Atualmente, todos
estamos a par das notícias que constatam os problemas das emissões de CO2 bem
como a (já) proibição de circulação de determinados carros nalgumas cidades
europeias (Lisboa, a título de exemplo). Assim e, com base nos princípios do
Acordo de Paris, existe um investimento cada vez maior em motorizações
alternativas, nomeadamente, a produção de veículos elétricos. A motorização
elétrica é claramente um tema já discutido e ainda por discutir (existem
constantes desenvolvidos neste campo), aparentando ser o principal futuro da
indústria automóvel ou da mobilidade. Contudo, a realidade é que os recentes e
futuros desenvolvimentos são muito complexos, havendo necessariamente muitas
mais opções para além dos veículos elétricos.
Relativamente ao nosso
país, é importante destacar a preponderância que o setor da indústria automóvel
já representou e continua a representar na economia nacional. Esta indústria
Portugal “nasceu” por volta de 1950 (em Portugal), sendo que na década de 1990 aconteceu
um dos principais marcos da história da mesma: em Palmela, implantou-se a Volkswagen
Autoeuropa, oferecendo um desenvolvimento constante (e sustentado!) a Portugal
no que diz respeito a esta indústria. Desde 1990, mais 4 fábricas surgiram,
nomeadamente a PSA - Peugeot-Citroën, a Mitsubishi Fuso Truck, a Toyota Caetano,
e a Caetano Bus. As 5 fábricas que existem no país têm o principal foco nos mercados
externos, sendo suportadas por um completo
ecossistema de fornecimento e apoio.
Através destas 5
fábricas, o ano de 2018 registou um crescimento impressionante que, inclusive,
“serviu” para quebrar alguns recordes, segundo dados da PORDATA. Face a 2017, o
cluster automóvel registou um
crescimento superior a 12%, ou seja, um incremento no volume de negócios de cerca
de 13,7 mil milhões €. Um novo recorde registado foi o número de veículos
produzidos: aproximadamente 295 mil e, destes, 97% foram exportados. Outro recorde
foi na indústria de componentes: alcançou-se uns expressivos 11,5 mil milhões €
em volume de negócios. Estas importâncias indicam que as empresas do setor têm
um peso de 7,1% no PIB e um valor acrescentado bruto de 3,5 mil milhões €.
Em Portugal, as empresas
do setor são muito intensivas em tecnologia, apresentando níveis de
produtividade significativamente elevados. Aliada à produtividade e, com o
intuito de se colocarem no patamar das empresas europeias e serem igualmente
competitivas, existem padrões de grande exigência e rigor. Além disso, cada vez
mais estas empresas enfrentam desafios científicos, tecnológicos e financeiros.
Por um lado, há a necessidade de investimento e de implementar a indústria 4.0
e conseguir cooperar com a falta de recursos humanos. Por outro lado, as
empresas têm que, simultaneamente, responder eficazmente às exigências
ambientais e aos novos conceitos de mobilidade.
O trilho para uma
indústria de sucesso e competitiva é, inquestionavelmente, a inovação. As novas
evoluções impõem a existência de automóveis mais ecológicos, mais autónomos (o que
será possível através dos sistemas de apoio à condução e, possivelmente,
independentes do condutor), mais interligados e, claro, cada vez mais seguros. Para
que os veículos sejam tudo isto e mais, é estritamente necessário haver um
esforço em investimentos no domínio da investigação e desenvolvimento para, numa
primeira fase, testar e, depois, aplicar na produção dos componentes e,
consequentemente, dos veículos.
Com o intuito de apoiar
a indústria automóvel, o Governo Português assinou, recentemente, um Pacto
Setorial para a Competitividade e Internacionalização. Os principais objetivos
deste pacto são o aumento do nível competitivo e a disposição de melhores
condições com vista à atração de mais investimentos estrangeiros (investimentos
esses que também serão alavancados pela nossa posição no ranking da produtividade europeia – como tal, também um dos
objetivos é promover o crescimento nesse ranking). De forma geral, são
enumerados seis princípios cruciais que se dividem por medidas, como o apoio a
financiamentos para a indústria 4.0, a capacitação de recursos humanos (através
de estágios e formação especializada) e a negociação de legislação que define
os estatutos e a autorização de circulação de veículos com motorizações
alternativas.
Assim, este documento inicia
a colaboração entre o Governo e o cluster automóvel, onde são assumidos compromissos essenciais por ambas
as partes, com vista ao reforço do contínuo contributo da indústria automóvel e
da mobilidade para a economia portuguesa. É plausível então presumir que este
pacto é um passo (de muitos ainda) em frente no futuro destas indústrias.
Tomás
Ferreira Pinto
[artigo de
opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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