O
primeiro impacto perante esta possibilidade pode ser estranho, mas o futuro não
pára de nos surpreender e, portanto, as máquinas de lavar roupa, detergentes e
ferros de engomar poderão ter os dias contados. De facto, a sociedade não se
encontra formatada para pensar na possibilidade de utilizar a mesma camisola
três semanas consecutivas sempre com o cheiro a lavado.
É
com este propósito que Mac Bishop, fundador da start-up que desenvolveu a marca Wool&Prince, lança o conceito
de roupa sem necessidade de lavagens constantes, mantendo-se limpa e perfumada
e sem se amarrotar. O segredo está no tipo de matéria-prima empregue, a lã
merino, já utilizada, em parte, na confeção de roupa desportiva. Esta lã
mostra-se resistente a odores e bactérias e capaz de regular a temperatura
corporal.
Apesar
do longo caminho que tem pela frente, este tipo de vestuário consegue ser
destacável do demais, no sentido em que há uma relação intrínseca com
responsabilidade e sustentabilidade do meio ambiente, que tem sido uma
constante. Deste forma, é possível uma dupla redução envolvendo custos
financeiros e custos ambientais, uma vez que cerca de 17% do consumo de água
que é gasto em casa tem como finalidade a máquina de lavar roupa. Para além
disto, é importante salientar que todo o processo da lavagem da roupa, desde a
separação de cores à arrumação, é cansativo e por alguns considerado chato. É
neste sentido que se destaca a sua conveniência para uma geração desapegada de
bens, que sugere dar mais valor à experiência em detrimento dos objetos
físicos, e que passa parte do tempo a viajar.
Contudo,
o maior entrave à produção de vestuário incorporando a lã merino prende-se com
a necessidade de aplicação de fibras sintéticas que não são recicláveis. Em
contrapartida, a Pangaia consegue resultados 100% recicláveis. Esta empresa,
que surgiu no final do ano passado, comercializa
indumentária à base de fibras de algas, corantes naturais fabricados através de
plantas e frutos e óleo de hortelã-pimenta para garantir o ar fresco acabado de
lavar.
Portugal não passa despercebido a este
conceito, uma vez que a roupa da Pangaia é produzida em fábricas a nível
nacional. Esta empresa apurou que, face ao modelo tradicional de roupa em
algodão, uma t-shirt produzida
segundo estes procedimentos poupa até 3000 litros de água no seu ciclo de vida.
Efetivamente, não estamos preparados para pensar qual seria a poupança total,
em litros de água, de uma diminuição da comercialização de peças em algodão.
Em
adição, a dificuldade desta tendência relativamente à massificação da produção
e à redução de custos constitui, igualmente, um obstáculo. Se, por um lado,
temos a dificuldade da produção em quantidades suficientes para a eventualidade
de, um dia, a procura se tornar elevada, por outro, encontramos os preços ainda
relativamente elevados, o que coloca estes produtos fora do alcance de todos.
Nestas circunstâncias, fica aquém a possibilidade de mudança por parte de toda
a população pela incessibilidade daqueles que apresentam menos possibilidades.
Concluindo,
e realçando a minha opinião, o maior obstáculo está no convencimento do
consumidor para a ideia de não precisar de lavar roupa com tanta frequência
para esta se manter realmente limpa. Finalmente, acho que será um conceito
difícil de se estender a todo o tipo de vestuário e, por isso, as máquinas de
lavar roupa não irão desaparecer na sua totalidade. No entanto, se surgir
oportunidade de provar tal lançamento, encontro-me bastante curiosa. Afinal, está à vista de todos que o processo
de mudança para a sustentabilidade do meio ambiente está cada vez mais
individualizado e depende de pequenas mudanças.
Margarida Pimenta
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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