con·su·mis·mo
(consumo + -ismo)
(consumo + -ismo)
substantivo masculino
Hábito ou ação de consumir muito, em geral sem necessidade.
Palavras relacionadas: ostentatório, infrene
Com
o desenvolvimento dos produtos de curta duração, ou seja, que rapidamente
precisam de ser substituídos, despertou-se na sociedade a necessidade de
comprar sempre mais, para permutar o que se encontra velho e gasto por algo
novo e brilhante. Este tipo de comportamento foi levado ao extremo quando as
pessoas começaram a comprar desenfreadamente, sem pensar na utilidade dos
produtos e na necessidade pessoal.
O
aparecimento da publicidade foi também fomentando o consumo desinibido e
compulsivo. O incentivo constante e o apelo à necessidade de certos artigos,
com o bombardeamento diário de anúncios sobre o mais recente artigo de cozinha
ou o shampoo milagroso que devolve
cabelo, tudo isto leva a que as pessoas consumam mais sem pensar se realmente
precisam.
Mas
não me entendam mal. Não estou a dizer que o consumo não é bom para a economia
e o seu desenvolvimento. Contudo, devemos ter em atenção a forma como
consumimos e o nosso comportamento perante tal ato.
Se
olharmos para o mais recente evento que apoia o consumo infrene, a Black Friday, constatamos que uma porção
da sociedade é movida não pela necessidade real de certos bens ou serviços mas
pela vontade insustentável de possuir artigos que não serão olhados uma segunda
vez e que serão guardados com a justificação que um dia poderão fazer falta. Umas
das principais razões que leva a um aumento do consumo neste dia são os vários
descontos e promoções que ocorrem em variadas lojas, tanto de luxo como de
baixos preços, que manipulam o comprador fazendo-os acreditar que efetivamente
estão a obter um bom preço pelos seus artigos, porém não passam de meras
utopias. De facto, as promoções não são diferentes dos habituais “saldos” ou
“mid-season”, que acontecem ao longo do ano, com o acréscimo de andarmos colados
a todas as pessoas dentro da loja como “sardinhas em lata”.
Este
tipo de consumo não segue as normas de um consumo sustentável, racional e com o
peso social do que a sua compra trará para as gerações futuras e, portanto, não
é um modelo por onde nos devemos guiar.
Uma
outra palavra associada a todo este cosmos é o consumerismo, que se baseia no
ato oposto ao consumismo. Prende-se em valores sociais, vinculado num consumo
racional, com atenção a certos pormenores, como, por exemplo, a informação
sobre o produto ou uma seleção previamente definida do que irão comprar com
vista a tornar o ato de consumir um ato sustentável.
Em
suma, é evidente que vivemos numa sociedade em que se mede o sucesso e o valor
de uma pessoa pela quantidade de sacos com que sai de um shopping ou pelas marcas que usa, dando mais enfâse ao que se tem
do que ao que se é, criando, desta forma, um ambiente baseado na ostentação e
na ânsia de ter mais e melhor. Porém, no meu ponto de vista, há certos valores
que deveriam falar mais alto. Apelando, assim, à consciência de cada consumidor
para que tenha perceção das consequências que cada panela ou par de calças traz,
como, por exemplo, a nível ambiental ou a nível dos direitos dos trabalhadores
que fabricam estes bens.
Mariana Carvalho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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