quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O consumismo

con·su·mis·mo
(consumo + -ismo)
substantivo masculino
Hábito ou ação de consumir muito, em geral sem necessidade.
Palavras relacionadas: ostentatório, infrene

Com o desenvolvimento dos produtos de curta duração, ou seja, que rapidamente precisam de ser substituídos, despertou-se na sociedade a necessidade de comprar sempre mais, para permutar o que se encontra velho e gasto por algo novo e brilhante. Este tipo de comportamento foi levado ao extremo quando as pessoas começaram a comprar desenfreadamente, sem pensar na utilidade dos produtos e na necessidade pessoal.
O aparecimento da publicidade foi também fomentando o consumo desinibido e compulsivo. O incentivo constante e o apelo à necessidade de certos artigos, com o bombardeamento diário de anúncios sobre o mais recente artigo de cozinha ou o shampoo milagroso que devolve cabelo, tudo isto leva a que as pessoas consumam mais sem pensar se realmente precisam.
Mas não me entendam mal. Não estou a dizer que o consumo não é bom para a economia e o seu desenvolvimento. Contudo, devemos ter em atenção a forma como consumimos e o nosso comportamento perante tal ato.
Se olharmos para o mais recente evento que apoia o consumo infrene, a Black Friday, constatamos que uma porção da sociedade é movida não pela necessidade real de certos bens ou serviços mas pela vontade insustentável de possuir artigos que não serão olhados uma segunda vez e que serão guardados com a justificação que um dia poderão fazer falta. Umas das principais razões que leva a um aumento do consumo neste dia são os vários descontos e promoções que ocorrem em variadas lojas, tanto de luxo como de baixos preços, que manipulam o comprador fazendo-os acreditar que efetivamente estão a obter um bom preço pelos seus artigos, porém não passam de meras utopias. De facto, as promoções não são diferentes dos habituais “saldos” ou “mid-season”, que acontecem ao longo do ano, com o acréscimo de andarmos colados a todas as pessoas dentro da loja como “sardinhas em lata”.
Este tipo de consumo não segue as normas de um consumo sustentável, racional e com o peso social do que a sua compra trará para as gerações futuras e, portanto, não é um modelo por onde nos devemos guiar.
Uma outra palavra associada a todo este cosmos é o consumerismo, que se baseia no ato oposto ao consumismo. Prende-se em valores sociais, vinculado num consumo racional, com atenção a certos pormenores, como, por exemplo, a informação sobre o produto ou uma seleção previamente definida do que irão comprar com vista a tornar o ato de consumir um ato sustentável.
Em suma, é evidente que vivemos numa sociedade em que se mede o sucesso e o valor de uma pessoa pela quantidade de sacos com que sai de um shopping ou pelas marcas que usa, dando mais enfâse ao que se tem do que ao que se é, criando, desta forma, um ambiente baseado na ostentação e na ânsia de ter mais e melhor. Porém, no meu ponto de vista, há certos valores que deveriam falar mais alto. Apelando, assim, à consciência de cada consumidor para que tenha perceção das consequências que cada panela ou par de calças traz, como, por exemplo, a nível ambiental ou a nível dos direitos dos trabalhadores que fabricam estes bens.

Mariana Carvalho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: