Nos
dias que correm, Portugal enfrenta uma crise demográfica visto que cada vez há
mais idosos por indivíduo ativo e um menor número de jovens. Este
envelhecimento populacional provoca grandes mudanças do foro económico como também
a nível político e social. Este aumento significativo de indivíduos na terceira
idade traz consigo problemas no âmbito social relacionados com a exclusão, o
abandono, a discriminação, entre outros.
Num
país onde cerca de 20% da população tem 65 ou mais anos de idade, era de
esperar que houvesse os apoios necessários e uma a mentalidade que os
acompanhasse. No entanto, ainda não é isto que acontece. Portugal encontra-se
no top 5 do relatório realizado pela Organização Mundial de Saúde em relação
aos países com pior tratamento aos idosos e, tal como foi dito pela Dr. Antonieta Dias, “ao
qual não podemos ficar alheios (e é necessário) desempenharmos a nossa função de defesa de direitos humanos, de defesa
dos direitos dos idosos e de defesa da cidadania”.
É no interior que se observa um maior número de idosos, sendo
Viseu o distrito com mais pessoas na terceira idade que se encontram isoladas.
São estes os que carecem de mais apoio, tanto económico como social, e, na
ocorrência de catástrofes, como inundações ou incêndios, são muitas vezes os
primeiros a serem afetados devido à sua vulnerabilidade.
O atual governo português tentou melhorar a situação e adotou
uma clara posição sobre esta temática implementando algumas medidas para
combater as atuais circunstâncias, tais como: o desenvolvimento da Estratégia Nacional
para o Envelhecimento Ativo e Saudável de 2017, até 2025, que tem como principal
objetivo um envelhecimento com as condições de vida necessárias; a criação do
estatuto de cuidador informal, ou seja, uma pessoa que presta assistência sendo
que, na maior parte dos casos, tem algum tipo de laço familiar com o idoso, que
pretende diminuir o encargo económico com os idosos; entre outras medidas. Contudo,
há ainda muito a fazer em relação à exclusão social e aos cuidados de saúde
continuados, por exemplo.
Esta renovação não pode somente acontecer com o nosso governo,
mas também cabe a cada um de nós criar as mudanças que pretendemos ver. De
acordo com a Dra. Inês Santos, 30% a 40% dos idosos em centros de dias e lares
foram aí colocados não por questões de saúde mas sim por se sentirem sozinhos. Apesar
de já não poderem ajudar o país a nível económico e na sua produtividade, não é
por isso que devem ser descartados e ignorados pela sociedade.
Em
suma, é importante entender que a idade traz consigo muito mais do que apenas doenças
e dores nas costas, mas também a experiência e sensibilidade do mundo que
rodeia os indivíduos em causa. Cada pessoa deve ter o cuidado de no dia-a-dia
inserir aqueles que já não ouvem tão bem ou que andam mais devagar porque “a
idade já pesa”, continuando a respeitá-los pelo que são e pelo que já viveram.
Relembro tais atitudes com a esperança de que o mundo mude e se torne mais
gentil com aqueles com quem aprendemos e a que tanto devemos.
Mariana
Carvalho
[artigo de
opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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