quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Organismos geneticamente modificados: uma solução para o crescimento populacional?

As previsões para a dimensão da população relativamente a 2050 são de 10 mil milhões de habitantes. Torna-se, por isso, cada vez mais complexo o processo de produção e cultivo de alimentos, de forma a conseguir alimentar esta crescente população mundial, agravando-se com a rapidez com que gastamos os recursos naturais e na medida em que os impedimos de se reporem devidamente. É, agora, fundamental para a ciência criar mecanismos de produção para facilitar este processo, através do investimento nas tecnologias e nas engenharias biológicas e genéticas. Neste contexto, surgiram os organismos geneticamente modificados (OGM’s), também conhecidos como transgénicos.
Os OGM´s podem ser definidos como seres vivos (animais ou plantas), cujo material genético foi modificado através de um meio que não se processa naturalmente, isto é, com a intervenção do Homem e de forma a agregar caraterísticas à espécie que esta não possui.
Não é possível comparar os produtos com OGM´s  com biológicos, refiro-me a alimentos que são produzidos de forma a promover o ciclo natural dos recursos e que, não usando pesticidas e fertilizantes, conservam a biodiversidade destes. Se, por um lado, a evolução tecnológica das empresas permite garantir o seu crescimento comercial, por outro lado, foram criadas dúvidas relativamente à questão dos potenciais danos que os OGM´s podem causar, tanto ao meio ambiente, como ao Homem. Nesta perspetiva, os consumidores foram tomando conhecimento dos malefícios destes alimentos e têm uma maior noção dos efeitos colaterais negativos que esta nova tecnologia pode trazer. Assim sendo, é fundamental que a produção destes seja acompanhada por instrumentos que assegurem uma avaliação regrada dos riscos envolvidos.
Os consumidores procuram, cada vez mais, produtos alimentares de origem biológica, o que tem provocado um crescimento desta forma de agricultura na Europa. Foi através de dados divulgados pelo Eurostat que se concluiu que apenas 12,6 milhões de hectares, ou seja, 7% da área total de agricultura na União Europeia, eram empregues à produção biológica (dados referentes a 2017). No entanto, estes valores correspondem a um aumento de 25% desde 2012. Como em tudo, há países que superam este valor médio, como é o caso da Áustria (23,4%), Estónia e Suécia, e países com valores bastante baixos, sendo estes Malta (0,4%), a Irlanda e a Roménia. Já Portugal apresenta o mesmo valor que a média europeia: 7%. Apesar de se situar numa posição inferior à Espanha e Dinamarca, supera países como a Alemanha e a Bélgica. Podemos concluir com estes dados que Portugal se encontra numa boa posição, todavia, a agricultura é um dos setores económicos mais importantes do nosso país e, à vista disso, devíamos investir mais no ramo da produção biológica de alimentos.
No gráfico apresentado a seguir podemos observar as áreas globais de cultivo de OGM´s, a nível mundial, por cultura:


Fonte: ISAAA, 2018 (https://rea.apambiente.pt/content/organismos-geneticamente-modificados)

É possível, assim, concluir que a cultura que exibe uma maior área de cultivo é a soja e, seguidamente, o milho. Constatamos também que estes valores têm vindo a aumentar e que em 2017 área total mundial com culturas geneticamente modificadas era de 189,8 milhões de hectares.
         Na minha opinião, há que encontrar um equilíbrio entre sustentabilidade económica e ambiental. Claramente, é impossível alimentarmos a população mundial baseando-nos na produção biológica de alimentos, porém, cabe aos produtores tentar ao máximo usar menos fertilizantes e produtos que, apesar de acelerarem a produção, possam trazer consequências para a saúde. Tal como as novas tecnologias permitem ao Homem desenvolver formas de produzir estes alimentos, deveria haver também investigação no ramo de como fazê-lo de forma mais sustentável e com menos malefícios para o ambiente. Esta questão permite ao Homem resolver o problema que há entre comida disponível hoje e a necessária até 2050, sem pôr em causa os terrenos agrícolas e reduzindo as emissões de gases com efeitos de estufa.

Telma Torres

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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