As
previsões para a dimensão da população relativamente a 2050 são de 10 mil
milhões de habitantes. Torna-se, por isso, cada vez mais complexo o processo de
produção e cultivo de alimentos, de forma a conseguir alimentar esta crescente
população mundial, agravando-se com a rapidez com que gastamos os recursos
naturais e na medida em que os impedimos de se reporem devidamente. É, agora,
fundamental para a ciência criar mecanismos de produção para facilitar este
processo, através do investimento nas tecnologias e nas engenharias biológicas
e genéticas. Neste contexto, surgiram os organismos geneticamente modificados
(OGM’s), também conhecidos como transgénicos.
Os
OGM´s podem ser definidos como seres vivos (animais ou plantas), cujo material
genético foi modificado através de um meio que não se processa naturalmente,
isto é, com a intervenção do Homem e de forma a agregar caraterísticas à
espécie que esta não possui.
Não
é possível comparar os produtos com OGM´s com biológicos, refiro-me a alimentos que são
produzidos de forma a promover o ciclo natural dos recursos e que, não usando
pesticidas e fertilizantes, conservam a biodiversidade destes. Se, por um lado,
a evolução tecnológica das empresas permite garantir o seu crescimento comercial,
por outro lado, foram criadas dúvidas relativamente à questão dos potenciais
danos que os OGM´s podem causar, tanto ao meio ambiente, como ao Homem. Nesta
perspetiva, os consumidores foram tomando conhecimento dos malefícios destes
alimentos e têm uma maior noção dos efeitos colaterais negativos que esta nova
tecnologia pode trazer. Assim sendo, é fundamental que a produção destes seja
acompanhada por instrumentos que assegurem uma avaliação regrada dos riscos
envolvidos.
Os
consumidores procuram, cada vez mais, produtos alimentares de origem biológica,
o que tem provocado um crescimento desta forma de agricultura na Europa. Foi
através de dados divulgados pelo Eurostat que se concluiu que apenas 12,6
milhões de hectares, ou seja, 7% da área total de agricultura na União Europeia,
eram empregues à produção biológica (dados referentes a 2017). No entanto,
estes valores correspondem a um aumento de 25% desde 2012. Como em tudo, há
países que superam este valor médio, como é o caso da Áustria (23,4%), Estónia
e Suécia, e países com valores bastante baixos, sendo estes Malta (0,4%), a
Irlanda e a Roménia. Já Portugal apresenta o mesmo valor que a média europeia:
7%. Apesar de se situar numa posição inferior à Espanha e Dinamarca, supera
países como a Alemanha e a Bélgica. Podemos concluir com estes dados que
Portugal se encontra numa boa posição, todavia, a agricultura é um dos setores
económicos mais importantes do nosso país e, à vista disso, devíamos investir mais
no ramo da produção biológica de alimentos.
No
gráfico apresentado a seguir podemos observar as áreas globais de cultivo de
OGM´s, a nível mundial, por cultura:
Fonte: ISAAA, 2018
(https://rea.apambiente.pt/content/organismos-geneticamente-modificados)
É possível, assim, concluir que a cultura que
exibe uma maior área de cultivo é a soja e, seguidamente, o milho. Constatamos
também que estes valores têm vindo a aumentar e que em 2017 área
total mundial com culturas geneticamente modificadas era de 189,8 milhões de
hectares.
Na minha opinião, há que encontrar um
equilíbrio entre sustentabilidade económica e ambiental. Claramente, é
impossível alimentarmos a população mundial baseando-nos na produção biológica
de alimentos, porém, cabe aos produtores tentar ao máximo usar menos
fertilizantes e produtos que, apesar de acelerarem a produção, possam trazer
consequências para a saúde. Tal como as novas tecnologias permitem ao Homem
desenvolver formas de produzir estes alimentos, deveria haver também
investigação no ramo de como fazê-lo de forma mais sustentável e com menos
malefícios para o ambiente. Esta questão permite ao Homem resolver o problema
que há entre comida disponível hoje e a necessária até 2050, sem pôr em causa
os terrenos agrícolas e reduzindo as emissões de gases com efeitos de estufa.
Telma Torres
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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