria uma forma de melhorar o conhecimento mútuo, monitorizar
ambições, enquadrar ações, antecipar choques”. Sendo a China uma nação cada vez
mais influente em várias áreas, com consideráveis taxas de crescimento
económico e gigantescos gastos no setor da defesa e armamento, o investigador
adiciona que “se a NATO não criar um fórum permanente de relacionamento ao mais
alto nível com a China vai passar ao lado dos eixos estruturais que já marcam a
geopolítica global”.
Em suma, apesar da breve
nota no discurso de Stoltenberg, considero que este assunto deve ser discutido
o mais rapidamente possível. A China, enquanto super-potência, será um alvo de
grande atenção, não só pelo rápido crescimento económico, mas pelos seus
elevados gastos em defesa, sendo que seria, do meu ponto de vista, bastante
benéfico a realização de acordos que impeçam consequências mais graves, num
contexto de disputa entre esta e os EUA, promovendo um caminho mais seguro e
pacífico.
Miguel Oliveira
Fontes:
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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