Segundo
Ana Cristina Monteiro, endocrinologista pediátrica do Hospital CUF Descobertas,
a obesidade é definida como: “uma doença crónica e complexa, com uma
prevalência crescente em todo o mundo e considerada pela Organização Mundial de
Saúde como a epidemia global do século XXI”.
Através
dos dados da 5ª fase do COSI Portugal (Sistema de Vigilância Nutricional Infantil
do Ministério da Saúde), foi possível registar uma diminuição do excesso de
peso nas crianças de 37,9% para 29,6% de 2008 a 2019.
Por
um lado, é de conhecimento geral que a obesidade é formada pela acumulação
excessiva de gordura, ou seja, a quantidade de calorias que são ingeridas
correspondem a um nível muito mais elevado daquelas que são desgastadas. Por
outro, a causa para este excesso de gordura é explicada muitas vezes pela
composição de uma pessoa, isto é, devido a aspetos metabólicos e genéticos, no
entanto a cultura do país e o próprio ambiente social têm um impacto elevado
neste assunto.
A
verdade é que, infelizmente, com toda a informação existente, continua a haver
um elevado número de crianças portuguesas com excesso de peso. Fatores como o
sedentarismo, aliado a uma dieta hipercalórica, a ausência de um horário de
refeições e a publicidade fast food não ajudam a combater a obesidade,
pois estas condições, combinadas ou até mesmo isoladas, contribuem para o
aumento da mesma.
Na
minha opinião, é importante a prática de atividades físicas. O simples brincar
à bola no parque ou jogos tradicionais, como jogar à mata, macaquinho de chinês,
entre outros, que exigem um esforço físico e que são de grande deleite, já não
são habituais. Hoje em dia, as crianças estão habituadas a fazer desporto na
escola, e por isso veem essa atividade como obrigatória e não de prazer.
Outra questão que é em grande parte responsável pelo excesso
de peso é a alimentação. O consumo de alimentos fast food é algo que é
combatido há muitos anos. Os programas escolares tentam ensinar às crianças
como são os hábitos saudáveis que devemos ter e os seus benefícios, e as
consequências, caso escolham ter um consumo de produtos alternativos. Porém,
estes são os que ganham, pois devido aos corantes e todas as modificações a que
são sujeitos tornam-se mais saborosos e apelativos para os mais novos. Vários
especialistas são a favor de que se deve adotar uma alimentação mais saudável e
não reduzir drasticamente, pois como estão em fase de crescimento, o objetivo é
manter o peso para depois ser adequado à altura que a criança irá ter.
A
quantidade de publicidade de alimentos hipercalóricos que passa na televisão é
elevadíssima, e é compreensível, para mim, que, enquanto criança, esses sejam
os alimentos mais apetecidos. Os legumes e outros alimentos mais nutritivos não
parecem tão saborosos, e a imagem que é transmitida pelos anúncios é que os
chocolates, os hamburgers e as
bolachas são muito mais divertidos para se comer.
Em suma, eu acredito que a nova geração não
tem a alimentação mais adequada, porém estas são apenas vítimas do meio social
envolvente e dos hábitos alimentares que lhes são ensinados. Além disso, estes
não têm culpa por ter nascido num século tão modernizado. Apenas escolhem fazer
o que lhes dá mais satisfação, normalmente, ficar em casa ao invés de ir
brincar para o parque. Para mais, a prática de exercício físico extracurricular
é um serviço que a maior parte das vezes é pago, e muitas famílias não têm
possibilidades financeiras ou não têm flexibilidade no horário para levar e ir
buscá-los, por isso acabam por não fazer nada.
Para
combater a falha da publicidade, esta devia sofrer uma redução ou então devia
ser passada em horários menos visíveis por crianças. Como é óbvio, a
publicidade é uma ajuda ao negócio e é usada com o propósito de influenciar a
mente dos mais pequenos, mas não é o mais correto, pois estes não têm
capacidade para perceber que aquele género de comida só traz problemas de saúde
futuros.
Ana Catarina Dias
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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